Carta de Clara Schwarz enviada ao Presidente da Câmara Municipal de Belmonte sobre o Museu Judaico

Ao Presidente da Câmara Municipal de Belmonte

Senhor Amândio Manuel Ferreira de Melo ,

É com profunda tristeza que este email lhe é dirigido. Com efeito recentemente foi inaugurado em Belmonte um Museu consagrado à presença judaica em Portugal.

Este Museu deveria ter recebido o apoio incondicional de todos, tão notáveis são as colecções que ai estão expostas. Somente esse apoio não existe, dado que a obra do Eng. Samuel Schwarz foi simplesmente ocultada (a excepção de uma lapide cuja tradução esta assinalada como sendo de S. Schwarz).

Entre os especialistas desta questão é reconhecido que S. Schwarz está na origem da descoberta dos cristãos novos de Belmonte. Graças à sua enorme sabedoria ele revelou os ritos e costumes destes cristãos novos, em numerosos livros dos quais o principal, publicado em 1925, "Os cristãos novos em Portugal no Século XX" , livros esses que são uma referência incontestável tanto para historiadores portugueses como estrangeiros.

Depois de ter adquirido a Sinagoga de Tomar, ele restaurou-a e doou-a ao Estado Português que também adquiriu a sua enorme biblioteca luso-hebraica.

Este esquecimento é uma injustiça sem limites ao homem que foi S. Schwarz, de certa maneira uma segunda morte e também uma negação à verdade histórica.

O Museu Judaico de Belmonte não pode existir perante esta dupla ofensa e deve oferecer à obra de S. Schwarz o lugar eminente que lhe é devido. Lembro-lhe a sua declaração no dia da inauguração "este museu foi criado devido à urgente necessidade de prestar uma real homenagem ao povo Judeu e de dar visibilidade à Comunidade Judaica de Belmonte, além de honrar a História". Compete-lhe a si repor a realidade e honrar a história.

Clara Schwarz

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