Tikvá n.º 39, 4º ano
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Tikvá Tikvá Boletim Informativo da Comunidade Israelita de Lisboa
“NOITE DE CRISTAL”
(1938-2003)
“NOITE DE CRISTAL”
(1938-2003)
Foto: Roger Kahan Foto: Roger Kahan
Novembro 2003
Cheshvan/ Kislev - 5764
n º. 39 4 º. Ano
Novembro 2003
Cheshvan/ Kislev - 5764
n º. 39 4 º. Ano
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2 TIKVÁ, Novembro 2003
FICHA TÉCNICA Director responsável: Esther Mucznik Director da redacção:
Marcos Prist Conselho Editorial: Nuno Martins e Diana Ettner Coordenação
Gráfica: TERRANOVA - Publicidade e Marketing, Lda. Impressão: Eurotom, Lda.
Os textos assinados são da responsabilidade dos seus autores
2 Editorial
Mensagem da Direcção
3 As Nossas Actividades
4/5 Rostos da CIL
6/7/8 Contando a Nossa História
9 Aconteceu no Mundo
10 Espaço Aberto
11/12/13 Aconteceu na CIL
14/15 Israel em Foco
16 Homenagem Esp. Itzhak Rabin Z’L
17 Tome Nota/Juventude
18 Cartas dos Leitores
19 Momento de Reflexão
20 Em Novembro/Dezembro
21 As Nossas Sugestões
22 Homenagens/Nahalot
mensagem da direcção
editorial índice
Israel, a maior ameaça à paz mundial ?
Colocada assim, a questão parece totalmente absurda. E, no
entanto, foi afirmativamente que responderam 59% dos euro-peus
inquiridos numa sondagem realizada pela Direcção de
Imprensa e Comunicação da Comissão Europeia.
Para perto de 60% de europeus, Israel é considerado o país mais
perigoso do mundo: surge na lista à frente do Irão, da Coreia do
Norte, da Síria, do Iraque...
O resultado desta sondagem é revelador da total inversão de
valores que hoje se verifica em grande parte da população euro-peia:
não são os regimes ditatoriais, corruptos e sanguinários que
albergam e financiam o terrorismo, que constituem uma ameaça
aos seus olhos, mas sim o único país democrático da região, de
raíz cultural essencialmente europeia e ocidental.
Israel não está acima das críticas e a sua política é, como qual-quer
outra, susceptível de ser criticada e condenada. Mas a
demonização sistemática, a denúncia permanente, exclusiva e
unilateral de Israel, ultrapassa a condenação de uma política,
questiona a própria legitimidade da sua existência. Isto tem um
nome: anti-semitismo.
Hipocritamente a Comissão Europeia procurou distanciar-se des-tes
resultados e até da própria sondagem. Mas a realidade é que
eles são a consequência de uma campanha de desinformação
permanente levada a cabo pelos média europeus e de uma polí-tica
de dois pesos e duas medidas no conflito israelo-palestinia-no.
A própria colocação do nome de Israel na lista de países que
representam uma ameaça para a paz também não é inocente:
não é preciso ser sociólogo para se saber que a resposta está sem-pre
na pergunta...
Esther Mucznik
Um mês de recordação !
Esta edição do Boletim Tikvá presta a
sua homenagem no 8º Aniversário do
trágico assassinato de Itzah Rabin Z´L
- grande líder que nos deixou o no-bre
legado da paz. Missão esta ainda
muito árdua e difícil de ser levada a
cabo pelos seus sucessores e que
tanto aflige aos nossos irmãos em
Israel.Também recordamos em No-vembro
o 65º Aniversário do Cristal
Nacht (Noite de Cristal), que marca a
também trágica noite de Novembro
de 1938, quando o governo hitlerista,
a pretexto de vingar um atentado
cometido em Paris contra um diplo-mata
nazista, estimulou que os seus
milicianos dessem início a um colos-sal
“pogrom” contra a Comunidade
Judaica Alemã. O facto acabou por
apresentar ao mundo um ensaio do
que viria a ser o Holocausto e a ten-tativa
de aniquilação dos judeus e
da nossa rica cultura. Momento este
então de lembrança e de renovarmos
as nossas forças, já que esta malfada-da
tentativa não foi lograda, pois cá
estamos hoje, Judeus da CIL e de
todo o mundo a seguir a escrever a
nossa história e a contribuir para um
mundo mais justo e tolerante, porém
sempre atentos e prontos a lutar con-tra
qualquer tipo de discriminação e
intolerância, independente do credo,
raça ou cor. E quando isto ocorrer o
nosso Boletim Tikvá estará sempre
atento para humildemente contribu-ir
na documentação e divulgação
destes factos.
Marcos Prist
Director Executivo CIL
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Grupo Guil Hazaav
(Idade de Ouro)
as nossas actividades
Coral Etz Chaim
(Coral Musical representativo da CIL)
As actividades já reiniciaram!
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nossa Sinagoga. Coordenação : Alain Hayat
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CLUB HOUSE
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4 TIKVÁ, Novembro 2003
P: Nasceu em Lisboa e foi aqui que passou a sua infân-cia.
O que recorda da CIL da sua juventude e de que
forma evoluiu a nossa Comunidade ao longo dos tempos?
Eu nasci em Lisboa, em Setembro de 1940, um ano depois
do início da II Guerra Mundial. Os meus pais foram ambos
educados em Lisboa, apesar de o meu pai ter nascido em
Faro e pertenciam os dois a famílias de origem marroquina.
A minha infância foi passada em Lisboa, no seio de uma
Comunidade onde não havia grandes eventos para as
crianças e os jovens. A partir da existência do Centro
Israelita, ainda assim, passou a haver mais convivência
entre os jovens mas a verdade é que até então o centro da
CIL era a Sinagoga, sendo as crianças educadas, do ponto
de vista religioso, por um Rabino. O Rabino Disendruck
teve nessa altura uma importância enorme na nossa
Comunidade. Sendo um cantor e um homem muito ligado
à música, foi capaz de trazer à Sinagoga a “atracção” da
beleza e do sentido estético da litúrgia, o que atraía muitas
pessoas. Mais tarde, após a morte do Rabino Castell, por
volta de 1944, veio para Lisboa um chazan, chamado para
desempenhar as funções de shohet e que mais tarde se
veio a tornar o Rabino Abraham Assor. Embora fosse um
homem muito ligado à ortodoxia religiosa, foi sempre uma
pessoa de ideias largas e muito tolerante e aberto na forma
de conviver com a CIL. A nossa Comunidade recebeu, antes
da Guerra, bastantes refugiados do Norte de África, essen-cialmente
sefarditas e portadores de uma tradição sefardi-ta
que, sendo fundamentalmente ortodoxa, nem sempre o
era em absoluto no que respeita ao seguimento religioso
das práticas judaicas. Os refugiados que chegaram duran-te
a Guerra, por outro lado, eram essencialmente ashkena-zim,
e chegaram com as suas práticas e tradições diferen-tes.
Esta situação conduziu, de certa forma, a um confron-to
entre a vida estabilizada da comunidade sefardita e
as práticas dos ashkenazim chegados durante a Guerra.
O papel dos Rabinos Disendruck e Castell na altura foi fun-damental
para a aglutinação e fusão entre as duas tendên-cias
do Judaísmo mediterrânico e norte europeu. Com a cria-ção
do Centro Israelita, a CIL chegou a uma situação de
homogeneidade, não havendo hoje praticamente nenhu-ma
diferença entre Judeus de uma e outra origem, embo-ra
se tenham mantido de forma saudável as tradições de
uns e outros. Foi neste contexto que fui educado, do ponto
de vista judaico. Nasci numa família de origem sefardita
tradicional, mas não ortodoxa, que sempre viveu um
Judaísmo “caseiro” de tradição marroquina mas muito
aberto ao convívio com pessoas Judias e não Judias e onde
as festas judaicas foram sempre marcadas por uma grande
hospitalidade.
P: A sua participação na vida comunitária da CIL come-çou
muito cedo e foi Presidente da Comunidade duran-te
bastante tempo. Como viveu esses anos de activismo na
CIL e como foi suceder ao Professor Amzalak?
