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Sexta-Feira,
10 de Setembro de 2004
 
 
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O centenário das Portas da Esperança

A comunidade judaica celebrou ontem, na presença do Presidente da República, Jorge Sampaio, o centenário da sinagoga de Lisboa, a primeira a ser construída de raiz em Portugal depois da ordem de expulsão ou reconversão dada pelo rei D. Manuel a todos os judeus em 1496. Quatrocentos anos depois, as Portas da Esperança (Shaaré Tikvá), como é conhecida a sinagoga da capital, assume-se como o principal centro de culto de toda a comunidade residente no País. O edifício, que pela sua riqueza arquitectónica viria a receber o Prémio Valmor em 1903, fica escondido para lá de um portão branco na Avenida Alexandre Herculano, como o exigia a monarquia portuguesa que proibia a visibilidade de outros cultos para além do catolicismo.
 

PÚBLICOnline - 10/9/04

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Sampaio Pede Convivência Inter-religiosa na Reabertura da Sinagoga
Por ANTÓNIO MARUJO
Sexta-feira, 10 de Setembro de 2004

Um apelo do Presidente da República, Jorge Sampaio, a que a Sinagoga de Lisboa continue "a ser um símbolo de diálogo, da convivência inter-religiosa, da solidariedade humana, na linha da acção humanitária que [nela] se praticou ao longo do século XX e particularmente durante a II Guerra Mundial".

Foi no final de uma cerimónia de quase duas horas que Jorge Sampaio se dirigiu às várias centenas de pessoas que estavam presentes no restaurado lugar de oração e culto da comunidade judaica de Lisboa. O ambiente era de solenidade e de festa. Muitos expressavam a alegria pelo regresso ao espaço sagrado e a satisfação pelo restauro que devolveu dignidade, beleza e luminosidade ao lugar sagrado.

Na sua mensagem, o Presidente da República (ele próprio de ascendência judaica) acrescentou que a Sinagoga Shaaré Tikvá (Portas da Esperança) "e a comunidade de portugueses judeus que ela acolhe têm um contributo a prestar para um mundo melhor, mais solidário, mais pacífico e mais empenhado no diálogo".

Para Jorge Sampaio, a presença na cerimónia "de representantes de várias confissões religiosas é um sinal deste empenhamento". A escutá-lo, estavam representantes do Patriarcado de Lisboa, da Comunidade Islâmica, dos bahá'ís e de igrejas cristãs protestantes, além de várias personalidades da política, entre as quais os presidentes do Parlamento e da Câmara Municipal. Estas presenças foram valorizadas também na mensagem do Presidente de Israel, lida pelo embaixador Shmuel Tevet: "É bom ver representantes de outras religiões ensinar o respeito e a toelrância."

Justificando a sua presença naquele acto solene - cujo significado "transcende a comemoração do centenário de um templo de uma comunidade religiosa" -, Sampaio disse ainda que a acção da comunidade judaica "enriquece o Portugal democrático, aberto e plural, no qual o respeito pela liberdade religiosa é um corolário de uma visão humanista em que nos reconhecemos".

Ponto alto da cerimónia foi quando o grande rabino de Israel, Shlomo Moshé Amar, abriu a Arca Sagrada, que guarda os rimorin de prata trabalhada onde estão enrolados os livros da Torá - o Pentateuco, com os cinco primeiros livros bíblicos. Puxando o cortinado que simboliza o resguardo do santuário do Templo de Jerusalém, onde só o Sumo Sacerdote podia entrar, vê-se o conjunto dos rolos de prata trabalhada. Como no judaísmo não há imagens, a arte traduz-se na ornamentação e nos materiais preciosos.

Uma vez retirados os rolos e levados em cortejo à volta da Tebá - ao centro, onde o oficiante se coloca, uma espécie de pequeno estrado elevado -, cantam-se orações de bênção e de memória. Reza-se pelo Presidente da República e pelo Governo, invoca-se a misericórdia divina para o país. No regresso dos rolos à Arca Sagrada, enquanto uma criança invoca, cantando, Deus como rei do universo, há quem se aproxime e toque nos textos sagrados, beijando depois a mão.

