Tishá Be'Av

Tishá Be’Av – um momento de reflexão sobre nossos actos em relação ao próximo

A história de Tishá Be’Av teve início 18 meses após o êxodo do Egipto. O quarto livro da Torá relata que imediatamente antes de o povo judeu entrar e conquistar a Terra Prometida, Moisés enviou doze espiões para examiná-la. Os espiões viajaram durante quarenta dias e, ao voltar, disseram ao povo que os habitantes da Terra eram muito fortes e que os judeus tinham poucas chances de vencê-los. Tal relato enfraqueceu a fé do povo judeu, que questionou a capacidade de D’us de levá-los à vitória. Como nos conta a Torá, "Naquela noite, o povo chorou" (Números 14:1).

D’us puniu seu povo por essa falta de fé, decretando que iriam errar pelo deserto durante quarenta anos até morrer. Somente a seus filhos caberia entrar na Terra Prometida. Mas o castigo não se resumiu a isso. Para as lágrimas que o povo derramara em vão, D’us emitiu outro decreto: "Esta noite choraram em vão; Eu proclamarei este dia como um dia de luto para todas as gerações vindouras". O Talmud (Taanit 29-a) nos conta que D’us selou esse decreto no nono dia do mês de Av, ou seja, Tishá  Be’Av.

Quarenta anos transcorreram e o povo judeu adentrou e conquistou a Terra Prometida. No ano de 950 antes da era comum, o Rei Salomão iniciou a construção do Beit Hamikdash – o Templo Sagrado, em Jerusalém. Este passou a ser o ponto central de toda a vida judaica. Era a casa de D’us – o lugar no planeta em que mais se revelaria a Presença Divina e onde as orações certamente subiam aos céus.

O Templo Sagrado permaneceu de pé durante 410 anos. O decreto de Tishá b’Av, adormecido durante 725 anos, parecia esquecido. Então, no ano de 422 antes da era comum, os exércitos de Nabucodonozor, rei da Babilónia, invadiram e conquistaram a pátria judaica,  destruindo o Templo Sagrado. E era o dia de
Text Box: A destruição de Jerusalém pelos romanos comandados por Tito, David Roberts, 1850
Tishá be’Av.

 

 

O povo judeu foi para o exílio. Mas, setenta anos mais tarde, pode voltar à Terra Santa e reconstruir o Templo. Porém, mesmo então, os judeus não eram um povo livre. Foram governados pelos persas durante 34 anos, sofrendo a seguir o jugo cruel dos gregos durante 180 anos, até que finalmente se viram sob o domínio do Império Romano. Acabaram insurgindo-se contra Roma, sem grandes resultados. No ano de 70 da era comum, os exércitos romanos, chefiados por Tito, destruíram o Segundo Templo. E esta segunda destruição também ocorreu em Tishá be’Av.

Quase cinquenta anos depois, Adriano foi declarado Imperador de Roma. O novo governante emitiu decretos que proibiam ao povo judeu guardar até mesmo os mandamentos divinos que o tornavam um povo singular. Para  o judaísmo, a nação uma vez mais se insurgiu contra Roma. Comandados por Shimon Bar Kochba – líder judeu de grande força pessoal e militar – os judeus conseguiram expulsar os exércitos romanos para fora da Terra de Israel. Bar Kochba e suas tropas libertaram Jerusalém e, assim, os judeus puderam desfrutar de dois anos e meio de soberania em sua terra. Mas, no ano de 128-129 da era comum, Roma preparou um contra-ataque, recapturando Jerusalém. Bar Kochba e suas tropas recuaram para Betar, onde a luta continuou por mais três anos e meio. Finalmente, em Tisha be’Av de 133, Betar foi varrida e conquistada pelos romanos. Os relatos históricos registram que cerca de meio milhão de judeus pereceram em mãos dos romanos.
A seguir, o Império Romano tenta fazer desaparecer o judaísmo. Manda executar os sábios da Torá e seus alunos.

 

A única estrutura do Beit Hamikdash que não pode ser destruída pelos romanos foi o Kotel  Hamaaravi– o Muro Ocidental do Templo – que permanece de pé até hoje e é o local mais santificado para o povo judeu. Por que razão os romanos não conseguiram destruir o Muro Ocidental? O Zohar (Shemot 5b) afirma que, contrariamente ao que ocorreu nas outras partes do Templo, a Presença Divina nunca deixou o Muro. Por este motivo, até hoje, ao orar, os judeus voltam o corpo na direcção do Kotel, em Jerusalém.

 

Tishá be’Av suscita várias questões difíceis, sendo a mais óbvia a da justiça nos exílios, o sofrimento e o assassinato em massa do povo judeu. O Talmud (Yoma 9b) nos ensina que o Primeiro Templo foi destruído porque os judeus praticavam a idolatria, a imoralidade sexual e o assassinato. Ensina-nos, também, que os judeus fizeram pouco de D’us e da Torá, não dizendo uma berachá antes de estudá-la (Nedarim 81-a).

