Tikvá n.º 55, 6º ano
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TIKVÁ BOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA N º 5 5 | 6 º A n o
Outubro/Novembro de 2005
T i s h r e i / H e s h v a n 5 7 6 6
HAROLD PINTER (Literatura)
e ROBERT AUMANN (Economia)
Prémios Nobel 2005
HAROLD PINTER (Literatura)
e ROBERT AUMANN (Economia)
Prémios Nobel 2005
10 anos sem ITZHAK
RABIN
(1995-2005)
Recordar
sempre !
Estamos de volta com a edição e
nº 55 do nosso Boletim Tikvá que
marca importantes factos ocorridos
nos últimos 2 meses na nossa
CIL e no mundo com destaque para
as celebrações dos Iamim Noraim
na nossa Sinagoga, a alegria
da primeira edição da nossa
SHANÁ TOVÁ PARTY, bem como a
comemoração dos Chaguei Tishri
na nossa Comunidade.
Destaca também com alegria e orgulho
os Prémios Nobel entregues
a mais dois destacados judeus das
áreas de literatura e economia e
finalmente a interessante e surpreendente
descoberta de mais
uma antiga Sinagoga existente na
cidade do Porto.
Esta edição traz a todos também a
sempre importante necessidade
de lembramos datas como o Cristal
Nacht ("A Noite de Cristal") que
completa o seu 67º aniversário e o
não menos importante 10º aniversário
da morte do líder Itzhak
Rabin Z´L. Lembraremos também
com carinho e saudades do nosso
Rabino Boaz Pash que regressou
recentemente à Israel com a sua
família, após 2 anos um de convívio
com a nossa Comunidade Israelita
de Lisboa e a quem auguramos
muito sucesso !
Só nos resta então desejar a todos
uma agradável leitura e que desfrutem
de mais esta edição do
nosso Boletim Tikvá, feita como
sempre com muito carinho e dedicação
!
Marcos Prist
Director Executivo CIL
E D I T O R I A L
"Os judeus são geniais?"
Dois dos prémios Nobel deste ano de 2005 são judeus:
Harold Pinter, em literatura e Robert J. Aumann,
em economia, cujas biografias resumimos
neste número do Tikvá.
Os judeus são apenas 0,25% da população mundial
e, no entanto, até hoje já conquistaram 27% dos prémios
Nobel, 25% dos prémios ACM (Association for
Computing Machinery), destinados a premiar alunos
de ciências informáticas, e 50% dos títulos mundiais
de xadrez.
Seremos mais inteligentes do que os outros povos?
O jornal EL MUNDO, num artigo reproduzido na revista
SÁBADO, sob o título "Os judeus são geniais?", divulga
um estudo de dois antropólogos americanos
que garantem que a explicação está na genética.
Creio que é perigoso ir por aí. É inegável que proporcionalmente
aos outros povos temos mais prémios Nobel,
e talvez melhores resultados no domínio intelectual
e profissional. Mas não creio que seja uma questão genética.
Um povo é acima de tudo o resultado - e simultaneamente
a origem - da sua própria história e a
história do nosso povo obrigou-nos a desenvolver determinadas
características: a iniciativa, a imaginação, a
inquietação, a capacidade de adaptação, são algumas
características que tivemos de desenvolver face às perseguições,
às constantes mudanças de país e de língua,
à necessidade de recomeçar muitas vezes do zero.
É evidente que isto também tem contrapartidas numa
certa obsessão da perseguição, no desejo intenso
de ser admitido e reconhecido, numa visão algo egocêntrica
do mundo.
Mas o que faz de nós um povo diferente desde tempos
imemoriais é a importância do estudo. O estudo
da Torá, como primeira obrigação religiosa desde a
mais tenra idade, o estudo do Talmud, mais tarde,
obrigando a uma permanente "ginástica" mental, o
estudo também das ciências "profanas", complemento
indispensável do estudo religioso. É o estudo, o
desejo de conhecer, a reflexão e a polémica intelectual
que moldou o nosso povo. Mas sendo produto de
uma história e de um comportamento, essa diferença
também pode desaparecer - se abandonarmos essa
regra de ouro da nossa história que é o estudo e, em
primeiro lugar, o estudo da Torá.
