Cartas dos Leitores
Um dos textos mais interessantes do último Tikvá foi a “razão de ser” do Dr.
Samuel Levy. O que nos liga enquanto Judeus é a nossa religião, e um dos
elementos fundamentais do Judaísmo é a Sinagoga. A promoção de iniciativas na
Sinagoga só terá êxito com um fluxo considerável de membros da Comunidade. O que
é necessário para que a frequência aumente na Sinagoga? Na minha opinião
coexistem alguns factores que, em vez de promover uma ida ao nosso pequeno
Templo, afastam os membros daquela que é nosso símbolo máximo.
O primeiro factor é a questão da segurança, a nossa comunidade deve ter uma
feição agradável, antipatia não pode ser sinónimo de segurança. Sempre que viajo
visito a Sinagoga local e, em todas as que visitei, está intrinsecamente ligada
a questão da segurança, porém, o elemento conexo não é a antipatia mas o
profissionalismo.
O segundo factor está na tristeza da Sinagoga, nós temos hoje um templo
triste, muito bonito, mas com uma imensa tristeza humana. Seria necessário
conjugar o rito com a alegria de orar, como acontece em muitas sinagogas
sefarditas.
O terceiro factor é a “falta de chá” de alguns “frequentadores da Sinagoga”,
que são constantemente malcriados. Bem sei que será difícil educar este tipo de
pessoas, mas o justo não pode pagar pelo pecador. Se estes três factores se
resolvessem, poderíamos ter uma sinagoga alegre e activa. Cabe ao Dr. Samuel
Levy, entre outros, a dura tarefa de impor a vontade dos parnassim, porque,
enquanto reinar a desordem, aos de direito serão imputadas as culpas e o Senhor
é Parnas.
Por último queria apenas focar uma questão que extravasa o texto. Não posso
admitir, enquanto descendente de Judeus enterrados no Cemitério Israelita da
Estrela que decidam não deixar restaurar a campa dos meus antepassados. Se a
Direcção da Comunidade permitiu que restaurassem o Cemitério, não podemos
aceitar que poucos se oponham a tal decisão, nomeadamente quando não têm
ascendentes nesse mesmo local.
Nuno Wahnon Martins
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