A outra face da Comunidade
Assembleia Geral de 29 de Junho de 2003
Fomos convidados para comparecer na Assembleia Geral no domingo 29 de Junho
último. A Assembleia tinha como fim a aprovação das contas dos anos de 2001 e
2002.
A Assembleia começou pelas 16 horas presidida pelo Dr. Moisés Ayash e pelas 18
horas ainda se discutia o orçamento dos anos anteriores. Quando uma família
discute a sua situação financeira por tanto tempo isso significa que não há
dinheiro. Uma comunidade é como uma família, estivemos a discutir até nos
cansarmos e, mesmo assim, começamos a discutir o fututro rabino.
O argumento das contas foi deixado para trás, caso contrário, teríamos dormido
no hotel. Com o início da nova discussão sobre o futuro novo rabino ninguém
perguntou o porquê da partida do antigo, ou sequer quanto ele fez, se era ou não
um bom rabino. Quando não há dinheiro valerá a pena gastar tanto num só rabino.
Quem irá pagar?
Quando o Dr. Samuel Levy presidiu a Comunidade duas coisas muito importantes
aconteceram. Uma muito má, outra muito boa, sendo a má compensada pela boa...
Contratou a Comunidade um rabino, nunca tendo sido aconselhada sobre quanto um
poderia custar. Este custou mais ou menos 5.000 € por mês, mais um apartamento,
pedindo-nos, quando se foi embora, uma indeminização de 30.000 €. E agora
PORQUÊ?
Talvez os meus dados não estejam correctos, mas então eu peço à antiga direcção
que apresente os valores correctos no Tikvá.
Uma experiência terrível que envolveu muito dinheiro. O rabino não cumpriu os
seus deveres, ou seja, não ajudou as famílias necessitadas quando preecisaram
dele. Ele não lidou com as 60 crianças da Comunidade.
O segundo importante evento foi a contratação de Marcos Prist. Até ele chegar,
tinhamos uma comunidade moribunda com 60 crianças, desde a sua chegada a vida
comunitária mudou e renasceu. Nunca sentimos a Comunidade tão viva como agora.
Obrigado Dr. Samuel Levy.
Sentado na Assembleia eu olhei para os membros da Comunidade e perguntei a mim
mesmo: Qual dos membros desta Comunidade não guia em Shabat? Qual dos membros da
Comunidade come Kasher em casa e fora dela? 96% dos membros guia em Shabat e não
come comida Kasher. Eu respeito as 2 ou 3 famílias que são verdadeiramente
ortodoxas, mas contratar um rabino apenas para estas 3 famílias, na minha
opinião a Comunidade não o pode suportar economicamente.
Nós somos uma Comunidade Judaica, que desde a independência do Estado de Israel,
nos sentimos mais judeus e mais orgulhosos de o ser. Disse o rabino que todo
aquele que guia em Shabat e que não come Kasher ou não põe os tefilim não é
judeu. Esta mensagem foi dita no seu primeiro Yom Kipur drasha. Este tipo de
rabino eu não preciso.
Como é que ele pode ser rabino numa Comunidade a qual ele não considera judaica?
Nós não somos uma comunidade ortodoxa, mas sim uma conservadora ou reformista. A
Comunidade tem de decidir qual.
Espero que a nova direcção não faça o mesmo que a anterior. Ouvi que procuram um
novo rabino, a minha humilde opinião, é que a Comunidade tem de decidir que tipo
de rabino quer e, que tipo de Comunidade somos!! Só após uma decisão dos membros
da Comunidade, poderá a Direcção procurar um novo rabino.
Sugiro que a Comunidade instrua a Direcção a não aprovar nenhum projecto, ou
contatar uma pessoa, cujos contratos envolvam valores acima dos 20000 €.
Monia Atzmon
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