Israel em foco
UM “ROAD MAP” PARA SHARON
Foi polémico. O governo israeliano aprovou com algumas reservas, quatro
abstenções e uma maioria de doze votos a favor e sete votos contra, o novo plano
geo-estratégico americano para a resolução do conflito israelo-palestiniano (“The
Road Map”). Para os mais familiarizados com a Internet recomendamos a consulta
do texto original do plano em:
www.state.gov/r/pa/prs/ps/2003/c8955.htm.
Analistas em Washington e em Jerusalém consideram que a decisão não terá sido
fácil pois acarreta importantes “prós” assim como “contras” não negligenciáveis.
Resumindo (e muito), três argumentos pesaram a favor da decisão:
1. Depois do que aconteceu no Iraque, o presidente Bush parece estar
disposto a, num prazo que poderá ir até 4 anos, desarmar todos os inimigos de
Israel. Fala-se abertamente numa intervenção americana no Irão e na destruição
do seu armamento nuclear. Em seguida, os americanos parecem apostados em
aniquilar as baterias de mísseis sírias, equipadas com armas de destruição
massiva, e a “opção militar” do “Hizbollah”. Por fim, virar-se-ão, sem dúvida,
para a Líbia e o Egipto que também dispõem, ao que consta, de potencial nuclear.
Ou seja, numa perspectiva optimista, e sem gastar um tostão ou perder uma vida,
Israel poderá comemorar os 60 anos da sua independência, pela primeira vez na
sua história, sem se sentir militarmente ameaçada.
2. A comissão coordenadora e fiscalizadora americana, que em breve
chegará à região, tem como objectivo secreto assumir, na prática, os poderes da
Autoridade Palestiniana. Afastando a U.E. dos acontecimentos, tal como aconteceu
no Iraque, Bush espera vir a tornar-se um “príncipe regente” com um mandato
temporário da O.N.U. Entretanto, a Arábia Saudita está a atravessar um período
complicado de convulsões internas e, a contento dos americanos, o príncipe
Abdallah fechou todas as “Fundações” e “Organismos de Caridade” que o seu país
detinha na Europa, pondo fim ao financiamento não só da Al-Qaeda mas também do
Hamas. A comissão fiscalizadora tem também a intenção de controlar as outras
“fontes” de Yasser Arafat e acabar, por esta via, com os atentados terroristas
em Israel.
3. Bush poderá ter prometido a Sharon que não apoiará exigências
palestinianas sobre o “direito de retorno” às “suas” terras do pré-1948 e que
apoiará a manutenção dos colonatos mais importantes, alguns dos quais já são
quase cidades.
Até aqui tudo bem. Mas há que ter em consideração que há riscos, que o plano
pode não correr bem e que os americanos não virão para o médio oriente por
motivos meramente altruístas.
Pela primeira vez desde 1967, o I.D.F. não poderá intervir militarmente, mesmo
se necessário, no território da Autoridade Palestiniana; haverá necessidade de
coordenar com a “comissão” americana. A questão de Jerusalém ficou pouco clara
mas parece óbvio que os americanos também controlarão a parte oriental da
cidade, onde a população maioritária é palestiniana. E o que acontecerá se
Israel não estiver de acordo com alguma decisão da dita comissão no que diz
respeito a temas como a rede rodoviária, as infra estruturas da rede de água ou
electricidade, os colonatos, etc?
O presidente Bush parece não ter a mínima intenção de apoiar a debilitada
situação económica de Israel, que considera um país rico e desenvolvido. Mas
parece decidido a diminuir a sua influência israeliana na região e a sua
dependência da mesma. Os americanos vêm para controlar e, se assim for, Israel
acaba de assumir o compromisso de os aceitar e questões como o próprio poderio
nuclear de Israel, acordos militares com a Turquia e a possibilidade de mísseis
iranianos caírem em breve onde os iraquianos não caíram, podem vir a ser
colocadas. Arik Sharon fez o que se lhe pediu: optou. Mas duvido que durma muito
descansado de noite. Aguardemos.
GABRIEL STEINHARDT
Novos Rabinos – Chefe em Israel
Em Abril, foram eleitos rabinos.chefe de Israel, o Rabino Ashkenazi Yona
Metzger e o Rabino Sefardi Shlomo Amar. O 1º era o Rabino do norte de Tel-Aviv e
o 2º era o Rabino-chefe de Tel-Aviv.
Rabino Ashkenazi Yona Metzger
Rabino Sefardi Shlomo Amar.
38% da População Judaica Mundial Vive em Israel
Segundo dados actualizados anualmente pelo Gabinete de Estatísticas de
Israel, vivem hoje no país 6.700.000 pessoas, das 81%, ou seja 5.400.000 são
judeus. A população é assim oito vezes maior do que no momento da criação do
Estado, em que atingia o número de 806.000. Os árabes israelitas são 1.300.000
dos quais 82% são muçulmanos. Perto de dois terços da população israelita nasceu
em Israel (66%) e a taxa de crescimento da população é de 2%. A imigração tem
diminuido: no ano transacto apenas 31.000 judeus se instalaram em Israel, dos
quais a metade é originária da ex União Soviética, 5.000 da Argentina e 2.400 de
França.
Jerusalém é a cidade mais povoada com 680.000 habitantes.
Balanço das Vítimas desde 29.09.2000
Segundo um balanço actualizado a 19 de maio 2003, o número total de vítimas
em Israel de atentados, incluindo atentados suicidas, é de 6.177, dos quais 778
mortos.