Sobre a arca, também as inscrições foram objecto de restauro: "Toma atenção em frente de quem estás", lê-se em hebraico. Um "compromisso de geração em geração" foi lido por Moisés Ayash, presidente da assembleia geral da comunidade de Lisboa, pelo seu filho Jaime e pelo neto Daniel. Um dia "o lobo e o cordeiro pastarão juntos", leu o jovem Daniel a partir de um texto bíblico do livro do Profeta Isaías. Topo de Página

PÚBLICOnline - 9/9/04

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Utilizar Melhor Uma Sinagoga Renovada
Quinta-feira, 09 de Setembro de 2004

A Sinagoga Shaaré Tikva (Portas da Esperança), que hoje reabre ao culto após a conclusão das obras de restauro, foi sujeita a várias alterações, entre as quais a entrada, a "libertação" do edifício e a cor interior e a iluminação. Numa das sessões do colóquio "Os Judeus em Portugal, hoje", os dois arquitectos responsáveis pelo processo, João Seabra Gomes e Ricardo Gordon, explicaram que a intenção não foi alterar o edifício construído há 100 anos pelo arquitecto Ventura Terra, mas possibilitar uma melhor utilização das suas funções.

Seabra Gomes, da Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, sublinhou que a Sinagoga de Lisboa é o primeiro templo não católico a ser classificado como imóvel de interesse público - dado ainda mais importante sabendo que há poucos edifícios do século XX objecto dessa classificação.

A alteração mais visível para quem passa na Rua Alexandre Herculano é que a sinagoga passa a estar identificada mais visivelmente. Em 1904, era proibido construir um templo que não fosse católico com a fachada virada para a rua. Daí que Ventura Terra tenha colocado a sinagoga dentro de um pátio, ao qual se acedia através de um portão. Agora, o portão (ele próprio substituído) passa a conter uma inscrição com o nome da sinagoga escrito em hebraico.

"A intenção é fazer com que se possa descobrir a sinagoga, afirmando a sua presença no meio da cidade", diz Ricardo Gordon. "O portão é uma janela para dentro da sinagoga e o nome escrito em hebraico é uma forma de familiarizar as pessoas com a escrita hebraica" em outros documentos ou objectos.

Outra alteração significativa foi a libertação da parede sul do edifício, objecto de um acrescento numas obras na década de 40 do século XX. Uma vez destruída essa parede, passou a ser possível circular à volta da sinagoga, "libertando" o edifício, que passou a estar solto, sem tocar em sítio nenhum.

Também a luminosidade foi beneficiada. Os vidros da clarabóia e a cor da pintura interior ficaram mais claros e a própria iluminação ajuda a dar mais luz ao espaço de oração. A.M. Topo de Página

 

TSF On line - 7/9/04

• LISBOA
Judeus Foto©AFP Judeus iniciam hoje comemorações do centenário da sinagoga

A comunidade israelita de Lisboa inicia hoje formalmente as comemorações do primeiro centenário da sinagoga, «Shaaré Tikva», que reabre depois de amanhã na sequência de obras e representa o primeiro templo judaico em edifício próprio depois da extinção do judaísmo em Portugal, em 1497.
( 09:54 / 07 de Setembro 04 )
 
 

As celebrações dos 100 anos da sinagoga «Shaaré Tikva» (portas da esperança) abrem com a exposição «Livros e Documentos de Judeus Portugueses nos séculos XIX e XX».

O colóquio «Os judeus em Portugal, hoje: 200 anos de presença» tem também início esta terça-feira e prolonga-se até quarta-feira.

Ambos os eventos são organizados pela Associação Portuguesa de Estudos Judaicos (APEJ), com o patrocínio do Presidente da República. Na quinta-feira Jorge Sampaio vai estar presente nas cerimónias religiosas na sinagoga, onde particioará também o grão rabino de Israel, comparável ao papa católico, Sholmo Moshe Amar.

No sábado haverá o primeiro serviço de orações na sinagoga renovada, em que serão oficiantes o rabino da comunidade israelita de Lisboa, Boaz Pash, e o chantre Isaac Assor.

As cerimónias comemorativas enceram domingo com um encontro convívio das quatro comunidades judaicas de Portugal (Lisboa, Porto, Belmonte e Faro) com amigos da diáspora judaica portuguesa, vindos especialmente dos países onde residem para assistir às comemorações.

Actualmente residem em Portugal cerca de três mil judeus, estando a maioria concentrada em Lisboa, seguindo-se Belmonte, Porto e Algarve.

