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Escola Israelita – Efeméride
A 23 de Outubro de 1922, inaugurava-se a Escola Israelita, na Travessa do
Noronha 19, em Lisboa, presidida pela D. Sofia Abecassis e dirigida
pedagogicamente por Adolfo Benarus, 1º Secretário da Comité da CIL e
professor, escritor, pintor e publicista. No seu discurso inaugural da Escola,
Moisés Bensabat Amzalak afirmava que “se trata de uma das maiores obras, senão
a maior obra realizada dentro da nossa florescente comunidade, porque (...)
foi por intermédio da Escola que Israel não pereceu na sua tragédia
milenária.”
A Escola recebia crianças a partir dos 4 anos de idade e leccionava o ensino
infantil dos 4 aos 7 e o ensino primário geral a partir dos 7 anos que
habilitava ao exame de admissão dos liceus. Moisés Amzalak ensinava História
do Povo de Israel, Margalitt de Castell, Língua Hebraica e Adolfo Benarus, o
Inglês e Francês. A ginástica médica era ministrada por Elias Baruel. A
lotação da escola era de 50 alunos e no seu início matricularam-se 22. O
grande financiador da Escola foi Salomão Levy J.
No ano seguinte, a Escola alargou o seu ensino ao 1º e 2º ano do curso dos
liceus, o que pressupõe um certo sucesso inicial da sua actividade. Em 1930,
Adolfo Benarus cria a Comissão dos Amigos da Escola Israelita de Lisboa,
composta por pais e amigos que timha por fim “realizar uma intensa propaganda,
assim como defender todas os interesses da Escola Israelita”. Em 1931/32 o
Anuário da Escola refere a existência de 43 alunos inscritos no ensino
primário e secundário até ao 5º ano dos liceus, assim como a introdução de
novas disciplinas como Religião Hebraica pelo Reverendo Mendel Diesendruck,
Alemão, História Judaica e Bíblia por Anna Herzberg.
Apesar disso, as dificuldades vão crescendo e a Comunidade entrega a
exploração da escola, já na rua do Salitre, a um grupo de professores dirigido
pelo Prof. Manuel de Almeida.
No seu relatório do ano lectivo 1933/34 está registada a inscrição de 70
alunos, mas os problemas continuam e a Comunidade, numa tentativa suprema de
salvar a escola, arrenda, em 1934, um palacete na Rua do Conde de Redondo,
entregando a sua exploração a novo grupo concessionário encabeçado pelo Dr.
Amadeu de Bettencourt Machado, médico da Faculdade de Lisboa e interino dos
Hospitais Civis, mantendo-se a educação israelita a cargo do Rabino
Diesendruck e de J. Schebabo e uma cozinha casher. A escola dispõe também de
um jardim infantil e de um serviço de Taxi para recolher e reconduzir as
crianças a casa.
No entanto, os défices da escola vão sempre crescendo e a Comunidade, incapaz
de fazer face às despesas, acaba por fazer um acordo com a Escola Eça de
Queirós que passa a tomar conta da Escola Israelita, herdando os seus alunos e
comprometendo-se em troca a manter o ensino do hebraico, pagando os salários
de dois professores nesta disciplina. No entanto, esta decisão que parecia
vantajosa acabou por ser a machadada final na escola. Com efeito, os pais das
crianças israelitas preferiam mandá-las para a escola da sua escolha, mais
próxima de sua casa, entregando o ensino do hebraico aos mesmos professores,
fora do horário escolar. Assim o número de alunos foi diminuindo até sair o
ultimo aluno judeu em 1943.
Com a partida de dois dos professores de história judaica, Anna Herzberg e P.
Zaliszewski, ficou apenas o Rabino Diesendruck a ensinar a língua e religião
judaicas em lições particulares e de grupo. Ainda se estabeleceu um jardim
infantil em 1950 no Centro Israelita com 10 a 15 crianças, mas com curta
duração. A partir daí, a educação judaica passou a ser feita de forma
irregular e com muitas insuficiências, com consequências muito negativas para
a comunidade.
Actualmente, a estabilização política e democrática em Portugal tem permitido
uma certa estabilidade e até um certo crescimento da nossa comunidade. E isso
reflecte-se no número crescente de crianças que frequentam a CIL. Mas continua
sempre premente o problema da educação que esperamos vir a resolver a curto
prazo com a implementação do projecto de um “gan ieladim” (jardim infantil),
capaz de ministrar os rudimentos do judaísmo às nossas crianças.
Um tema para pensar quando lembramos a Escola Israelita, símbolo do esforço
feito pela nossa comunidade em prol da educação dos seus filhos.
Esther Mucznik |
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