 

No entanto, durante a época do Segundo Templo, o povo judeu cumpria os mandamentos da Torá e praticava actos de bondade. Por que, então, foi destruído o Templo e os judeus exilados de suas terra?

Mas não foi pela superioridade militar dos romanos que fez com que o povo judeu fosse vencido. Pelo contrário, o Templo Sagrado foi destruído e os judeus exilados da Terra de Israel em virtude de terem praticado entre si próprios o ódio gratuito sinat chinam (Tratado Yomá, 9b). O Talmud  diz que os judeus    falavam mal uns dos outros (lashon hará). O Talmud nos ensina que esses pecados são equivalentes – se não piores – do que a idolatria, imoralidade sexual e assassinato (Yoma 9b).

Uma prova disto é o fato de que a reconstrução do Primeiro Templo ocorreu setenta anos após sua destruição e hoje, quase dois mil anos após a segunda destruição, o mesmo ainda não foi reconstruído.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Será que o fantasma do ódio injustificado (sinat chinam) ainda é forte e presente entre nós Judeus e por isso ainda não fomos merecedores da tão esperada Redenção Divína?

 

 No tratado Gittin, o Talmud narra uma história que simboliza o ódio existente entre os judeus da época e que levou à destruição de Jerusalém e do seu Segundo Templo.

A história de Kamtza e Bar Kamtza

Um homem tinha um amigo chamado Kamtza e um inimigo de nome Bar Kamtza. Certa vez, organizou um banquete e pediu a seu ajudante que encontrasse Kamtza e o convidasse para o banquete. Mas o ajudante trouxe, por engano, Bar Kamtza. Quando o anfitrião chegou e viu o inimigo lá sentado, enfureceu-se, gritando: Você é meu inimigo, o que está fazendo aqui? Levante-se e vá embora!. Bar Kamtza, que se sentiu humilhado com a possibilidade de ser expulso na presença de outros, implorou para ficar. Já que estou aqui deixe-me ficar, e pagarei por tudo que eu consumir, bebidas e comidas. O anfitrião não concordou. Bar Kamtza disse então: Deixe-me ficar e pagarei a metade de seu banquete. Novamente, o anfitrião negou o pedido. Bar Kamtza tentou uma última cartada: Pagarei pelo banquete inteiro. Mas o anfitrião nem se comoveu. Na frente de todos os convidados, pegou Bar Kamtza pela mão, expulsando-o do recinto.

Bar Kamtza saiu, constrangido e com muita raiva – não apenas do anfitrião. Como os rabinos estavam no banquete e não repreenderam o anfitrião pela forma como lhe tratou, ficou evidente que aceitaram o que ele fez - raciocinou. Por isso, tramou sua vingança. Decidiu difamar os rabinos perante o imperador romano. Foi até César e disse: Os judeus se rebelaram contra Vossa Majestade! Quando César pediu algumas provas, ele fez a seguinte sugestão: Mande-lhes um animal para ser sacrificado e veja se o oferecem no Templo! César, então, enviou um bezerro perfeito com Bar Kamtza. Quando este se dirigia a Jerusalém, fez uma marca no bezerro tornando-o impróprio para o sacrifício no Templo. Interessados em manter a paz com o governo de Roma, os rabinos aceitaram a oferta do sacrifício, apesar da imperfeição. Todavia, Rabi Zechariah ben Avkulus opôs-se ao ato: Dirão que animais impróprios podem ser oferecidos no altar do Templo! Os rabinos, então, pensaram em matar Bar Kamtza para que ele não fosse até César delatar que sua oferenda havia sido recusada. Mas Rabi Zechariah disse: Dirão que aquele que macula animais é morto!

O bezerro marcado não foi ofertado nem tampouco Bar Kamtza foi impedido de ir ao encontro do imperador. Os romanos consideraram tal atitude um ato de revolta e César enviou o general romano Vespasiano contra os judeus. Enquanto estavam fora de Jerusalém, as tropas romanas se prepararam para sitiar a cidade, mas na cidade os judeus travavam uma guerra civil suicida. Os líderes judeus mais moderados, à frente do governo no início da revolta, foram mortos por seus compatriotas. Na expectativa de um cerco romano, os judeus de Jerusalém haviam estocado uma grande quantidade de alimentos, que poderia sustentar a cidade sitiada por muitos anos. Mas uma das facções dos zelotas ateou fogo nos mantimentos e suprimentos. Esses zelotas tinham esperança de que destruindo os víveres, os judeus não conseguiriam resistir ao cerco e se sublevariam contra os romanos. Mas a fome que resultou da destruição dos alimentos causou um tremendo sofrimento e morte entre os judeus.