Na altura da minha juventude, a CIL era dirigida por
homens muito importantes da vida nacional, sendo o
nome mais sonante o do Professor Amzalak, que foi um
distintíssimo Professor universitário, tendo chegado
mesmo a Reitor da Universidade Técnica de Lisboa, e foi
Presidente da CIL durante 52 anos. Era um homem muito
influente na comunicação social através do jornal “O
Século”, um jornal que nessa altura se intitulava como
independente e republicano e que sempre se manteve
independente do poder estabelecido, embora, claro, com
as limitações evidentes da existência de uma censura.
Quando o Professor Amzalak faleceu, em 1978, eu já parti-cipava
nas Direcções da CIL e do Centro Israelita de
Portugal há 15 anos, na qualidade de Vogal. A minha par-ticipação
mais activa tinha-se iniciado em 1963-1964,
depois do meu casamento com a Mery. Reuni em minha
casa um grupo ad hoc de pessoas dedicadas à CIL, tendo-se
rostos da CIL
Entrevista com Joshua Ruah
Conduzida por Diana Ettner
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constituído ali um grupo directivo não eleito mas que pro-moveu
de imediato a realização de eleições, em Dezembro
de 1978. Nasceu assim a primeira Direcção de que fui
Presidente. Nessa Direcção participaram membros ilustres
da nossa Comunidade, entre os quais Moisés Ettner, Joshua
Levy, Narciso Arié, entre outras pessoas que contribuíram
de forma decisiva para e reestruturação económica e polí-tica
da CIL numa época assaz difícil. De facto, vivia-se um
período de governos de iniciativa presidencial, com carac-terísticas
no contexto internacional muito pró-árabes.
Aliás, lembro-me bem da primeira visita de Arafat a
Portugal, por volta de 1980, que gerou bastantes protestos
da CIL, sobretudo no que respeita ao acesso aos meios de
comunicação, acesso esse que nos foi então totalmente
vedado. Tínhamos acabado de sair de uma ditadura onde
a informação nos era vedada e entrávamos numa demo-cracia
onde o acesso à informação continuava a estar veda-do...
O papel assumido pela Direcção foi um papel essenci-almente
político e administrativo, deixando-se totalmente
a direcção religiosa ao Rabino Assor. Lançámos também
uma campanha para as obras do Cemitério, que estava
numa situação calamitosa. Nessa campanha acabámos por
ter uma resposta “miraculosa” e as obras, inicialmente
orçadas em 1600 -1700 contos, realizaram-se na totalidade
e foram integralmente pagas, tendo custado cerca de 7000
contos no final. Foi um verdadeiro milagre numa
Comunidade adormecida do ponto de vista da contribui-ção
dos seus membros, e foi uma resposta muito positiva
perante uma realidade de reconstrução e relançamento da
CIL como entidade pública e presente. O espírito judaico é
um espírito de acção social para com os outros e nunca
deverá ser um espírito de contemplação abstracta e inefi-caz
de princípios religiosos improdutivos. E sempre enten-demos
que a verdadeira solidariedade começa na família,
desenvolve-se face à comunidade e termina com uma
acção positiva e real de intervenção na sociedade onde a
Comunidade se insere. Após 18 anos de actividade decidi-mos
não nos recandidatar, de forma a deixar que outras
ideias e outras pessoas tivessem ocasião de desenvolver a
CIL noutros sentidos. Passado um mandato, contudo, fui
novamente convidado a candidatar-me. Ofereci de início
uma grande resistência mas a insistência de um grupo de
pessoas que muito considerava levou-me a candidatar,
tendo sido Presidente por mais um mandato e meio, fun-ção
que abandonei por razões estritamente pessoais.
P: De que forma a sua actividade na Direcção da CIL
afectou e influenciou a sua carreira enquanto médico?
Eu fui eleito Presidente da CIL em 1978, seis anos depois de
ter terminado a minha comissão no Exército em Angola e
na altura em que tinha terminado o internato de cirurgia
geral e começado o internato da especialidade de urologia.
Estava, assim, numa fase de formação profissional e com
uma evidente necessidade de tempo para a minha profis-são.
Este facto, no entanto, nunca prejudicou a minha acti-vidade
comunitária pois havia tempo para as duas coisas.
Sempre reservei um tempo para a profissão e deixei um
tempo para actividades extra-profissionais, fossem na CIL
ou fora dela. Durante esta fase de formação profissional,
sempre me serviu de incentivo o facto de ser Presidente
da CIL. Não me parecia aceitável que o Presidente da
Comunidade, na sua actividade profissional, não tivesse
uma posição que dignificasse a sua actividade comunitá-ria.
E a minha posição de Presidente da CIL serviu de tal
forma de incentivo na minha carreira que em todos os con-cursos
hospitalares até chegar a Chefe de serviço da carrei-ra
hospitalar, me classifiquei em primeiro lugar.
P: E como vê, enquanto personalidade que tanto influ-enciou
a vida da CIL, o futuro da nossa comunidade?
Eu penso que a CIL está hoje numa fase de desenvolvi-mento
e de rentabilização de uma estrutura que se foi cri-ando
ao longo de anos e que não teve um impacto tão
positivo na acção junto dos jovens. No nosso tempo, embo-ra
tivéssemos tido madrichim, acabámos por seguir a polí-tica,
um pouco por falta de meios, das actividades dos
mais jovens serem desenvolvidas pelos jovens um pouco
mais velhos, tendo-se conseguido manter uma unidade
entre os jovens e crianças da CIL, mas sempre sem partici-pação
profissional nessa matéria. Neste momento, a
Direcção da CIL, sem ter que se preocupar tanto com pro-blemas
de estrutura interna, pôde profissionalizar as acti-vidades
dos jovens, criando um lugar de Director Executivo
que tem actuado não só juntos dos jovens mas junto de
todas as faixas etárias da CIL e que tem aglutinado de novo
os nossos membros em torno de valores judaicos extrema-mente
importantes, embora não apenas os valores ortodo-xamente
religiosos. Esta Direcção tem que continuar um
trabalho que pode ser de reunificação da CIL, ainda mais
quando vemos que nos últimos anos uma enorme quanti-dade
de Judeus veio para os arredores de Lisboa e consti-tuiu-
se num grupo separado da Comunidade. A reunifica-ção
é fundamental, ainda para mais tendo em conta o apa-recimento
da Comunidade judaica de Marranos de
Belmonte e o desenvolvimento da Comunidade do Porto.
Agora, todas estas Comunidades devem ser objecto de uma
maior integração e participação colectiva até ao ponto
(e porque não?) de se criar uma federação ou organismo de
cúpula dos Judeus em Portugal, que coordene as várias
Comunidades e tendências dos Judeus portugueses de
forma a que se possa constituir aqui um novo pólo de
atracção para os Judeus que pretendam sair de países que
vivem hoje circunstâncias e evoluções histórias mais agrestes.
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U
ma consulta atenta à utilíssima obra genealógica
de José Maria Abecassis
1
, sobre as famílias judai-cas
sefarditas de Portugal, revela facilmente a
dificuldade a que o autor não resistiu ao incluir entre os
seus títulos algumas famílias nítidamente ashkenazis,
como Blum, Katzan, Mucznik, Muginstein, Muller,
Segal, Wolfinsohn, além daquelas de nomes comuns
como Levy, Cohen, etc. nas suas possíveis variações.
Será essa uma prova mais de que na comunidade judai-ca
de Lisboa não houve uma distinção social entre
sefarditas e ashkenazis, que caracteriza outras comuni-dades
“mistas”, incluindo o Estado de Israel, onde se
assiste a um processo demasiado lento de “integração”,
que, em Portugal, foi apenas natural e expontâneo.
Não direi que não tenha havido excepções. Em alguns
círculos, que não na casa de meus pais, ouvi referir os
“insere yiden” (judeus dos nossos), distinguindo-os dos
“judeus portugueses”, assim como ouvi um sefardita
perguntar a outro, se as orações dos ashkenazis “não
lhe davam a volta ao estômago”. São apenas dois exem-plos,
mas essas eram as excepções.
Como ashkenazi nunca na minha família fizeram dis-tinção
entre os meus amigos judeus, consoante a sua
origem; nem nunca senti que nas famílias sefarditas
dos meus amigos, me olhassem como judeu diferente.
