CIL - Um Século de Eleições

Neste período de eleições na CIL, é interessante e instrutivo recordar alguns dados da história da nossa comunidade relacionados com esta questão.
Assim por exemplo:

1- Contrariamente à ideia generalizada de que a CIL era muito maior, os números revelam uma outra realidade. Nos arquivos da nossa comunidade existem dois recenseamentos dos israelitas de Lisboa feitos no século XIX, um de 1892 e outro sem data precisa, mas que tudo indica ser anterior.
Este último atesta a presença de 251 pessoas com a menção da respectiva nacionalidade (refira-se, a título de curiosidade, que 137 são de nacionalidade marroquina). O recenseamento de 1892 enumera apenas 131 israelitas em Lisboa com as respectivas moradas, permitindo-nos verificar que grande parte dos judeus viviam nas ruas de S. Paulo, do Alecrim, Duque de Bragança, Praça do Município, Largo do Corpo Santo, Ferragial , S. Julião...ou seja, perto das primeiras sinagogas, criadas em Lisboa no seculo XIX.
Em 1924, os eleitores (já não é a totalidade da população residente) são 179.
Em 1950, são 290 (este grande aumento deve-se certamente à presença de refugiados). Aliás, pela primeira vez, os asquenazim são maioritários (164).
Em 1960, são 226 eleitores contribuintes, mantendo-se a proporção de asquenazim.
Em 1978, o número de eleitores baixa para 150, certamente devido à guerra colonial e ao 25 de Abril.
Em 1997, temos 308 eleitores revelando que a estabilidade política e democrática estabilizou a Comunidade que até cresceu ligeiramente.

É evidente que estes números não são absolutamente rigorosos, porque temos por vezes a inscrição como membros da CIL, de todas as pessoas da mesma família e noutros casos apenas o chefe de mesma. Ainda assim, dão-nos uma ideia da realidade.

2- Outro elemento interessante é a forma como as eleições eram feitas. Pelo menos até 1978 a mesa da Assembleia geral enviava para os sócios uma lista em branco com os respectivos cargos, e a lista dos eleitores e elegíveis. Com base nessa lista, as pessoas sugeriam nomes para os diferentes cargos e eram eleitos os que tinham mais nomeações.
Assim não é de estranhar que em 1915, por exemplo, houvessem 40 candidatos à direcção, 50, em 1924, e em 1978 é quase a comunidade inteira que é proposta.
No entanto, com este sistema o que se ganhava em mobilização dos sócios, perdia-se provavelmente em unidade e homogeneidade das listas.

3- Finalmente e a título de curiosidade, sabia que nos primeiros estatutos da Comunidade Israelita de Lisboa, aprovados em Assembleia Geral de 4 de Junho de 1911, só eram “eleitores e elegíveis para os diversos cargos os contribuintes do sexo masculino (...)” (Art. 7)

Esther Mucznik
Fonte: Arquivo da Comunidade Israelita de Lisboa

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