Em Simchá Torá inicia-se um novo ciclo anual de leitura
da Torá, eternamente repetido, à imagem do
próprio conhecimento nunca acabado e sempre renovado.
É esta leitura eterna da Torá que fornece a chave
simbólica dos Nobel judaicos.
Esther Mucznik
Vice-Presidente
2 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
FICHA TÉCNICA Director Esther Mucznik Chefe
de Redacção Marcos Prist Colaboradores Camila
Welikson, Diana Ettner, Gabriel Steinhardt,
Henrique Ettner, Nuno Martins e Samuel Levy
Concepção e produção gráfica Raimundo Santos
A s comunidades religiosas
são livres no exercício das
suas funções e do seu culto, podendo
praticar um conjunto de
actos sem interferência do Estado
ou de terceiros. Nesse actos
contam-se, entre outros, ensinar
na forma e pelas pessoas por si
autorizadas a ditames religiosos,
assistir religiosamente os próprios
membros, comunicar e publicar
actos em matéria religiosa
e de culto, relacionar-se e comunicar
com as organizações da
comunidade ou de outras
confissões no território nacional
ou no estrangeiro.
No que toca à questão do ensino
religioso nas escolas públicas, a
Comunidade pode requerer o
ensino do Judaísmo nas escolas
públicas do ensino básico e do
ensino secundário que indicar.
Não obstante, o ensino da moral
e da religião depende de um número
mínimo de alunos e da
existência de uma autorização
manifesta e expressa do desejo
de frequentar as aulas. Compete
igualmente à Comunidade elaborar
os programas e aprovar o
material didáctico (de acordo
com as orientações gerais do ensino),
devendo o professor ser
considerado idóneo para a qualidade
de professor.·
Nuno Wahnon Martins
SABIA QUE...
L E I D A L I B E R D A D E R E L I G I O S A
foram difíceis. Nunca critiquei o
meu pai por isso porque compreendia
muito bem que ele preferisse
que eu casasse com um
judeu. Ele era judeu, a família era
toda judia, o meu marido devia
ter sido judeu. Mas não foi e nós
fomos muito felizes e o meu pai
acabou por gostar muito dele.
Estivemos na Guiné vinte e cinco
anos, porque o meu marido era
anti-salazarista e houve uma altura
em que isto estava péssimo
aqui, prisões que nunca mais
acabavam, até nos cafés era perigoso
falar. Eu fui porque o meu
curso dava-me direito a ser professora
de liceu, de modo, que
não havia liceu nenhum nem nada,
nós é que o criamos. Nós os
dois e mais uns licenciados que
estavam lá. Resolvemos fazer um
liceu porque os alunos lá tinham
todos de vir para Portugal.
O meu pai trabalhou numas minas
de Gaia, era mesmo pertinho
de Belmonte e ia muitas vezes a
Belmonte. Foi lá que eu conheci a
comunidade cristã nova. Foi lá
que ele começou a entrar na sociedade
deles e a estudar a sua
vida, os seus rituais e costumes.
Como é que o seu pai descobriu
que eles tinham ritos judaicos?
Ele foi comprar coisas que precisava
para as minas e o senhor
que estava a vender disse-lhe para
nunca ir à loja em frente
porque era de um judeu. O meu
pai ao ouvir isto foi logo lá. Começou
a conversar com ele, mas foi
difícil convencê-lo a falar porque
eles todos tinham muito medo
nessa altura, era tudo muito secreto.
Mas um dia, esse senhor
veio a Lisboa e o meu pai levou-o
à sinagoga e ele ficou mais
convencido. Mas levou muito tempo
até que o meu pai conseguisse
entrar mesmo dentro daquela sociedade.