Na relativamente curta história da moderna comunida-de
judaica lisboeta, podemos distinguir, grosso modo,
duas fases imigratórias: os judeus de Marrocos e de
Gibraltar, chegados no princípio do século XIX, e os
judeus da Europa oriental e central, que começaram a
chegar nas primeiras décadas do século XX.
Alguns houve que passaram por Portugal, em épocas
mais remotas. Um caso, que não estará mais na memó-ria
de ninguém, mas que aprendemos nos “anais da
história” é assaz curioso: na sinagoga privativa de
Shemaya Cohen, falecido em Lisboa em 1830, o ofici-ante
era um judeu polaco, de Varsóvia, Philip Samuel,
que também faleceu em Lisboa, e está sepultado no
cemitério israelita da Estrela.
O período da II Guerra Mundial foi evidentemente uma
excepção com o grande influxo de judeus da Europa
ocupada. Entre os outros ashkenazis, que vieram para
Portugal, os primeiros vieram por razões profissionais
(Terló, Schwarz) e a maioria como porto de escala para
o destino final da onda migratória de então para as
Américas. Ficaram os que ficaram porque se sentiram
bem recebidos pela população portuguesa em geral, e
pelos judeus locais em particular.
Os recém-chegados foram recebidos de uma forma
geral, como irmãos e não como estranhos.
Meu descansado sogro, Zalman Moshe Szary, costuma-va
contar-me como, sendo ainda vendedor-ambulante,
ao passar na Rua de S. Bento o senhor Rafael Israel o
chamava da sua janela, para que subisse, para descan-sar
e tomar uma chávena de chá.
Na mesma casa ficou minha descansada mãe, há 70
anos, durante os dias em que aguardou em Lisboa o
meu nascimento, pois meus pais viviam fora da cidade.
E, como quase todos os “jovens” da minha geração,
nasci no Hospital Israelita na Travessa do Noronha sob
os cuidados solícitos e profissionais da D. Myriam Levy,
que, quando me deu a honra de assistir em minha casa
à milah do nosso filho Gabriel, ainda nos deixou grava-da
uma saudação lembrando que ambos, a Guítala e
eu, tínhamos sido “os seus pequenos”. O meu padrinho
foi um ashkenazi, Adolfo Korn, e a minha madrinha
uma sefardita, Raquel Amram.
Quase todos esses “pequenos” da nossa geração que
hoje vivem aqui em Israel, foram educados religiosa-mente
segundo o rito sefardita. E tivémos uma certa
dificuldade em nos adaptarmos às sinagogas ashkenazi
que aqui frequentamos. Aliás, também alguns sefardi-tas
de Lisboa se queixam aqui da mesma dificuldade...
Como cresci na província, onde só conheci ocasional-mente
três famílias judaicas que passavam em negóci-os
pela nossa aldeia, meus pais decidiram mudar-se
para Lisboa quando eu tinha 6 anos para que eu come-çasse
a conviver com outras crianças judias.
A primeira preocupação do meu pai foi, naturalmente,
procurar emprego, habitação, etc.
Mas logo então, passando numa manhã de sábado
junto ao Cais do Sodré, houve um senhor que se lhe
dirigiu e perguntou de chofre: “O senhor, por acaso, é
judeu ?”. Talvez porque meu pai era ruivo. Colhido de
surpresa meu pai respondeu que sim e logo o seu inter-locutor,
creio que o descansado Moisés Benezrá, lhe
pediu que viesse cumprir minyan na velhinha esnoga
“Ets Haim 1.ª”, que ainda funcionava ali ao pé na
Travessa do Ferregial. Desde então e até sairmos pela
primeira vez de Portugal, em fins de 1949, íamos ali a
contando a nossa história
Adafina e Schulent na Comunidade de Lisboa
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todas as festas. Cresci como sefardita de adopção, pois
éramos os únicos ashkenazis naquela esnoga e nunca
nos sentimos excepção.
A história da minha educação religiosa foi uma suces-são
de curtos episódios. Comecei aos 6 anos com um
refugiado. O senhor Kinreich, a quem o meu pai ajuda-va
na legalização dos seus documentos e que me leva-va
com ele para a sinagoga “dos polacos”, “Ohel
Yaakov”, que funcionava então por cima de uma gara-gem
na Avenida Miguel Bombarda. Ali me deram um
sidur já sem capas e com falta de muitas folhas e,
depois de Shaharit, tinha que comer uma fatia de bolo
de mel molhada num cálice de aguardente. Ali comecei
a ler com pronúncia ashkenazi.
Durante o período dos refugiados, a “Ohel Yaakov”
tinha muita frequência, e nas festas principais a comu-nidade
alugava também um salão dos Bombeiros
Voluntários para servir de sinagoga.
Na Elias Garcia estava
então o “Hehaver”, uma
associação de activida-des
sociais judaicas, ini-ciativa
de alguns ashke-nazis,
a que se juntaram
logo muitos sefarditas.
Havia também, durante
a guerra, uma associa-ção
de ju-deus polacos,
a “Poilishe Verein”, que
funcionava, salvo erro,
na António Augusto de
Aguiar, mas foi de vida
curta.
A “Ohel Yaakov” continu-ou
a ser até à década de
60, a sinagoga preferida das famílias polacas que vivi-am
ali nas redondezas - os “polacos das malhas”, como
então eram conhecidos pela população portuguesa, por
ser o negócio de muitos deles.
Havia ali também um café numa esquina, onde as
famílias se reuniam à noite. Lembro-me de uma vez ter
ido procurar alguém no café “Dallas” e ninguém me
saber dizer onde era. Quando finalmente encontrei a
pessoa que procurava fiquei a saber que era nome
dado pelos judeus: não era Dallas, mas sim “Dales”
(Daluth em hebraico, que significa pobreza).
Meus pais nunca íam à “Ohel Yaakov”. Quando, em
1952, encontrámos a “Ets Haim” já fechada, passámos a
ir à “Shaaré Tikva” onde tínhamos lugares marcados.
Aliás a maioria dos judeus ashkenazis também a fre-quentavam.
Alguns até faziam parte da direcção da CIL,
outros foram parnassim da esnoga sem qualquer espé-cie
de discriminação.
Quando nos casámos, íamos nas festas, um dia a uma
sinagoga, outro dia à outra para estarmos na compa-nhia
dos pais de ambos. E quando faleceu o meu sogro,
tive que ir muitas vezes à “Ohel Yaakov” cumprir minyan.
Comecei a aprender a ler em sefardita (que não é exac-tamente
a pronúncia do hebraico moderno) em casa de
um senhor que vivia relativamente perto de nós, e se
chamava, salvo erro, Salomão Mor. Ele ensinava-me a
ler e eu insistia com ele para me ensinar o significado
das palavras. Para me calar, mandou-me comprar um
caderno de linhas, fez para mim um ponteiro de ma-deira
que se mergulhava na tinta feita em casa, e
ensinou-me a escrever
umas quantas letras he-braicas
que partiam da
linha para baixo. Nunca
passei da primeira fo-lha
do caderno. Come-çaram
depois aulas de
hebraico no “Hehaver”.
Minha mãe e a senhora
Mitzner revezavam-se
em levar-nos de eléctri-co
para as lições. Éra-mos
o Filipe Mitzner,
que andava comigo na
escola primária, a irmã
dele, Marlene, e eu.
Acho que só aprendi três
palavras: “Shalom” e “Cad Katan” de uma canção de
Hanucah. Os Mitzner vieram em 1944 para a Palestina.
O Filipe, que foi depois Fishl e finalmente Efraim, era
meu vizinho desde que viémos viver para Israel. Tanto
ele como a Marlene, agora Miriam, se inscreveram na
nossa Liga de Amizade. O Efraim faleceu inesperada-mente
em Setembro deste ano. Foi um grande choque
para mim.
Chegou finalmente a altura de me preparar para a Bar-Mitzvá.
O professor que os meus pais me arranjaram, e
cuja memória ainda venero, foi o senhor Moisés
Goldreich, juiz e talmudista, que me dava as lições na
Centro Israelita - Despedida do Rav. Diesendruck - 1952
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contando a nossa história
“Ohel Yaakov”. Ensinava ao mesmo tempo dois miúdos,
um em ashkenazi, e outro, eu, em sefardita. Claro que
fiz a Bar-Mitzvá na velha esnoga “Ets Haim” no primei-ro
dia de Sucot e o senhor Goldreich, que me acompa-nhou,
foi convidado a fazer a oração do Hallel que
impressionou a todos pela sua beleza e simplicidade.
