Departamento Religião - Textos

Tisha BeAv o 9 do Av (mes judaico) é um dia de jejum e luto do povo judeu , comemora dois dos mais trágicos eventos da História Judaica, a destruição feita pelos babilónicos no ano 586 a.e.c. do Primeiro Templo de Jerusalém (o geralmente conhecido pelo Templo de Salomão) , e a destruição do Segundo Templo, no ano 70 da nossa era, pelos Romanos.

Outros terríveis acontecimentos ocorreram na História Judaica, os quais também tiveram lugar em Tisha BeAv, incluindo o édito do rei Eduardo I, que forçava os judeus a deixar a Inglaterra em 1290, e o Decreto de Alhambra ou também conhecido como o Édito de Expulsão dos Judeus de Espanha, pelos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, em 1492

Quais são os motivos do luto em 9 de Av ?  Tish'a BeAv é o nosso dia de luto nacional. Exibimos a nossa tristeza. 1) Ao prepararmo-nos emocionalmente ao luto com 21 dias de antecedência. 2) Comportando-nos em Tish'a BeAv como se estivéssemos de luto por ente querido ou parente próximo. 3) Ao reflectir sobre o nosso papel e responsabilidade nos trágicos acontecimentos de Tish'a BeAv. 4) Ao tentar alterar os nossos caminhos e comportamento religioso através da teshuvá. Neste dia, cinco tragédias ocorreram ao povo de Israel.

1. O Pecado dos Espiões: Os judeus no deserto aceitaram o relatório insultuoso dos 10 espiões, e choraram a noite inteira reclamando a Deus que os tirou do Egipto, e insinuando que Ele não será capaz de levá-los para a Terra de Israel (1312 aEC). Toda a geração que deixou o Egipto foi condenada a morrer no deserto. Àquela noite conforme a tradição foi Tish'a BeAv.

2. A Destruição do Primeiro Templo: O Primeiro Templo foi destruído pelos babilónios, liderados por Nabucodonosor. Milhões de judeus foram massacrados ou exilados para o império babilónico (586 aEC).
3. A Destruição do Segundo Templo: O Segundo Templo foi destruído pelos romanos, liderados por Tito. Perto de dois milhões de judeus foram mortos e um milhão de judeus foram exilados (68 dEC).
4. Foi presa a cidade de Betar: A revolta de Bar Kochba foi esmagada pelo imperador romano Adriano. A cidade de Betar – a última posição dos judeus contra os romanos - foi capturada e liquidada. Mais de 100.000 judeus foram massacrados (135 dEC).
5. O Hechal foi arado: Na mesma época, no dia 9 de Av, a área mais sagrada do Templo e seus arredores foi arada pelo general romano Turnus Rufus. Jerusalém foi transformada numa cidade pagã, e renomeada Aelia Capitolina. O acesso para os judeus foi proibido.

 

Além de jejum, cujos detalhes vou explicar separadamente, existem duas categorias de "actividades" que são proibidas em Tish'a BeAv 1. Actividades relacionadas com o "prazer" e 2. Actividades relacionadas à alegria ou que possam distrair-nos do clima de luto. Nos abstemos delas para expressar ou desperar um estado emocional de tristeza.
A primeira categoria inclui as seguintes acções:

Banhar-se: O mesmo que Yom Kippur, tomar um banho, ou duche ou lavar-se por prazer, relaxar-se, ou conforto é proibido em Tish'a BeAv. No entanto, se uma parte do corpo está suja, pode-se lavá-la. Lavar a boca não é permitido em Tish'a BeAv. Muitos rabinos autorizam a usar lenços humedecidos para limpar a cara, as mãos, etc, porque não é considerado banhar-se. Podemos lavar as mãos para Netilat Yadaim de manhã, porque é para Mitzva e não por prazer. O costume, porém, é despejar a água apenas nos dedos.
 
Sicá: Usar perfumes ou cremes para o prazer ou o conforto não é permitido. Cremes médicos são permitidos. Usar desodorizante é permitido.
 