 

Jornal de Notícias - 1/9/04


http://jn.sapo.pt/2004/09/01/grande_lisboa/judeus_comemoram_centenario_sinagoga.html
 

Judeus comemoram centenário da sinagoga
templo Comunidade festeja a inauguração do primeiro local de culto construído de raiz no país Edifício foi recentemente alvo de obras 
césar santos
Sinagoga situa-se dentro de quintal porque só os templos católicos podiam ver-se da via pública

A Comunidade Israelita de Lisboa vai comemorar, a partir da próxima terça-feira, o centenário da inauguração da sinagoga "Shaaré Tikvá", o primeiro templo judaico em edifício próprio, depois da extinção do judaísmo em Portugal, em 1497, e que foi recentemente alvo de obras de vulto.

As comemorações abrirão com a exposição «Livros e documentos de judeus portugueses nos séculos XIX e XX», no dia 7, no Fórum Telecom, seguindo-se um colóquio, que se prolongará por dois dias, no mesmo local. Quinta-feira, às 18.30 horas, haverá uma cerimónia religiosa na sinagoga «Shaaré Tikvá», que reabre depois de um importante restauro, que durou cerca de um ano. O acto será presidido pelo presidente da República, Jorge Sampaio, e pelo grão-rabino sefardita de Israel, Shlomó Moshé Amar. No sábado, haverá o primeiro serviço de orações na sinagoga renovada.

As cerimónias serão encerradas dia 12, no Clube Macabi, com um encontro-convívio das quatro comunidades judaicas de Portugal (Lisboa, Porto, Belmonte e Faro) com amigos da diáspora judaica portuguesa, vindos especialmente dos países onde residem, para assistir às comemorações. No dia 15, os judeus de Lisboa iniciarão as celebrações religiosas do Ano Novo Judaico.

À actual comunidade judaica de Lisboa foi dado o nome de "israelita" por motivos relacionados com o espírito da época, princípios do século XIX, em que grupos de judeus sefarditas se instalaram em Portugal. Eram na sua maioria negociantes, provenientes de Gibraltar e Marrocos e alguns nomes testemunhavam a ligação das suas famílias às terras de origem ibérica antes da expulsão.


Calendário

Escondidos

Havia em Lisboa desde 1810 casas de orações em residências particulares e em andares alugados. A comunidade conseguiu depois comprar um terreno, na Rua Alexandre Herculano, para um templo. No quintal

O projecto da sinagoga, da autoria de Ventura Terra, teve em conta a necessidade de construção dentro de um quintal murado, pois não era permitida a edificação de um templo não católico virado para a rua.

 

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JTA - 7/9/04

(http://www.jta.org).


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Happy 100 years, Portugese synagogue !
The Portuguese president and Israel’s chief rabbi are among those expected to attend the 100th anniversary of a synagogue in Lisbon.

President Jorge Sampaio, whose maternal grandmother was a local Jewish activist, and Israel’s chief Sephardi Rabbi, Shlomo Moshe Amar, will join several Jewish and non-Jewish officials at the Sept. 2 celebration of the 100-year anniversary of Shaare-Tikva, also known as Lisbon Synagogue, the first synagogue built in Portugal after the 1497 expulsion of the Jews.

Lisbon’s main imam and the president of its Islamic community will be among the non-Jewish attendees.



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Portugal Diário - 31/8/04

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Judeus de Lisboa comemoram centenário de sinagoga
31-08-2004 11:51
 
Comunidade Israelita celebra inauguração do primeiro templo judaico em edifício próprio

 


 
A Comunidade Israelita de Lisboa vai comemorar na próxima semana o primeiro centenário da inauguração da sinagoga "Shaaré Tikva", o primeiro templo judaico em edifício próprio depois da extinção do judaísmo em Portugal, em 1497.

À actual comunidade judaica de Lisboa foi dado o nome de "israelita" por motivos relacionados com o espírito prevalecente na época, princípios do século XIX, em que grupos de judeus sefarditas se instalaram em Portugal.

Eram na sua maioria negociantes, provenientes de Gibraltar e Marrocos (Tânger, Tetuão e Mogador), e alguns dos nomes ainda testemunhavam a ligação das suas famílias às terras de origem ibérica, antes do período da expulsão.

Existiam em Lisboa, desde 1810, várias casas de orações, instaladas primeiro em residências particulares e mais tarde em andares alugados. Apesar das dificuldades ocasionadas pela falta de reconhecimento oficial, a comunidade conseguiu comprar, em nome de particulares, um terreno na Rua Alexandre Herculano, para a construção de um edifício próprio de raiz.