Em sefardita, claro.
Moisés Goldreich foi mais um exemplo de integração
comunitária: uma das suas filhas, Helena, casou com
um Ashkenazi, Salomão Mucznik, e a outra, Alice, com
um sefardita, Samuel Sequerra Amram.
Não creio que alguém fizesse jamais reparo nos casa-mentos,
relativamente frequentes, entre noivos das
famílias mais antigas sefarditas, e dos “recém-chega-dos”
ashkenazis. Com uma excepção: de uma das vezes
que o então ministro dos negócios estrangeiros de
Israel, Moshé Sharett, passou pelo aeroporto de Lisboa
e um grupo de representantes da comunidade e do
Centro o foi cumprimentar, teve este comentário em
relação a esta situação: “Nós, lá em Israel, também já
temos bastantes casamentos mistos!”. Ficámos todos
em choque. Para nós “casamentos mistos” tinha um sig-nificado
diferente.
Alguém ainda terá certamente convites para as festas
de Hanucá no Centro, onde figuravam sempre “os tradi-cionais
latkes e buñuelos”, outro exemplo de integração
natural. É pena que o excelente trabalho do engenhei-ro
Abecassis - inspirado por seu pai que uma vez, numa
festa de Bar Mitzvá me falou longamente sobre este seu
projecto - não tenha sido complementado com um
volume sobre os judeus ashkenazis, muitos dos quais já
lá figuram em citações nos diversos títulos e no índice
de apelidos. Tanto mais que, como escreve o autor, ele
já tinha fotocopiado todos os registos da comunidade.
Inácio Steinhardt
1
Abecassis, José Maria - “Genealogia Hebraica Portugal e
Gibraltar - Sécs. XVII a XX” - Lisboa, 1991
1
Outra fase da minha aprendizagem foi o vocabulário
especial da comunidade. Não se podia dizer que faltava
um para minyan. “Faltar” era falecer, palavra que tam-bém
não se usava. O funeral era a “mizvah”, todas as fes-tas
eram “páscoas”, etc.
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Israel é apontado pelos europeus
como a maior ameaça à paz mundial
Israel foi descrito como a maior ameaça à paz mundial -à
frente da Coreia do Norte, do Afeganistão e do Irão - de
acordo com uma pesquisa não publicada da Comissão
Europeia que ouviu 75 mil europeus, informa o The
Guardian. Segundo o jornal britânico, a pesquisa, feita
em Outubro, com 500 pessoas de cada um dos países-membros
da União Europeia, incluía uma lista de 15 paí-ses
com a pergunta: “diga, na sua opinião, se este país
representa ou não uma ameaça à paz no mundo”. Israel
foi escolhido por 59% dos entrevistados. De acordo com
o diário, o vazamento dos resultados da pesquisa para o
jornal espanhol El País e o International Herald Tribune
iniciou uma disputa diplomática internacional, com um
grande grupo judaico de lobby e direitos humanos, o
Simon Wiesenthal Centre, exigindo que a UE seja excluí-da
do processo de paz israel-palestiniano e a acusar a
Europa de estar a sofrer da pior epidemia de anti-semi-tismo
desde a 2ª Guerra Mundial.
José Saramago ataca novamente os
judeus
O vencedor do Nobel - José Saramago disse que os
judeus “não merecerão por muito tempo a simpatia pelo
sofrimento que passaram durante o Holocausto”.
Saramago, que ganhou o prémio de Nobel em literatura
no ano de 1998, disse recentemente no Brasil que “os
judeus viverem sob as sombras do Holocausto e a que-rerem
ser perdoados por qualquer coisa que fazem, em
nome dos que sofreram, parece abusivo para mim. Eles
não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e
avós? “ Um crítico regular de Israel, o escritor português
em outra oportunidade já havia comparado a cidade de
Ramallah ao campo de concentração nazi de Auschwitz
dizendo : “O espírito de Auschwitz está presente actual-mente
em Ramallah. Disse também que “os israelitas
estão a construir muros que nos fazem lembrar os gue-tos”.
Fonte : JTA
“Os judeus governam o mundo por
procuração”
Teve lugar na Malásia a 10ª cimeira da Organização da
Conferência Islâmica que reúne 57 países. O anfitrião do
encontro, o primeiro ministro da Malásia, Mahathir
Mohamad apelou aos 1,3 biliões de muçulmanos do
mundo a unirem-se contra os poucos milhões de judeus:
“Os Europeus mataram seis milhões de judeus em doze.
Mas, hoje, os judeus dirigem o mundo por procuração.
Eles conseguem que os outros se batam e morram por
eles. Estamos em face de um povo que reflecte.
Sobreviveram a 2000 anos de progroms, não devolvendo
os golpes, mas reflectindo. Os judeus inventaram o soci-alismo,
o comunismo, os direitos do homem e a demo-cracia
para que a sua perseguição seja vista como um
mal e para que possam usufruir dos mesmos direitos dos
outros. Tal táctica permitiu-lhes assumir o controle dos paí-ses
mais poderosos”. Sempre a mesma velha tese da domi-nação
judaica do mundo, de novo “ Os protocolos dos
Sábios de Sião”. Mas o mais grave é que não houve um
único país muçulmano a protestar contra esta interven-ção
que foi vibrantemente aplaudida no final.
“O pior caso de anti-semitismo dos
últimos anos”
Assim classifica Paul Spiegel, Presidente do Conselho
Central dos Judeus na Alemanha, o discurso do deputa-do
da CDU, Martin Hohmann afirmando que os judeus
são um “Tatervolk”, (um povo de culpados) porque gran-de
número de judeus participou activamente na revolu-ção
russa de 1917, que segundo ele causou a morte a
milhões de pes-soas. Entre as inúmeras cartas de apoio
ao seu discurso, que ele afirma ter recebido, encontrava-se
a de um general do exército Reinhard Guenzel, con-cordando
“que se pode questionar com uma certa fun-damentação
a culpabilidade dos judeus”. Esta tomada
de posição do militar foi considerada “insuportável” pelo
governo alemão que o afastou do exército no próprio
dia.
Vítimas de Hitler?
A Associação dos Deportados Alemães tem o projecto de
construir em Berlim um Centro de Documentação que
recorde os 12 a 15 milhões de alemães expulsos da
Europa Central no final da Segunda Guerra, após a capi-tulação
nazi. Os deportados consideram-se as “últimas
vítimas de Hitler”. Reconhecendo muito embora o sofri-mento
de muitos alemães inocentes depois da guerra, o
Chanceler Gherard Schroeder argumenta que a criação
de um Centro Nacional seria “um passo atrás” porque
iria contribuir para obscurecer as causas e os contextos
diferentes das depor-tações. Para Wladyslaw
Bartoszewsi, sobrevivente de Auschwitz, a pretensão da
Associação é que, a seguir aos judeus, os alemães surjam
como as principais vítimas de Hitler.
aconteceu no mundo
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10 TIKVÁ, Novembro 2003
Ao ler o Tikvá onde tem sempre umas histórias en-graçadas,
lembrei-me de contar este episódio, pois é
mesmo uma anedota!...
Fui viajar com um grupo até Berlim, e mais outras cida-des
alemãs, e dali fomos de autocarro até à Polónia,
onde estivémos em várias cidades, que por sinal estão
a ficar muito bonitas. Ficámos 3 dias em Vársovia. No
programa estava planeado um jantar com música num
restaurante não polaco mas sim judeu ou hebraico com
a dita comida que nós todos conhecemos!
Éramos um grupo de 40 pessoas em que a única judia
era eu. O restaurante era simples, uma sala com muitas
mesas tipo casa de família judaica em que nas paredes
havia aqueles quadros antigos de pessoas; velhos de
barba, senhoras antigas parecendo as nossas avós ou
bisavós desses tempos etc..
Depois os motivos de decoração eram gramofones anti-gos,
máquinas de costura em mesa, até uns samovares,
tudo estava adequado à sala de jantar. O jantar perfei-to!
Eu estava tão contente que ao entrar disse logo
“Shalom” ! O Sr fez uma vénia e também respondeu! No
meio do jantar vieram então os ditos músicos novos,
dois rapazes e uma rapariga cada um com o seu instru-mento.