Neilát Sandal: os sapatos de couro são considerados um item de luxo por isso durante Tish'a BeAv não podemos usá-los. Outros artigos de couro, como um cinto são permitidos.
 
Tashmish Mitá: As relações conjugais são suspensas em Tish'a BeAv como se fosse tempo Niddah (período da menstruação e semana seguinte). Se a noite do Mikveh da mulher, calhar na véspera de Tisha BeAv (segunda-feira 08 de agosto) a Tevilá tem que ser adiada para a noite seguinte.

 

Há algumas outras actividades que são proibidas em Tish'a BeAv, seja porque envolvem alguma expressão de felicidade, prazer, alegria, ou porque nos distraem de atingir o clima de tristeza e luto que é apropriado para o dia mais triste do calendário judaico.

É por isso que em Tish'a BeAv não é recomendado trabalhar. O trabalho irá desviar as nossas mentes da sensação de dor. Abster-se de trabalhar em Tisha BeAv, no entanto, não é uma proibição formal, mas sim opcional, dependendo em última instância, de se for uma tradição da família, e da situação financeira e profissional.

Estudo de Torá: Em Tish'a BeAv não estudamos Torah, pois estudar Torá é considerada uma actividade que da prazer. Nós é permitido só ler e estudar livros ou textos com teor "triste", como o livro de Jó ou Ekha, Josefus Flavius, etc

Tefilin: É costume não usar Tefilin de manhã. Os Tefilin são um sinal de "honra", uma coroa nas nossas cabeças que declara que somos o povo de Deus. Na nossa sinagoga usamos Talit e Tefilin em Minchá. Em Israel, o Minhag Sefradita de Jerusalém é usar Talit e Tefilin inclusive em Shacharit, rezar toda a oração, tirar Talit e Tefilin e logo sentar no chão a dizer as Kinot e o livro de Ekhá. .

Cumprimentas: Não cumprimentamos uns aos outros, conforme o costume, porque o nosso humor está num estado de espírito de luto.

Sentar-se no chão: Neste dia é costume que durante a leitura de Meguilat Ekha as pessoas não se sentam nos bancos da sinagoga, mas no chão, enquanto as luzes se apagam, também como uma indicação de luto.

Nosso sábios garantiram-nos que aqueles que choraram a destruição de Yerushalaim terão o mérito de se alegrar com a reconstrução dela, B’H em breve, em nossos dias!

 

Malka di Martino

Rabino Eliezer Shai di Martino

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17 de Tamuz

 

          Na tradição judaica, o 17º dia do mês judaico de Tamuz é um dia de jejum que recorda o fim do cerco à Jerusalém

          e a entrada pelas muralhas da cidade por Nabucodonosor (586 aEC) e por Tito (em 70 EC). Cabe recordar que estas

          invasões pelos muros da Cidade Santa se deram depois de meses de cerco, nos quais os residentes da cidade

         sofreram extremas dificuldades, como doenças e fome.

         Além disso, a Mishná relata outras tragédias que ocorreram neste dia ao longo da história:

 

Nesta data começam as três semanas de luto pela destruição de Jerusalém e o exílio do povo judeu.

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·   Quebra dos 10 Mandamentos - Depois do Matan Torá, a entrega da Torá, Moshé voltou para o Monte Sinai por quarenta dias para aprender

os princípios gerais e os detalhes da Lei, e receber os 10 Mandamentos. Mas, o Povo de Israel errou nos cálculos que Moshé deveria demorar, e,

no 39º dia de sua ausência (17 de Tamuz), temendo que ele não voltasse, construíram um ídolo, o bezerro de ouro. Quando Moshé viu que a

nação judaica, que acabava de selar um acordo com D'us, construíra um ídolo, foi possuído por raiva e jogou as tábuas com os 10 Mandamentos

no chão, quebrando-as em pedaços.

 

·    Fim das Oferendas Diárias no 1º Templo – Nos dias da destruição do Primeiro Templo, as paredes de Jerusalém foi invadido no dia 9 de Tamuz.