No ano 70 de nossa era, os romanos finalmente romperam as muralhas de Jerusalém. Em Tisha Be’Av daquele ano, o Segundo Templo Sagrado foi destruído. Calcula-se que mais de um milhão de judeus morreram na Grande Revolta contra Roma. O povo judeu foi exilado de sua terra natal, e assim começou a Diáspora, que dura até os dias de hoje.  É por isso que esse dia passou a ser um
 dia de jejum público (semelhante ao de Iom Kipur) e luto pela destruição dos dois Templos de Jerusalém. O primeiro foi destruído por Nabucodonosor em 586 a.e.c., e o segundo por Tito, em 70 e.c. Ambos foram destruídos no mesmo dia.

 

 A história de Kamtza e Bar Kamtza é simbólica desse ódio infundado e de como as pessoas respeitavam “a letra” a Lei, mas desonravam seu “espírito”. A lei judaica permite violar até mesmo uma proibição da Torá por meio da oferenda de um animal maculado no Templo em prol da manutenção de boas relações com um governo não-judaico, evitando, dessa forma, o risco de perder vidas. Todas as proibições, com excepção da idolatria, assassinato e actos imorais como adultério e incesto, são permitidos quando o objectivo é o de salvar vidas. O Talmud também ensina que a tolerância e a compaixão quando mal orientadas, como no caso demonstrado pelo Rabi Zechariah ben Avkulus, levaram à destruição do Templo. Qualquer pessoa que esteja, de forma justificada, incitando o governo contra seus irmãos judeus, pode ser condenada à morte. Por outro lado, o sábio que não permitiu o sacrifício de um animal maculado no Templo também recusou sentenciar Bar Kamtza à morte, apesar de sua trama diabólica.

Há muitas lições a serem tiradas do incidente entre Kamtza e Bar Kamtza e da guerra civil insensata que resultou na Diáspora de quase 2.000 anos. Mas, acima de tudo, há a lição do Talmud na conclusão dessa trágica história: Rabi Elazar disse: ‘Venham ver como é grande o poder da vergonha! Pois o Todo-Poderoso, Bendito Seja, permitiu que Bar Kamtza se vingasse da vergonha pela qual passou e Ele destruiu Seu Templo’” (Gittin 57a).

 

Um midrash lança mão da linguagem figurativa para relatar o seguinte conto e a lição óbvia a ser tirada: na noite de Tisha B’Av (a data que marca a destruição dos dois Templos Sagrados), a alma de nosso patriarca Avraham adentrou o “Santíssimo” – o lugar mais sagrado do Templo em que apenas o Sumo Sacerdote, o Cohen Gadol, podia entrar em Yom Kipur. O Todo-Poderoso, Bendito Seja, segurou a mão de Avraham e o fez caminhar com Ele. D´s perguntou, O que te traz, filho amado, à Minha Casa?” (Jeremias 11:15). Avraham respondeu: Meu D´us, onde estão meus filhos? D´us disse, Eles pecaram, portanto os exilei entre as nações. Avraham argumentou, Mas não havia nenhum virtuoso entre eles?
D’us explicou, …Cada um se regozijou com a ruína do outro (Midrash Eicha Rabba 1:21).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nossos sábios ensinam que, como os judeus foram exilados de sua Terra natal por causa do ódio infundado, a Diáspora se encerrará quando eles praticarem o amor com desprendimento. O Primeiro Templo foi destruído porque o povo menosprezou a Torá. O Segundo Templo foi destruído porque os judeus se desprezaram. O Terceiro Templo será erigido quando os judeus aprenderem a seguir a Torá, realizando actos de caridade e bondade entre si, cumprindo o mandamento – Ame ao próximo como a ti mesmo.

 

  

O Talmud também nos explica que o antídoto para Sinat Chinam, aquilo que pode nos trazer de volta o Beit Hamikdash, é Ahavat Chinam, amor gratuito. A seguinte história ilustra tais fatos:

O rabino Avraham Itzchak Kook, primeiro rabino-chefe de Israel, sempre visitava kibutzim não religiosos. Ele tentava ensinar Torá e mitzvot para judeus que sequer iam à sinagoga em Yom Kipur , e por isso era muito criticado. As pessoas diziam para ele que havia limites, e que aquilo que ele fazia já era demais. O rabino, porém não se abatia e respondia o seguinte: Quando estiver diante do Tribunal Celestial, prefiro ser acusado de Ahavat Chinam, de amor demais, do que Sinat Chinam, ódio gratuito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

9 de Av através dos tempos….

