Israel em foco
A BOMBA DEMOGRÁFICA
Será que o “Road Map” vai resultar? Neste momento, e embora a solução não
esteja à vista, os primeiro ministros Ariel Sharon e Abu Mazen, ambos sob uma
forte pressão internacional, parecem estar sinceramente empenhados em que isso
aconteça. Mas ambos sabem também que não será fácil: quando toca a temas menos
consensuais, como a libertação de terroristas aprisionados nas cadeias de Israel
ou à desocupação de alguns colonatos, Sharon tem sérias dificuldades em
conseguir que o seu próprio governo aprove as suas propostas; e mesmo dentro do
Likud, a ala mais radical, liderada por Benjamin Netanyahu não lhe dá muito
espaço de manobra. Mazen, por seu lado, entre ameaças de se demitir e pequenos
avanços estratégicos, procura paulatinamente levar a cabo a reestruturação do
seu governo; mas enfrenta graves problemas com o desmantelamento das forças mais
militantes e a influência do Presidente Arafat.
Num momento de rara lucidez, Yasser Arafat alertou para uma nova bomba, bem mais
importante do que as bombas dos tristemente conhecidos atentados terroristas,
que está prestes a explodir no Médio Oriente. A “bomba demográfica”
desenvolve-se, como se de um plano estratégico se tratasse, no útero das mães
palestinianas; e não é difícil perceber porque é que ela cresce
proporcionalmente ao número de palestinianos impedidos de entrar em Israel e ao
“recolher obrigatório” ocasionalmente imposto pelo seu exército. Nos últimos
dois anos, a taxa de natalidade da população palestiniana foi de cerca de 9%, ou
seja, uma das mais altas do mundo. Assim sendo, prevê-se que dentro de sete a
dez anos, entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, existiam mais árabes do que
judeus…
Os líderes israelianos conhecem bem esta equação e sabem que a sua alternativa
não é mais “ter ou não ter razão”. Citando o próprio Arik Sharon, em declarações
recentes e algo surpreendentes: “Talvez a palavra não vos agrade, mas o que está
a acontecer é uma ocupação. E manter 3,5 milhões de Palestinianos sob ocupação é
uma coisa terrível tanto para eles como para Israel”.
Israel tem várias opções mas, para eliminar o risco demográfico e continuar a
ser um estado democrático, é óbvio que a anexação dos territórios ocupados não é
uma delas. Citando apenas duas das mais válidas: Israel poderá manter o status
quo e continuar a ocupar os territórios que ocupa actualmente sem alterar a
“condição” dos palestinanos. Poderá tomar uma decisão unilateral, entregando aos
palestinianos todos ou parte dos territórios, evacuando mais ou menos colonatos
e criando sinuosos corredores de acesso entre as regiões do novo país, à volta
de um “muro” de separação com Israel. Mas a melhor opção seria, para que não
restem dúvidas, chegar a um acordo de paz baseado em dois estados independentes
e democráticos. Mesmo que esse acordo possa ser quebrado futuramente pelo novo
Estado Palestiniano e a consequência seja um novo conflito armado.
Seja como for e para já, fazer parar o “tic tac” ensurdecedor desta bomba
relógio demográfica não é tarefa para uma brigada de minas e armadilhas mas sim
para o poder político de Israel.
GABRIEL STEINHARDT
Unesco designa Tel-Aviv como patrimônio histórico mundial
A Unesco, a organização educacional, cientifica e cultural da ONU, designou a
"arquitetura da cidade branca" de Tel-Aviv como um dos novos 24 patrimônios
históricos mundiais, de "excepcional valor universal". O ministro do Turismo,
Benny Elon, destacou o fato ressaltando que praticamente todos os outros locais
de patrimônio histórico da Unesco são pontos da natureza ou sítios
arqueológicos. “A designação de Tel-Aviv é um dos poucos reconhecimentos da
Unesco de um fenômeno do século XX - e isto nos faz muito orgulhosos. A criação
da cidade é um dos maiores símbolos e sucessos do movimento sionista".