E como as orações e as
práticas todas eram dirigidas pelas
mulheres, uma delas disse
uma vez ao meu pai: "se o senhor
é judeu, então diga lá uma oração".
O meu pai disse o Shemá, e
quando pronunciou a palavra
Adonai, ela convenceu-se que ele
era judeu. E foi assim a entrada
do meu pai no meio. Conseguiu
conhecer os seus rituais, as festas,
e depois escreveu o livro " Os
Cristãos Novos em Portugal".
Acha que a memória do seu
pai não está a ser bem preservada
em Belmonte?
De maneira nenhuma. Se existe
hoje um museu judaico em Belmonte,
deve-se em grande parte
ao meu pai que descobriu e escreveu
sobre os cristãos novos que lá
viviam e, apesar disso não há praticamente
nenhuma referência a
ele no museu. Eu fui lá com os
meus filhos e ficámos aborrecidíssimos
com isso, começámos a escrever,
eu escrevi uma carta aberta,
os meus filhos escreveram,
depois isto alastrou-se porque eu
tenho parentes em toda a parte
do mundo, todos eles escreveram.
Aquilo começou a dar que falar,
o senhor que orientou o museu,
o Dr. Canelo, disse que sim,
que estudou e leu sobre o meu
pai, então se estudou e leu, devia
saber um bocadinho mais.
Eu insisto na minha ideia de que
no museu devia haver um espaço
dedicado ao meu pai. Mandei para
lá livros e uma fotografia ampliada,
depois de criado o espaço
poderei ver se posso mandar
mais alguma coisa ou não.
Já foi alguma vez a Israel?
Já, já fui. Gostei muito, adorei,
achei uma maravilha de uma terra.
Fiquei encantada com tudo,
com as ruas cheias de flores, com
a maneira de regarem as flores.
Tudo bonito. Só tenho pena que
as coisas lá não estejam bem.
O meu pai nunca conseguiu ir a
Israel com grande pena.
Mas o seu pai teve uma grande
alegria quando foi fundado
o Estado de Israel?
Com certeza. A vontade do meu
pai era ir lá mas adoeceu e não
pode ir. Foi um grande desgosto
na vida dele. Teve outros
grandes desgostos: durante a
guerra, um irmão dele, a mulher
e dois filhos morreram, creio que
no Gueto de Varsóvia. Também o
pai dele, já com 80 anos, vivia na
sua casa com uma biblioteca enorme,
que foi incendiada ao que
tudo indica pelos alemães. Ele
morreu e levaram uma filha,
nunca mais ninguém a viu.
A Clara nasceu em Portugal?
Eu nasci em Portugal. O meu pai
era polaco a minha mãe era russa,
o meu pai era engenheiro de minas
e esteve a trabalhar em Espanha,
na Suíça, na Rússia, em África, na
Costa do Marfim. Os nossos avós
eram amigos e encontraram-se na
Suíça no congresso sionista, e o
meu pai conheceu a minha mãe,
gostaram um do outro e casaramse.
Foram passar a lua de mel em
Paris, andaram a passear até que
houve a revolução na Rússia e eles
deixaram de receber dinheiro. O
meu pai ainda foi a Espanha mostrar
à minha mãe onde ele tinha
trabalhado, mas depois eles ficaram
sem meios para poder viver e
o meu pai ouviu falar de Portugal e
resolveu vir até cá. Chegou aqui arranjou
logo trabalho e ficou. Eles
depois voltaram à Polónia, à Rússia
já não, a minha mãe perdeu a
família toda, perdeu tudo o que tinha,
nunca mais voltou. Depois ficaram
por cá, eu nasci cá, estudei cá
ainda vivi uns anos na Guiné.
Qual é a memória que guarda
do seu pai? O seu pai a certa
altura tornou-se uma pessoa
conhecida.