Um violoncelo, uma flauta e uma concertina. A
música era linda parecia sefardita! Todos bateram
imensas palmas e quando acabámos a nossa refeição
levantei-me e fui conversar com eles dizendo que era
judia e gostaria de um dia os poder ouvir em Portugal
na nossa Comunidade.
Penso falavam inglês, mas dissseram-me que não eram
judeus. Fiquei um pouco desiludida no meu entusias-mo!
Por fim ao despedir-me do dono do restaurante
perguntei donde é que ele era e se havia muitos judeus
em Varsóvia! E até dar-lhe os parabéns por estar a vol-tar
às raízes fazendo por este meio honrar os antepas-sados
com a comida. Qual o meu espanto quando ele
também disse que não era judeu. Então explicou-me
que está na moda este tipo de comida hebraica e pola-ca.
E como não há lá muitos turistas eles procuravam
explorar este tipo de restaurante. E disse que tem muito
sucesso!
E esta hem ?
Vera Korn
espaço aberto
Uma engraçada viagem a Berlim
65 ANOS DA ”NOITE DE CRISTAL”
CRISTAL NACHT - 1938/2003
IRONIA DA HISTÓRIA ...
“Quando o meu avô deixou a Europa em 1937, havia grafites nos muros dizendo:
Judeus
para a Palestina! E agora quando visito a Europa os grafites dizem: Judeus, fora
da Palestina!
Que memória curta têm os europeus ...”
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TIKVÁ, Novembro 2003 11
aconteceu na CIL
Grupo Guil Hazaav completa o seu 1º Aniversário
Foi com muita alegria e satisfação que o Grupo Guil Hazaav comemorou durante o
mês de Outubro o seu 1º ani-versário.
Neste dia realizou-se uma actividade especial com a presença do Sr. Alain Hayat
que proferiu uma pales-tra
sobre “O conflito das gerações na óptica judaica”, tema este que gerou um
interessante debate entre os pre-sentes.
Em seguida todos comemoraram cantando algumas das músicas do já vasto repertório
desenvolvido pelo
grupo ao longo deste primeiro ano de actividades. O Grupo Guil Hazaav já conta
com cerca de 15 participantes com
idade a partir dos 60 anos e agora prepara-se para mais uma participação
especial na grande Festa de Chánuka da
CIL que se realizará no mês de Dezembro. Às actividades do grupo ocorrem sempre
às 4ª feiras, das 15h30 às 17h00
no Monte Olivete.
“A Paz é a Melhor das Bençãos Divinas”
Teve lugar em Évora, a 22 e 23 de Outubro uma Conferência Internacional
subordinada ao tema “O Diálogo Inter--
Religioso na Construção da Paz”. Do lado judaico participaram o Rabino Baruh
Garzón de Madrid, “Religião,
Violência e Paz” e Esther Mucznik, “Democracia e Liberdade Religiosa”.
Na sua intervenção o Rabino Garzón, que dirige o Centro de Estudos Sefarditas de
Madrid e o Centro Educativo
Sefardita de Jerusalém, afirmou que “Para o judeu, abrir caminhos para a
compreensão entre os homens é um
dever religioso e é assim que nós o vemos cada dia, a partir das primeiras
páginas do Ritual de Orações. (...) Para
um judeu, nunca é D’us que está em jogo. Portanto, não pode transformar-se em
fanático, ao interpretar as suas
próprias batalhas e projectos pessoais, individuais e colectivos em termos
apocalípticos e messiânicos, como se fos-sem
parte da luta maniqueísta entre o bem e o mal, à semelhança do que costuma fazer
o suposto mártir fanati-zado,
imolando-se com consciência de ter conseguido matar os inimigos de D’us. (...)
Shalom, a Paz, é um valor reli-gioso
fundamental no judaísmo”
Prof. Dr. Moisés Ayash é nomeado
O Prof. Dr. Moisés Levy Brendão Ayash, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da
CIL foi
eleito recentemente Presidente da Federação Mundial do Judaísmo Marroquino em
Portugal, entidade esta com sede em Jerusalém. Nossos votos de sucesso.
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12 TIKVÁ, Novembro 2003
Sucot - Simchat
Thorá CIL
A improvisada Sinagoga montada na sede administrativa da Cil, onde se passou
recentemente a realizar os servi-ços
religiosos da nossa Comunidade durante as obras da Sinagoga Shaaré Tikvá,
tornou-se pequena para as come-morações
da últimas festas do mês de Tishrei. Dezenas de pessoas circularam nestas datas
e participaram nas fes-tividades
de Sucot e Simchat Thorá e, apesar do espaço limitado, não deixaram de celebrar
com muita alegria estas
datas e comemoraram com muita música e dança na bela e aconchegante Sucá
construida com muito carinho no
pequeno pátio externo desta sede. Tudo isto acompanhado dos sempre saborosos
“kidushim” preparados também
com muito carinho pela querida Sra. Rebeca Assor. Em breve teremos as
comemorações da festa de Chánuka,
quando para além do sagrado acendimento das velas e dos serviços religiosos,
teremos um grande evento para
congregar toda a nossa Comunidade em torno desta também importante data do nosso
calendário. Portanto até
lá e não esqueça : venha e traga a sua família !
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TIKVÁ, Novembro 2003 13
aconteceu na CIL
Festa de Sucot do Dor Chadash
O Movimento Juvenil Dor Chadash realizou durante o mês de Outubro na Vila
Giralda, uma actividade especial em
comemoração da Festa de Sucot. Desta feita cerca de 30 chanichim (educandos)
participaram activamente nas acti-vidades
interactivas, dirigidas pelos 6 madrichim presentes neste dia. O grupo dos
Tzeirim (jovens dos 12 aos 15
anos) trabalharam intensamente na montagem de uma bela Sucá, lindamente decorada
pelos outros grupos dos
Garinim (7 a 11 anos) e Matchilim (3 a 6 anos). Em seguida, todos juntos puderam
já, sob o tecto da Sucá, como
manda a tradição, conhecer mais sobre esta tão importante data do nosso
calendário judaico e saborear um deli-cioso
lanche. Nesta dia os Tzeirim puderam também participar nalguns divertidos jogos
alusivos a esta data, e de
forma lúdica puderam integrar-se ainda mais aos seus valores e costumes.
Uma homenagem da CIL no
8º ANIVERSÁRIO DA MORTE DE
YITZHAK RABIN Z´L
(NOV. 1995 - NOV. 2003)
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14 TIKVÁ, Novembro 2003
Ahmed Qurei, mais conhecido por Abu Ala é, na
sequência da demissão de Abu Mazen, o senhor
que se segue como primeiro-ministro da Autoridade
Palestiniana.
Até há cerca de dez anos atrás, altura em que Yasser
Arafat o escolheu como negociador nos Acordos de Oslo
e porta-voz do Conselho Legislativo Palestiniano, Abu
Ala era um perfeito desconhecido na arena política,
mesmo para os seus próprios conterrâneos. Qurei foi
durante muitos anos um homem dos bastidores, ligado
sobretudo à administração financeira. Foi ele quem
construiu e dirigiu o Samed, o “braço económico” da
OLP, um verdadeiro império com negócios e investi-mentos
em três continentes.
Apesar dos seus 66 anos e da sua relutância inicial em
aceitar o cargo, Arafat insistiu e acabou por convencê--
lo. Para o líder palestiniano este é o homem certo para
o lugar certo. Ao longo dos anos, Abu Ala acatou sem-pre
as suas decisões e, mesmo quando discordou, fê-lo
sempre demonstrando o maior respeito pelo presiden-te.
Como homem de negócios que é, sabe que bater
com a porta é a última solução, que nem sempre se
pode ganhar e, para obter resultados, é por vezes pre-ciso
condescender, ter o mínimo de prejuízos possível e
capitalizar nos momentos certos.
Os negociadores de Israel, como Shimon Peres e Yossi
Beilin, reconhecem e valorizam estas qualidades de
Ourei. No fundo, mesmo os israelianos mais críticos,
não é a ele que põem em causa, mas sim a
própria liberdade de acção que Arafat lhe dará.
Fundamentalmente, todos sabem que é alguém com
quem se pode negociar. Abu Ala não é um estadista
com visão de futuro, não tem grandes aliados políticos
nem uma ideologia própria. Mas é um homem directo,
inequívoco e focado em resultados.
