Aconteceu no Mundo
“Fora Judeus”
Nas ruas de Berlim, voltou-se a ouvir gritar o que muitos pensavam enterrado
para sempre: “Judeus, Judeus!”. Foi na sexta-feira passada, numa cerimónia
pública com o presidente da Comunidade Judaica da capital Alemã, Alexander
Brenner, a quem um grupo de entre 40 a 50 pessoas, impediu de falar através de
insultos anti-semitas perante a passividade da polícia. As autoridades abriram
uma investigação. A cerimónia começou mal, a ideia era celebrar, com um par de
discursos, a mudança do nome de uma rua (Kinkelstrasse) e recuperar o nome que
teve durante 400 anos: Judenstrasse, ou seja, Rua dos Judeus. Brenner explicava
que em 1938, os nazis rebaptizaram a rua. “E muito bem estiveram”, ouviu-se
alguém gritar no público. Fez-se silêncio. Perante a surpresa inicial o
presidente da Comunidade Judaica de Berlim, tentou continuar o seu discurso, mas
já não pode. Os gritos de “Judeus, Judeus!” e “ Judeus fora!” eram
entornecedores, segundo explicou Brenner ao periódico Der Tagespiegel. O
organizador do acto, o chefe local do Partido Liberal (FDP), Karl-Heinz Bannash,
afirmou que durante minutos “reinou um ambiente de pogrom”. Ao contrário de
outras vezes, o acto não se pode atribuir a neo-nazis. “Não eram cabeças
rapadas”, afirma Brenner, a quem o detalhe o tocou de forma especial. Tratava-se
de pessoas bem vestidas, bem na vida, de idades diferentes. A proprietária de
uma loja dos arredores “Impios”, outra gania “Vocês Judeus crucificaram jesus”.
Einstein em exposição em Nova Iorque
Abriu ao público no Museu Americano de História Natural, no passado dia 15 de
Novembro, uma exposição sobre a vida de Albert Einstein em todas as suas facetas
– como cientista, como figura pública e como homem. A mostra que reúne a maior
colecção de sempre de objectos e documentos do cientista, foi co-produzida pelo
Centro Skirball de Los Angeles e pela Universidade Hebraica de Jerusalém e vai
estar em Nova Iorque até ao final do próximo ano. Para além de um cientista
genial, Einstein foi profundamente pacifista e humanista, tendo considerado,
depois de Hiroshima, que “o único erro da minha vida” foi a carta enviada ao
Presidente Roosevelt apelando a que os Estados Unidos estudassem a possibilidade
de armas atómicas, porque o regime de Hitler fazia investigações nesse campo. A
exposição dá também muito relevo ao judaísmo de Einstein e mostra uma carta do
embaixador israelita em Washington, em 1952, transmitindo-lhe o convite para a
Presidência de Israel. Brincalhão e com muito humor, Einstein explicava assim a
teoria da relatividade:
“Quando estamos sentados ao lado de uma rapariga bonita por duas horas, parece
que foi só dois minutos. Quando estamos sentados num fogão aceso por dois
minutos, parece que foram duas horas. Aí têm como funciona a relatividade.”
O jornal “El Mundo” descobre “lobby judaico”
O jornal espanhol publicou a 3 de Novembro no seu suplemento dominical um artigo
sugestivamente intitulado “Judaísmo, as revelações de um livro”, enfatizando as
“revelações” de uma obra recentemente publicada sob o título “O lobby judaico.
Poder e mitos dos hebreus espanhóis actuais” curiosamente ambos escritos pelo
mesmo autor. Segundo o artigo “Eles” estão na banca, na justiça, no hotelaria,
na construção nos texteis. “Eles” movem-se nos circuitos mais elevados do poder
e estão em contacto com a elite económica e política. E poder contar com o apoio
do lobby judaico, até “os” pode libertar da prisão...
Para o escritor Juan Gotysolo “este panfleto mistura tudo e lembra o Protocolo
dos Sábios de Sião. Este género de amálgama, neste momento, é muito perigoso
(...) é a prova do que eu pressentia e receava ver: o antisemitismo.” A título
de informação lembramos que o número de judeus em Espanha não ultrapassa os 20
mil, ou seja cerca de 0,5% da população.
Egipto encena “Protocolos dos Sábios do Sião”
A televisão pública egípcia está a transmitir em pleno Ramadão um folhetim
anti-semita “Cavaleiro sem montada” que conta em 41 episódios a história do
Médio Oriente, com o Egipto em luta contra a ocupação britânica e o movimento
sionista. A certa altura, o herói descobre um livro em russo, os “Protocolos”
que lhe mostra que o verdadeiro inimigo não é o império britânico mas o
sionismo. Os Protocolos dos Sábios do Sião são uma falsificação dos serviços
secretos russos antes da Iª Guerra Mundial que narra uma conspiração judaica
para dominar o mundo. Este panfleto tornou-se um clássico da literatura
anti-semita europeia e foi amplamente utilizado pelos nazis. Actualmente
tornou-se um best-seller nos países árabes.
Acto em Homenagem a Aristides de Sousa Mendes
O Instituto de Serviço Exterior da Nação (ISEN), do Ministerio das Relações
Exteriores e Comercio Internacional e Culto da República Argentina, e a Fundação
Internacional Raoul Wallenberg realizaram recentemente um acto dedicado à
memória do diplomata português Aristides de Sousa Mendes. Durante a cerimónia
foi entregue o Prémio Internacional Sousa Mendes 2002 ao escritor argentino José
Ignacio García Hamilton e ao jornalista británico Nicholas Tozer.