O meu pai foi sempre conhecido
porque em 1919 comprou a sinagoga
de Tomar. Ele já sabia que
tinha existido ali uma sinagoga que
depois foi transformada em capela,
e depois em sei lá o quê e foi ver e
achou lindo, mas estava cheia de
palha e ele mandou limpar. Só que
ele vivia em Belmonte e não em
Tomar e não podia estar nos dois
lugares ao mesmo tempo, nem tinha
possibilidades de tornar aquilo
numa coisa séria, num museu. E
então, ele resolveu comprar e oferecer
ao Estado para se fazer dali
um museu luso-hebraico. O desejo
dele era fazer uma coisa à imagem
do Museu de Toledo, em Espanha,
com uma biblioteca com livros luso-
hebraicos, porque ele também
tinha uma biblioteca muito grande.
Houve muitas conversas em que
se combinou que a biblioteca ia para
aquele museu. Só que levaram
a biblioteca para uma repartição de
finanças, onde esteve anos, atirada
de qualquer maneira. Um dia
resolveram tirá-la dali para a levar,
em parte para a Universidade Nova,
e a outra parte não sei onde
está. Era uma das vontades do
meu pai que se fizesse uma biblioteca
em Tomar e que se transformasse
aquele museu no que nunca
chegou a ser, o que é uma pena. O
edifício é lindo, o museu é muito
bonito, mas falta qualquer coisa.
Como é que o seu Pai viu a relação
entre o seu futuro marido
e a Clara?
O meu marido era português mas
não era católico, não tinha religião
nenhuma, entendíamo-nos
todos muito bem. O meu pai não
gostou muito, ele queria que eu
casasse com um judeu. Mas acabou
por vir a dar-se muito bem
com o meu marido.
Onde é que o seu pai queria
que conhecesse um judeu? Na
comunidade?
Pois, possivelmente. Eu não tinha
muita facilidade porque andava
em direito, e no conservatório (a
aprender a tocar violino), de modo
que eu não tinha tempo de
frequentar. Havia aquelas reuniões
que as pessoas iam mas eu
não tinha muito tempo para isso,
tinha de estudar. E depois nunca
calhou encontrar um judeu que
eu gostasse.
Calhou encontrar o meu marido,
com quem me dei sempre muito
bem, o meu pai acabou por gostar
muito dele, mas durante os
primeiros três anos as relações
R O S T O S D O J U D A Í S M O
4 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
Entrevista com
CLARA SCHWARZ
Conduzida por NUNO W. MARTINS
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 5
"Compreendia que
o meu Pai quisesse
que eu casasse
com um Judeu"
Reunião em Tel-Aviv da Liga de Amizade Israel-Portugal, com a presença
de Clara Schwarz, João Schwarz, no passado dia 6 de Novembro
um inquérito divulgado nesta quinta-
feira, um dia antes do décimo
aniversário da sua morte no calendário
gregoriano.
O inquérito sobre o Índice da Democracia
em 2005, realizada pelo
Instituto da Democracia de Israel
(IDI), revela que 84% dos israelitas
considera muito provável que
outro dirigente seja assassinado
por causa do plano de retirada.
Os resultados da inquérito serão
apresentados em reunião promovida
pelo presidente israelita,
Moshe Katsav, que disse nesta
quinta-feira que não permitirá que
seja dado o perdão ao estudante
judeu Yigal Amir, 35, autor dos
dois disparos contra Rabin. As balas
da pistola Beretta perfuraram
o pulmão direito e o baço do líder
político, que morreu no hospital.
O atentado aconteceu logo depois
de comício com aproximadamente
100 mil pessoas, em que Rabin
exortava à paz. O inquérito deste
ano ouviu 2.000 pessoas que foram
consultadas pelo telefone.
A imagem de Rabin entre os israelitas
continua a ser muito
apreciada e neste sentido 79%
dos entrevistados opina que o
governante era uma pessoa de
princípios movida mais pelos interesses
do Estado que pelas
ideias do seu partido.