Das suas entrevistas e comentários em privado, alguns
comentaristas depreendem que terá tirado as necessá-rias
ilações dos erros cometidos pelo seu predecessor.
Abu Mazen fez um apelo directo ao fim da Intifada, cri-ticou
e pretendeu ilegalizar o terrorismo e antagonizou--
se com Yasser Arafat. O novo primeiro-ministro prefere
olhar para a situação sob o ponto de vista dos interes-ses
do seu povo e falar em “por fim ao caos” interno.
Resolver o problema da “segurança dos palestinianos” e
a grave situação económica que os aflige. O fim da
Intifada, de que os próprios palestinianos já estão far-tos,
seria uma consequência lógica do seguimento
desta política. Em relação ao Hamas, o seu discurso
também é diferente: não lhes pede o cessar-fogo ime-diato,
nem o desarmamento, nem os pôs fora da lei.
Propôs-lhes um compromisso intermédio: que não
andem armados na rua e que não armazenem explosi-vos
nem lancem ataques em zonas urbanas do territó-rio
palestiniano, preservando assim a segurança da
população. Que tomem as devidas precauções e sejam
selectivos, em prol do seu próprio povo.
Em troca, Qurei permitirá não um membro do Hamas
mas um elemento da confiança desta organização no
seu governo. Do mesmo modo, criou espaço para ele-mentos
dos Tanzin, o braço armado da OLP, que foram
responsáveis pelo golpe de estado que depôs Abu
Mazen mas que Arafat ignorou quando iniciou os con-tactos
para a constituição do mesmo.
Esta fórmula pretende deixar Arafat numa situação
confortável e satisfazer o seu ego presidencial. Sem
maltratar o Hamas, colocá-lo sob a égide da “união
nacional palestiniana”. A mensagem para os israelianos
e americanos é clara: não era bem isto que vocês que-riam,
mas é uma etapa e “o óptimo é inimigo do bom”.
Tacitamente, Qurei já enviou também um pequeno
post-scriptum para Ariel Sharon: se este compromisso
também não resultar e não conseguirmos resolver o
problema como “homens de negócios”, o que virá será
pior.
GABRIEL STEINHARDT
O “ABU” QUE SE SEGUE...
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TIKVÁ, Novembro 2003 15
Israel em foco
Palestra do Professor Jonathan Gershoni
da Universidade de Tel Aviv, no Hospital
de Santa Maria sobre HIV
No passado dia 16 de Outubro de 2003, o Professor
Jonathan Gershoni da Universidade de Tel Aviv deu
uma palestra, no auditório de farmacologia do Hospital
de Santa Maria, sobre os avanços nos estudos da área
do HIV, nomeadamente as pesquisas que tem liderado
em Israel para obtenção de uma vacina. O professor
Gershoni é um reputado especialista em biologia mole-cular
que trabalha no departamento de pesquisa celu-lar
e imunológica da Universidade de Tel Aviv. É ainda
Presidente da Israeli AIDS Task Force, uma organização
não-governamental que se dedica à educação e consci-encialização
do flagelo da SIDA. Na assistência encon-travam-
se as mais destacadas personalidades desta
área de investigação, que apesar de ter sido a primeira
vez que se concretizou a presença do distinto professor
israelita em Portugal, a sua exposição causou tal impac-to
que despertou o desejo de encetar uma futura cola-boração.
MED BRIDGE
Entre os dias 25 e 28 de Outubro, teve lugar em Israel,
o 1º Forum Inter-Parlamentar “MedBridge”. Este encon-tro,
cujo principal objectivo é fazer uma ponte entre a
Europa e o Médio Oriente, contou com a participação
de mais de 150 parlamentares em representação de 28
parlamentos europeus. Portugal fez-se representar por
sete deputados de várias forças políticas representadas
na Assembleia da República, tendo sido acompanhados
por uma jornalista do DN. Os parlamentares tiveram
oportunidade de se reunir com o Rei Abdullah da
Jordânia, o Primeiro Ministro israelita Ariel Sharon e o
Ministro dos Negócios Estrangeiros Silvan Shalom; bem
como Shimon Peres com o Primeiro Ministro palestini-ano
Ahmed Qorei.
Homenagem a Itzhak Rabin Z´L
A Embaixada de Israel em Portugal realizou no iníco do mês de Novembro uma
tocante homenagem a Itzhak Rabin
Z´L, na passagem do 8º aniversário do seu trágico e inesquecível assassinato.
Durante a cerimónia foram lidas bio-grafias
e textos que lembraram a memorável história deste grande líder. A convite do
Embaixador de Israel em
Portugal - Sr. Shmuel e sua esposa e Adido Cultural Sra. Nava Tevet, estiveram
presentes neste dia em nome da Cil
o seu Presidente Sr. José Oulman Carp; Esther Mucznik - Vice-Presidente, Samuel
Levy - Ex-Presidente e actual
Conselheiro para Assuntos Religiosos e Marcos Prist - Director Executivo.
Departamento de Imprensa
Embaixada de Israel
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16 TIKVÁ, Novembro 2003
homenagem especial a Itzhak Rabin Z ’L
Senhoras e Senhores,
Esta discussão nunca terá um fim:
Quem desenha a face da História?
Os líderes ou as circunstâncias?
Aqui está a minha resposta para vós:
Todos nós desenhamos a face da História.
Nós, o povo.
Nós, o agricultor que caminha atrás do arado;
O professor na escola;
O médico que salva vidas;
O cientista atrás do computador;
O operário da fábrica que todos os dias enfrenta a máquina;
O servente de obras no topo dos andaimes.
Nós, a mãe que acompanha em lágrimas o filho no dia em que entra para o
exército;
Nós, o pai que em noites insones, se preocupa pelo bem estar dos seus filhos.
Nós, judeus e árabes.
Nós, o povo.
Nós desenhamos a face da História e,
Nós, os líderes, ouvimos as vozes;
Reconhecemos os desejos do coração de dezenas, milhares, milhões de vozes e
traduzimo-los para a realidade.
Eu não estaria aqui hoje neste acontecimento histórico, se não fosse a grande
vontade de Paz do meu povo.
Eu, n.º pessoal 30743, Chefe de Estado-Maior na reserva, Yitzhak Rabin; soldado
das Forças de Defesa de Israel.
Soldado do exército da Paz de Israel.
Eu, que enviei unidades para o fogo e soldados para a morte, digo-vos meus
amigos:
Vamos hoje saír para uma guerra sem mortos nem feridos; que não tem sangue nem
sofrimento. A única guerra
em que vale a pena lutar: a guerra pela paz.
EXCERTOS DO DISCURSO DE YITZHAK RABIN NO
CONGRESSO AMERICANO EM WASHINGTON,
26 DE JULHO DE 1994.
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IMPORTANTE !
LOCAL DOS SERVIÇOS
RELIGIOSOS DA CIL
Comunicamos que durante todo o
período das obras de restauro da sina-goga,
os Serviços Religiosos da CIL
serão realizados na nossa sede no
Monte Olivete. Solicitamos porém que
o acesso e permanência em nossa sede ocorra somente
nos horários dos serviços religiosos, para a melhor orga-nização
das nossas actividades e para o bom funciona-mento
dos nossos serviços administrativos.
Contamos com a colaboração e compreensão de todos.
- C O M U N I C A D O -OBRAS
DE RESTAURO DA SINAGOGA
As obras tiveram início no passado dia 7 de Outubro. Por
motivos de organização e segurança, comunicamos que o
acesso à Sinagoga estará proibido durante todo o período
de realização das obras
Agradecemos pela compreensão
TESOURARIA
CAMPANHA DE QUOTAS 2003
Agradecemos às dezenas de pessoas que atenderam ao
nosso apelo na edição passada e efectuaram os seus
pagamentos. Solicitamos porém aos correligionários
que ainda não efectuaram o pagamento das suas quo-tas
relativas ao ano de 2002 e/ou 2003, que o façam
impreterivelmente até ao próximo dia 30 de
Novembro. Contamos com o vosso fundamental apoio
e colaboração !
A CIL NA RTP2:
Programa Fé dos Homens
Quarta-feira, 3 de Dezembro, 18h00 - Tema: “Chanuka”
Programa mensal da Comunidade
dedicado ao Judaísmo Português
TIKVÁ, Novembro 2003 17
tome nota
1904-2004
CENTENÁRIO DA SINAGOGA SHAAREI TIKVÁ
juventude
Vem aí mais um ....