 

Os romanos expulsaram os judeus de sua pátria, mas os sofrimentos do povo judeu não cessaram com seu exílio. Em Tishá be’Av de 1290 da era comum, os judeus foram expulsos da Inglaterra, tendo seu retorno ao país vetado por quase 400 anos. O monarca inglês, o rei Eduardo, proferiu a ordem de expulsão em 18 de Julho de 1290  .

Outra comunidade judaica de grande proeminência foi a da Espanha. Houve época em que os judeus da Espanha tinham os mesmos direitos legais que os cristãos, tendo assim ascendido aos mais altos postos sociais, financeiros e académicos. E então, por ordem da Igreja Católica, os judeus foram subitamente considerados hereges, sendo perseguidos e executados pela Inquisição espanhola. Por fim, o Rei Fernando e a Rainha Isabel decretaram a expulsão dos judeus da Espanha ou a morte. A data final para a partida da Espanha foi 30 de Julho de 1492. No calendário hebraico, Tishá be’Av.

Também em Tishá Be’Av , cento e cinqüenta anos mais tarde, outra desgraça se iria abater sobre os judeus. Em 1648, os cossacos atacaram a comunidade judaica de Constantinopla, matando três mil homens, mulheres e crianças.  

Séculos depois, ocorreu uma catástrofe ainda maior: a erupção da Primeira Guerra Mundial, que custou a vida de milhões de pessoas e devastou a Europa. Os historiadores hoje concluem que o socialismo e o nazismo foram legados da miséria e destruição deixadas pela guerra. O socialismo iria mais tarde tentar aniquilar o judaísmo, da mesma forma como o nazismo. A Primeira Guerra Mundial estourou em 1º de Agosto de 1914, Tishá  Be’Av no calendário judaico.

Décadas mais tarde irromperia o maior de todos os genocídios. Em 1939, a Alemanha nazista invadiu a Polónia, deflagrando a Segunda Guerra Mundial. Em 1941, os nazistas resolveram criar o gueto de Varsóvia, onde meio milhão de judeus foram arrebanhados antes de seguirem para os campos de morte. Foi no dia de Tishá Be’ Av que foi decretada a Lei que criava o gueto de Varsóvia.


Em Tishá Be’Av do ano seguinte, os alemães iniciaram o "realojamento no Leste" para os residentes do gueto. Um autor anónimo anotou em seu diário que esse dia tinha sido "o mais negro na história moderna dos judeus". Naquele dia, separaram os judeus de suas famílias como "gado para o matadouro", deportando-os aos campos de concentração .

O palco final para a planejada aniquilação dos judeus foram os campos de morte. O mais famoso foi Auschwitz, onde cerca de dois milhões de judeus foram assassinados. As câmaras de gás de Auschwitz também foram inauguradas a 23 de Julho de 1942. Na data judaica, nove de Av.

Nem mesmo o Estado de Israel foi poupado de sua própria tragédia de Tishá b’Av. Até 1955, a empresa aérea de Israel, El Al, nunca havia perdido sequer um avião. Até que determinado dia, abateram um de seus aviões que sobrevoava o espaço aéreo da Bulgária. Isso, também, ocorreu em Tishá b’Av.

 

E neste ano de 2006, tendo início no período das “tres semanas” entre 17 de Tammuz e Tishá Be’Av, a actual Guerra entre o Estado de Israel e as milícias do movimento terrorista Hiszzbolah avançou o mês de Av e já deixou rastros de destruição e dor para todas as partes envolvidas. Guerra e sangue novamente caem sobre nossos irmão na Terra Santa que, como nós, anseiam pela Paz e uma solução para a problemática no Médio Oriente.    


Há mais de três mil anos, D’us selou o decreto de Tishá Be’Av; no entanto, selou também outro decreto: o da era Messiânica. Com o advento do Messias, o sofrimento chegará a seu fim pois teremos uma percepção completa da realidade e poderemos, então, compreender que tudo o que D’us faz é para o bem.
Há uma tradição que diz que o Messias nascerá em Tishá Be’Av, e que este dia de luto se transformará em dia de júbilo. Acredita-se que com a chegada do Messias todos os judeus retornarão à sua pátria e o Terceiro Templo será erguido. O infinito amor de D’us pelo povo judeu será então abertamente revelado e perdurará para sempre.

Esperemos  juntos  e  envoltos pela “ahavat chinam”  - o amor gratuíto -  intensamente a vinda do  Messias neste 9 de Av e assim, unidos, poderemos presenciar uma nova Era de Paz  que cairá sobre a Humanidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia:

Calendário Judaico, Mordko Meyer

Judaísmo Vivo de Michael Asheri

Uma História do Povo Judeu (1) de Hans Borger

http://www.aish.com/espanol/festividades/

http://www.masuah.org/tisha_be_av.htm

http://www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_view.asp?a=274&.html

http://www.netjudaica.com.br/

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