Apesar de os inimigos entrarem na cidade e espalharem desolação, não conseguiram entrar no Santuário, uma vez que os Cohanim se haviam

fortificado e continuavam a fazer as oferendas diárias. No 13º dia de Tamuz, os Cohanim não tinham mais ovelhas para a oferenda diária, então

subornaram os soldados que os cercavam com outro e prata em troca de ovelhas. No dia 17 de Tamuz, os soldados pararam de enviar as ovelhas e

pela primeira vez as oferendas diárias foram interrompidas.

 

·  Queima do Livro da Torá - No dia 17 de Tamuz, alguns anos após a destruição do Segundo Templo, durante o período do Procurador Romano

Cumenus, havia uma grande tensão entre romanos e judeus. Flávius Josephus relata a queima do Rolo da Torá por Comenus e suas forças: "Na estrada

real, perto de Beit Horon, ladrões compunham o cortejo de Stephanus, oficial do Império. Comenus enviou suas forças armadas para as cidades

próximas e ordenou a prisão de seus habitantes, que eram então trazidos perante ele. Era seu destino que eles não haviam sido bem sucedidos em

perseguir e capturar ladrões. Um dos soldados tirou o Rolo da Torá de uma das aldeias, rasgou-o e jogou-o no fogo... De todos os lados os judeus

se reuniam tremendo, como se toda sua terra estivesse ardendo em fogo”.

 

·   Um ídolo é colocado no Templo – Acredita-se que Apóstomos, oficial Romano, colocou um ídolo no Segundo Tempo, também no dia 17

de Tamuz.

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ASSARÁ BE TEVET   

O jejum do 10 de Tevet – Dia do Kadish geral

Quero com esta poucas palavras informar, não sobre o sentido clássico desta data do calendário judaico, mas sobre um outro sentido que lhe foi acrescentado no passado século.

Como sabemos o dia 10 do mês de Tevet é um dos jejuns menores, no qual recordamos o cerco feito à Jerusalém pelos Babilónios, que teve como consequência a destruição do Templo e o exílio dos Israelitas.

Com o holocausto Nazi, surgiram muitas situações nas quais várias famílias não sabiam e não podiam identificar a data de falecimento de seus queridos familiares assassinados durante a guerra. Com o nascimento do Estado de Israel e o estabelecimento dum corpo rabínico estruturado, HaRabanut HaRashit LeIsrael, o Rabinato Central Israelita, os rabinos consideraram a necessidade de estabelecer um dia para recordar os falecidos cuja data e circunstâncias de falecimento eram desconhecidas, sem necessariamente acrescentar um outro dia no calendário judaico, coisa de difícil cumprimento do ponto de vista da Halachá, a lei judaica.

Escolheram assim um dia já existente no calendário, um dia de luto, no qual todos os familiares dessas pessoas, pudessem cumprir os costumes de NaHalá, ou Yortzeit, ou Hazcará (diferentes nomes conformes a diferentes folclores judaicos, que se usam para indicar o aniversário de falecimento duma pessoa). Este dia foi o 10 de Tevet, ao qual foi acrescentado o nome de Iom HaKadish HaClalí, o dia do Kadish geral, com referência à clássica oração que é pronunciada por enlutados –  o Kadish.

É certo que existe uma data que é o Iom HaShoá, o dia de recordação da Shoá, mas esta sempre teve um conotação puramente cívica e não necessariamente religiosa. Portanto, assim falando, podemos dizer que o "Dia Religioso da Shoá " se tornou desde então o 10 de Tevet.

Mas este dia, o 10 de Tevet, não foi "fechado" só para os familiares dos assassinados durante a Shoá, mas sim um dia estabelecido para todas aquelas pessoas que queriam celebrar o aniversário de falecimento e dizer o Kadish, mas que entretanto não sabiam quando era este dia! Então para nós aqui em Portugal, pode ser uma ocasião para recordar as vítimas duma terrível desgraça acontecida no nosso país, a Inquisição.

Espero que estas poucas palavras tinham sido importantes para conhecer algo que em muitas comunidades da diáspora judaica é pouco conhecido e que nos futuros 10 de Tevet possamos também celebrar e recordar as vítimas da Shoa e da Inquisição.

Kol Tuv

Rabino Eliezer Shai di Martino

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