Grande Encontro de Jovens CIL- CJM
“O Retorno “
Agora são os jovens da CIL que
receberão os de Madrid !
Todos juntos noutro grande evento !
Jovens de
13 a 15 e 16 a 20 anos
De 5 a 8 de Dezembro
em Lisboa
Reserva esta data! Mantenha-se informado
e participe !
Não fique de fora desta !!!
Aguarde novas informações !
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Não Dando a outra Face.....
Não pretendendo escrever uma resposta a um artigo de opinião, que é isso mesmo
de opinião, importa no entan-to
esclarecer alguns pontos.
No dia 29 de Junho juntámo-nos de facto para apreciar contas de gestão, mas
apenas do ano de 2002 como manda
a regra, e este ano foi com atraso, por razões várias, que foram detalhadamente
discutidas então, e não de 2001 e
de 2002 .
Este foi o tema essencial da nossa reunião que durou, para cânones da CIL, bem
pouco tempo. Outros temas foram
tocados sendo que o Rabino também o foi.
A “juventude e inexperiência “ do Monia enquanto membro nomeado da mesa - Vice
Presidente - justifica esta
pequena confusão. Importa no entanto perceber que, este pequeno entroito de
“faits divers” que nos foi proporci-onado
serviu para levar o assunto ao tema principal, RABINO.
São feitas, ao longo do texto, afirmações relativas ao Rabino Vaknin mais
propriamente ao seu desempenho.
Afirmações essas com um atraso entre 6 meses e 3 anos, logo claramente fora de
contexto e desapropriadas. São
também indicados os números, os tão famosos números da indemnização do Rabino.
Com um salário igual ao que
vem expresso, o signatário investiria algum do seu tempo em aprender para Rabino
e ....
Obviamente que o montante da indemnização está também inflacionado. Para que
possam os nossos sócios ficar
descansados o salário do Rabino era de menos de metade dos valores apontados.
Defendendo a sua posição não se informou o suficiente antes de afirmar que a
Direcção na sua busca de um novo
Rabino não quis saber da opinião da Comunidade. De facto e poderão testemunhar
todos os que, tendo sido con-vidados,
quiseram estar presentes e participar que o processo de selecção do rabino tem
sido de total abertura e
transparência.
Foi criado um painel de entrevistadores dos candidatos composto por pessoas das
mais variadas tendências e dese-jos,
que e porque não é possível ter 300 entrevistadores, representam a Comunidade.
Disto, ainda na fase inicial do processo, foi dado público conhecimento com a
publicação de nota informativa no
Tikva n.º 36. Cremos que desta forma a opinião da Comunidade está salvaguardada,
pelo que as reflexões do nosso
amigo, legítimas por certo mas também desajustadas no tempo, não trazem nada ao
processo de selecção que não
houvesse sido já posto em prática.
Terminando com uma referência a limites. Sendo óbvio que a Assembleia Geral da
CIL é soberana poderá, se achar
que deve, fixar todos os limites que quiser. Pode por exemplo determinar que a
compra de material de escritório
não deve ultrapassar os 5 euros por funcionário e por ano, ou pode como tem
vindo a fazer confiar no bom senso
dos que elegeu e a quem conferiu os poderes para gerir e apresentar contas.
José Ruah
Tesoureiro e Responsável pela Área de Religião
Resposta à carta do Sr. Monia Atzmon, publicada na edição 38 - rúbrica - Espaço
Aberto
18 TIKVÁ, Novembro 2003
cartas dos leitores
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TESES DEPOIS DE ROSH HASHANÁ E YOM KIPUR
1. Ensinam vários Midrashim que Hashem criou o Mundo para Israel, que Israel é o
conceito que designa o desti-natário
do Bem, que Hashem oferece e que o meio criado para a transmissão/recepção deste
Bem é a Torá.
2. Em Rosh Hashanáh celebramos HaYom Harat Olam, o aniversário do Mundo. Mas
celebramo-lo no sexto dia da
criação em que Adam HaRishon foi formado e não no primeiro dia, porque Adam
HaRishon, Homem e Mulher, era
o Israel em potência, para quem o Mundo foi criado.
3. Adam HaRishon falhou quando desobedeceu a Hashem e dez gerações mais tarde a
sua descendência desapa-rece
no dilúvio. Salvo Noach (e a sua família) que surge como um “Adam HaSheni” numa
segunda “Criação” mas a
sua descendência também falha e acaba dispersa e dividida em nações na sequência
da Torre de Babel. A
Humanidade deixa assim de ser Israel em potência.
4. O terceiro candidato a Israel é Abraão e a sua descendência. A identificação
entre a descendência de Abraão e o
conceito Israel concretiza-se em Har Sinai com a outorga da Torá. O Talmude
ensina que a Torá foi oferecida às
Nações que a recusaram e que caso Israel tivesse recusado a Torá o mundo teria
deixado de existir (já que o seu
propósito seria gorado).
5. Abraão HaIvri (o Hebreu) fez a Aliança com Hashem, que envolveu a promessa de
um papel futuro para a sua
descendência, os Hebreus, como o “Israel”.
6. No Egipto os Hebreus multiplicam-se e deles emergem os B’nei Israel do Êxodo.
Os Hebreus que não optam pelo
Êxodo morrem na nona praga. A multidão mista (Erev Rav), que são falsos
prosélitos, acompanha os B’nei Israel no
Êxodo. O Erev Rav, a fonte de quase todos os problemas e revoltas que surgem no
deserto nas relações entre
Hashem e Ha’am (o Povo), quis voltar para o Egipto.
7. Um conceito fundamental que distingue o Judaísmo dos outros monoteísmos
éticos e que exprime e veícula a
relação entre Hashem e o Israel, que teve o seu início em Abraão, é o conceito
de Aliança (Berit). Este conceito evita
o defeito fatal do monoteísmo, ou seja o imperialismo religioso baseado no
trinómio: Um Deus - Uma Religião -Uma
Verdade. A Aliança é a fonte das obrigações mútuas, absolutas mas particulares
de Hashem e Israel. É este
carácter particular da Aliança que cria espaço para a relação/aliança entre
outros povos (B’nei Noach) e Hashem,
no contexto das Sete Leis dos Filhos de Noach, que são o denominador comum mais
baixo e universal que obri-gam
toda a Humanidade.
8. O Ari’zal ensina a regra midráshica de que sempre que a Torá refere os B’nei
Israel como Ha’am refere também
o Erev Rav.
9. Os Hebreus que não querem deixar o Egipto, o Erev Rav que quer voltar para lá
e os B’nei Israel que querem
avançar para Sinai e Canaan existem, não só nos relatos do Êxodo, mas também
como arquétipos psico-espirituais
do nosso inconsciente colectivo.
10. Mitzraim (Egipto) não é só um lugar mas é um estado de afastamento
espiritual. Assim diz-se que Hashem tirou
os Judeus de Egipto e Egipto dos Judeus.
11. Os B’nei Israel surgem no contexto do Êxodo e da Aliança firmada em Har
Sinai, no papel do Israel para o qual
o Mundo foi criado. Assim, o “ser judeu” não pode ser separado da Aliança, já
que somos o “Israel” em concreto.
12. O ter mãe judia, faz-nos membros de Ha’am, com os nossos vários arquétipos.
O resto depende de nós.
Podemos ser Hebreus/Erev Rav subtraídos da Aliança com Hashem, ou tentar ser os
B’nei Israel proactivos, que
cumprem a sua missão como o Israel da Criação.
13. A Teshuvá é o regresso à Aliança que é a nossa relação particular com Hashem
e que nos distingue das Nações,
mas também nos afasta dos “Hebreus que ficaram em Mitzraim” e do “Erev Rav que
quer voltar para Mitzraim”
presentes em nós.
© Mark Robertson
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momentos de reflexão
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20 TIKVÁ, Novembro 2003
em Novembro/Dezembro
GRANDE FESTA DE
CHÁNUKA NA CIL
Dia 14 de Dezembro - Domingo - às 18h00
Participação: Adultos 8 € + 1 agasalho
para uma Campanha de Solidariedade Social
(crianças até 10 anos não pagam)
Deliciosos Sufganiot, Ievivot ...
