Aconteceu no Mundo
Imre Kertész, Prémio Nobel da Literatura 2002
O escritor judeu húngaro Imre Kertézs, sobrevivente do Holocausto, foi o
premiado "por uma obra que opõe a experiência frágil do indivíduo contra o
arbitrário bárbaro da história", anunciou a Academia sueca, em Estocolmo.
Nascido em 1929 no seio de uma família judaica de Budapeste, Kertész ficou
profundamente marcado pela sua estadia em Auschwitz e depois em Buchenwald, para
onde foi deportado pelos nazis, ainda adolescente. Depois da guerra trabalhou
como jornalista e em seguida como tradutor de autores de língua alemã, tais como
Nietzsche, Hofmannsthal, Schnitzler e Freud, que influenciaram a sua obra.
Marginalizado pela Hungria comunista, o seu livro "Être sans destin", sobre a
sua passagem nos campos nazis, publicado em 1975, foi ignorado pelo meio
literário. Só depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, foi reconhecido como
um grande escritor, tendo recebido numerosos prémios literários. A entrega do
prémio será a 10 de Dezembro, data do aniversário da morte de Alfred Nobel que
instituiu o prémio em testamento, um ano antes da sua morte, em 1896.
A propósito publicamos um pequeno extracto de um texto escrito pelo escritor, no
seguimento de um atentado terrorista, em Abril de 2002, em Jerusalém onde se
encontrava para participar num congresso:
" (...) Tenho a impressão de que o antisemitismo, que durante muitos anos
foi recalcado, emerge do pântano do subconsciente, como uma erupção de lava com
odor de enxofre. Tanto em Jerusalém como em Berlim, vejo na televisão
manifestações contrárias a Israel. Vejo sinagogas incendiadas e cemitérios
judaicos profanados em França. (...) Vejo o escritor português Saramago na
televisão: inclinado sobre uma folha de papel comparava a maneira de proceder de
Israel com os palestinos, com Auschwitz, demonstrando que o escritor não está
consciente da escandalosa irrelevância do paralelismo que utiliza, nem de que o
conceito conhecido pelo nome de Auschwitz, que até hoje em dia tinha um
significado bem definido no consenso cultural europeu, pode hoje utilizar-se sem
mais nem menos, de maneira populista e para fins igualmente populistas.
Pergunto-me se não será preciso distinguir o sentimento hostil a Israel, do
antisemitismo. Mas é possível? Como se pode entender, por exemplo, que na
Argentina - onde, diga-se de passagem, as pessoas têm problemas bem graves - se
realizem manifestações contra Israel?. Provavelmente, creio, porque a
hostilidade aos judeus, que dura há 2.000 anos, se cristalizou e converteu numa
forma de conceber o mundo. O ódio cristalizou-se e converteu-se numa forma de
conceber o mundo e o objecto desse ódio é um povo, que de modo nenhum está
disposto a desaparecer da face da terra. (...)"
Publicado no jornal El País, a 13 de Outubro 2002
Nobel da Economia
Este ano dois americanos ganharam o prémio nobel da economia. Um dos
laureados foi Daniel Kahnman, um professor de psicologia, nascido em Israel,
naturalizado americano. A peculiaridade está no facto de Daniel Kahnman ser um
psicólogo, mas o seu trabalho incide na escolha verdadeira das pessoas, nos seus
sentimentos, na teoria do imprevisto. Escusado será dizer que todos os
economistas o referem como uma boa surpresa e um reconhecimento do seu bom
trabalho. Parabéns Professor Kahnman
Adaptação para sobreviver
O Quinto Congresso Alemão de Lusitanistas, previsto para o mês de Setembro de
2003, será organizado em parceria com a Associação Alemã dos Lusitanistas e da
Universidade de Rostock, e conterá com uma Secção dedicada a situação actual dos
Judeus em Portugal assim como a história dos Judeus Portugueses na Europa do
Norte, Africa, Asia e Novo Mundo. Esta Secção, intitulada "Adaptação para
Sobreviver", será dirigida por Doutor Michael Halévy do Centro Ibero-Americano
da Universidade de Hamburgo. Para mais informações contactar: Doutor Michhael
Halévy, email: mihalevy@aol.com
Manifestação Negacionista em Itália
Foi convocada uma conferência mundial de neonazistas, anti-semitas,
negacionistas do Holocausto e personagens que promovem a mentira sobre a suposta
responsabilidade dos Estados Unidos e Israel em todos os ataques terroristas
ocorridos em 11 de Setembro. O encontro estava previsto para o dia 12 de Outubro
em Verona, Itália . A conferência "Em memoria dos milhões de civis, da
democracia e suas mentiras", foi convocada pelo grupo neo-fascista de Trieste
Nuovo Ordine Europeo e buscava reunir activistas neonazistas, negadores do
Holocausto e partidários de Osama Bin Laden.