O projecto da sinagoga, da autoria de um dos maiores arquitectos da época, Miguel Ventura Terra, teve de ter em conta a necessidade da construção dentro de um quintal murado, pois não era permitida a construção de um templo que não fosse de religião católica com fachada para a via pública.

As comemorações do primeiro centenário abrirão com a exposição «Livros e Documentos de Judeus Portugueses nos séculos XIX e XX».

A abertura solene da exposição terá lugar dia 7 de Setembro, no fórum Telecom, seguindo-se um colóquio, que se prolongará por dois dias, no mesmo local.

Ambos os eventos são organizados pela Associação Portuguesa de Estudos Judaicos - APEJ, com patrocínio do Presidente da República.

A 9 de Setembro, às 18:30, haverá uma cerimónia religiosa na sinagoga "Shaaré Tikvá", que reabre depois de importantes obras de restauração, que se prolongaram por cerca de um ano.

O acto será presidido pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, e pelo Grão-Rabino Sefardita de Israel, Shlomó Moshé Amar. O acto será aberto por José Bensaude Oulman Carp, presidente da CIL.

Estarão presentes, como convidados de honra, membros do governo, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, deputados e membros do corpo diplomático. Entre estes o embaixador de Portugal em Israel, Pedro Nuno Bártolo, e o embaixador de Israel em Portugal, Samuel Tevet.

Em representação do Congresso Judaico Mundial estará o embaixador Mordechay Arbell, de Jerusalém, e também o presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, o imã da mesquita de Lisboa e representantes do Patriarcado e das restantes confissões religiosas existentes em Portugal.

No sábado seguinte, haverá o primeiro serviço de orações na sinagoga renovada, em que serão oficiantes o rabino da CIL, Boaz Pash, e o chantre Isaac Assor.

As cerimónias comemorativas serão encerradas dia 12 no Clube Macabi, com um encontro-convívio das quatro comunidades judaicas de Portugal (Lisboa, Porto, Belmonte e Faro) com amigos da diáspora judaica portuguesa, vindos especialmente dos países onde residem, para assistir às comemorações.

No dia 15 de Setembro, os judeus de Lisboa iniciarão as celebrações religiosas do Ano Novo Judaico.

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Um século na vida da Sinagoga

Inaugurada em Maio de 1904, a Sinagoga Shaaré Tikvá (Portas da Esperança), o primeiro templo judaico a ser construído em Portugal depois depois da expulsão dos judeus em 1496 forçadas de 1497, vai comemorar, em 2004, o seu primeiro centenário.

Desde 1810, existiam em Lisboa várias casas de oração mas dificilmente reuniam as condições necessárias ao culto público, pois situavam-se em andares modestos.
Ao longo do século XIX sucederam-se as tentativas de construção de uma sinagoga digna desse nome. As dificuldades eram grandes, nomeadamente o não reconhecimento oficial da comunidade pelo regime monárquico.
Torneando este obstáculo, os judeus de Lisboa reunidos em Assembleia geral, a 4 de Março de 1897, decidem a abertura de uma subscrição em Lisboa, Londres e Lourenço Marques e a criação de uma comissão de edificação da sinagoga, presidida por Leão Amzalak.

A 23 de Agosto de 1901, foi assinada a escritura de compra de um terreno na rua Alexandre Herculano. Por impedimento legal, a escritura de compra foi feita em nome particular, sendo o terreno posteriormente doado à comunidade.
O projecto da sinagoga foi da autoria de um dos maiores arquitectos da época, Miguel Ventura Terra. Teve no entanto de ficar tapado por um muro exterior dado que não era permitida a construção com fachada para a via pública de um templo que não fosse católico, então religião oficial do Estado.


Finalmente a 25 de Maio de 1902 é colocada por Abraham E. Levy a Pedra Fundamental, e dois anos depois, a 18 de Maio 1904, é inaugurada a Sinagoga

Shaaré Tikvá, coroando um esforço de mais de cinquenta anos dos judeus de Lisboa.
Ao longo de todo o século XX e até hoje a sinagoga tem sido o ponto de encontro e de unidade da Comunidade Israelita de Lisboa, o símbolo da sua presença e continuidade.

Hoje 100 anos depois queremos comemorar esta data com solenidade, lembrando os fundadores e celebrando um acontecimento de tão grande importância, não apenas para a comunidade, como para a própria cidade onde foi erguida.

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