Exposições de trabalhos manuais,
apresentações artísticas dos jovens e crianças de Dor Chadash,
Grupo Guil Hazaav, Coral Etz Chaim da CIL,
sorteio de passagem a Israel e muito mais ...
Venham e tragam as suas famílias. Prestigiem!
O
Musical Scents of Light, em português - Rastos de Luz, passa-se
num campo de trabalho nazi, em plena II Guerra Mundial, rela-tando
uma história de amor entre dois jovens judeus aprisiona-dos
e a amizade de um oficial alemão pelos dois judeus.
A história é contada em dois actos. Inicia-se em Janeiro de 2001, na
casa do velho Joshua, que recorda a sua amada de sempre. Com ele,
somos transportados para o campo de trabalho nazi de Stalag III, em Novembro de
1941. A chegada de mais um
comboio carregado de prisioneiros judeus, leva ao reencontro de Joshua com a sua
noiva Hannah, feita prisionei-ra
seis meses antes e com o seu amigo de infância Andreas, agora oficial alemão. Os
poucos dias passados em Stalag
III, vão mudar para sempre as suas vidas... e não deixará ninguém indiferente!
Eles testemunham o poder do amor
e a força da esperança, verdadeiros rastos de luz numa existência humana, cujo
significado nem a guerra conse-guiu
apagar.
Venha viver Scents of Light... deixe-se invadir por estes rastos de luz...
O elenco constituído por 59 elementos: cantores, actores, bailarinos e uma
orquestra de 30 elementos que actua-rá
ao vivo, farão de Scents of Light - Rastos de Luz um espectáculo de grande
dimensão e excelente qualidade...
Uma Grande Produção Nacional.
Durante uma semana, poderá assistir a este brilhante musical no Porto, no Teatro
Rivoli.
Novembro 2003
Dias 24, 25, 26, 27 pelas 21h30
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as nossas sugestões
Livros
• “Judeus em Portugal” - Colecção “Histórias de Vida” - O Testemunho de 50
Homens
e Mulheres. Primeiro volume da nova colecção “Histórias de Vida”, dirigida pelo
historiador português
José Freire Antunes. É uma obra de referência nacional, que inclui um testemunho
do Presidente da
República de Portugal, Jorge Sampaio, e abundantes revelações históricas com
base em documentação
inédita dos arquivos do Ministério dos Negócios Estrangeiros (Lisboa).
NOVOS EXEMPLARES JÁ ESTÃO NOVAMENTE À VENDA NA NOSSA SECRETARIA! Quantidade
disponível
limitada ! Apenas 35,00 €
• Lendas e Contos Judaicos - José Jorge Letria / Alain Corbel - Editora Ambar
• “Gueto de Varsóvia” - Lançamento no Espaço Memória dos Exílios no Estoril -
Dia 18 de Novembro - às
21horas
Tradução - Miguel Bekerman
Coordenação da Edição - Miriam Assor
Apoio : Câmara Municipal de Cascais
Televisão
• Chai TV - vai ser lançado em 2004, um canal judaico de televisão
internacional, CHAI TV, sediado em Paris.
O projecto denomina-se “The missing link” (O elo que faltava) e irá debruçar-se
sobre a vida e história judaica e
sobre o Médio-Oriente. Não haverá emissões directas aos Sábados. Nove
jornalistas franceses e americanos estão
já a preparar o projecto que tenciona ter 40 jornalistas a trabalhar em Paris e
20 em Jerusalém.
1º ANIVERSÁRIO DO SITE OFICIAL DA CIL!
O NOSSO SINCERO AGRADECIMENTO A TODOS OS NOSSOS VISITANTES E
SIMPATIZANTES QUE NOS ESTÃO A PRESTIGIAR E APOIAR
Conheça as super novidades da nossa nova “Secção Interactiva” com a sondagem do
mês, humor, receitas da
culinária judaica, músicas judaicas, as últimas notícias de Israel e imagens do
Muro das Lamentações em
tempo real !!! Mais ainda haverá outras surpresas. Aguardem e fiquem atentos...
Visite! Divulgue! Faça o seu registo e dê a sua opinião!
www.cilisboa.org
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22 TIKVÁ, Novembro 2003
homenagens
Participe nestas homenagens.
Actualize os seus registos junto à na nossa secretaria
através do tel. 21 393 11 30 - de 2ª a 5ª feira - das
14h00 às 17h00 horas.
secretaria@cilisboa.org
NOVEMBRO
Parabéns a...
Aniversariantes
Edgar Lowenthal 03-11
Salomão Rosenfeld 07-11
Beila Leia Szary 11-11
Renato Arié 14-11
Álvaro Leon Cassuto 17-11
Clara B.Hayat 17-11
Andréa Teruszkin 18-11
Eva Ettner 19-11
Toni Ruah 19-11
Edith Foerster 19-11
Alexandre Brodheim 19-11
Ester Bekerman das Neves Carneiro 21-11
Mark Robertson 21-11
Martha Steinhardt 25-11
Vera Curiel 27-11
José Salvado 28-11
Jeremy Aboab Leidstar 29-11
Gabriel Steinhardt 29-11
Peter Merrin 30-11
CHESHVAN
Sábado 15/11
20 Nadia Spiegel
20 Ester Benoliel
22 Máximo Dário Becker Weinberg
22 Carlos Ergas
23 Abraham Israel
23 Eugénia Weiss
24 Margarete Coenca
24 Max Nahmann
25 Ajzik Katzan
Sábado 22/11
27 Raquel Querub
27 Raquel Jablonski
27 Srul Finkelstein
29 Ruben Azavey Azancot
1 Goldina Taranto
2 Godoricha Mode Botelho
3 Berthold Singer
KISLEV
Sábado 29/11
4 Magda Buzaglo
4 Vittoria Maissa
4 Anna Roffe Levy
5 Ruben Bak Gordon
5 Fortunata Esaguy Manaças
7 Salomão Levy Jr
9 Moisés Lev
10 Mecia Azriel
10 Micael Uzzan
Sábado 06/12
11 Aló Levy
12 Messod B.Esaguy
12 Yolande Cohen
13 Mery Tangi Israel
14 Matilde Presente Spieguel
14 Pinhas Segal Levy Bem Haim
14 Ida Helena Aberlé
14 Oswald Levy
16 Joshua Amram
17 Erika Draiblate
17 Simy Azavey Azancot
17 Helena Kaezar
17 Menahem Adrahi
Sábado 13/12
18 Joachim Draiblate
19 Shlomo Bekerman
19 Fraim Adrahi
19 Paulo Cymerman
20 Szindla Goldrajch
20 Simy Bensimon Barreiros
21 Maximiliano Bachman
21 José Tuati
21 Isaac Marques
22 Mazaltob David
23 Alegria Obadia
Sábado 20/12
25 Clementino Benoliel de Carvalho
27 Jacob M. Sequerra
27 Raquel Toledano
27 Myriam Fresco dos Santos
28 Theodor Richheimer
29 Alegria Bendelac
29 Lucia Terló
30 Margot Berkowitz
nahalot
Mazal Tov! Os nossos parabéns e os
votos de muitas felicidades a todos!
Resultados da nossa songadem virtual
Mês de Outubro
Visite o nosso site em www.cilisboa.org e
participe da nossa sondagem mensal !
Os resultados serão publicados mensalmente
em nosso Boletim Tikvá!
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TIKVÁ, Novembro 2003 23
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e sugestões para TIKVÁ até
ao dia 15 de cada mês.
Rua do Monte Olivete,16 r/c.esq.
1200-280 Lisboa
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Segunda a Quinta-feira, 9h00 às 17h30
Sexta-feira e vésperas de festas Judaicas
das 9h00 às 13h00
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das 13h00 às 14h00
Atendimento ao público
Segunda a Quinta-feira, 13h00 às 17h30
Os espaços para reuniões devem ser agendados
com aviso prévio, mínimo de 48 horas
Tesouraria
Acácia Dourado
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Telf. 213 931 134
Atendimento de Segunda a Quinta-feira, das 10h00 às 13h00
Telefone
213 931 130
Fax
213 931 139
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Director Executivo
Marcos Prist
director@cilisboa.org
Movimento Juvenil Dor Chadash
dorchadash@cilisboa.org
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