A inquérito também mostra que
Rabin era considerado um homem
forte, um dirigente fiável e capaz
de conseguir a paz.
3/11/05
(France Presse, em Jerusalém)
da Folha Online - Extrato
Por 27 anos, tenho
sido um soldado.
Enquanto não havia
nenhuma chance
para a paz,
eu combati.
Eu creio que, hoje,
existe uma chance
para a paz,
uma grande chance.
Nós devemos
aproveitá-la,
por todos aqueles
que aqui estão
presentes, e por todos
que estão ausentes,
e eles são numerosos.
I S R A E L E M F O C O
D alia Rabin, filha de Yitzhak
Rabin, primeiro-ministro israelita
assassinado por um extremista
judeu, afirmou nesta quinta-
feira, no primeiro acto para
lembrar o décimo aniversário da
morte de seu pai, que a sociedade
israelita ainda não aprendeu
as lições do passado.
"Estamos conscientes do que
aconteceu? Entendemos? Passouse
uma década (do assassinato de
Rabin), tirámos conclusões, mas
as lições ainda não foram aprendidas",
disse Dalia, representante do
Centro Yitzhak Rabin de Tel Aviv.
A filha do primeiro-ministro israelita
fez essas afirmações numa
cerimónia de Estado na residência
do presidente israelita, Moshe
Katsav, que iniciava uma série de
actos que serão encerrados dia
14, data em que de acordo com o
calendário judaico aconteceu o
assassinato de Rabin.
"Aonde vamos hoje?", perguntou
Dalia ao público presente na
cerimónia, em alusão às sondagens
que indicam que em Israel
poderia acontecer um novo crime
como o de Rabin por causa
da retirada de Gaza.
A maioria dos israelitas considera
possível um novo assassinato em
Israel e acha que Rabin foi o melhor
primeiro-ministro do país, segundo
Filha de Yitzhak Rabin
diz que Israel não aprendeu lições do passado
6 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 7
U m a h o m e n a g e m d a C I L n o
10º ANIVERSÁRIO DA MORTE DE
YITZHAK
RABIN Z´L
(NOV. 1995 - NOV. 2005)
I S R A E L E M F O C O
E nganou-se quem pensou
que pelo facto de Israel ter
desocupado a Faixa de Gaza e a
ter entregue aos palestinianos,
por iniciativa própria e unilateral,
o período que se seguiria
seria de trégua e negociações.
Longe disso!
Com alguma condescendência,
a maioria dos israelianos acabou
por admitir as imagens televisivas
do "dia seguinte" de
algo que mesmo em centenas
de anos de inquisição não houve
nota - hordas populares palestinianas,
endiabradas pela
alegria, incendiaram e destruíram
os edifícios das sinagogas
deixadas em Gaza. Mais difíceis
de admitir foram os sucessivos
bombardeamentos de áreas habitadas
com mísseis oriundos
de Gaza e com a assinatura reconhecida
do Hamas; também
foram encontrados vestígios
destes mísseis, inexactos e de
curto alcance, perto da residência
particular de Sharon. E, como
se não bastasse, após dois
meses de relativa acalmia, um
infame atentado bombista suicida,
perpetrado no final de Outubro
em pleno mercado de Hadera,
uma cidade do norte de
Israel, a mando da Jihad Islâmica,
causou a morte de vários civis
inocentes. Paralelamente,
quiçá sob a pressão daqueles
que se opuseram à desocupação,
o Ministério da Defesa de
Israel quis provar aos líderes
extremistas palestinianos que a
sua vida não passaria a ser "um
mar de rosas" e ordenou às
suas forças inúmeras acções
"pontuais" que resultaram na
prisão e morte de vários elementos
subversivos pre-identificados
e, infelizmente, foram
também atingidos passantes
ocasionais. Para intimidar o Hamas,
Israel deslocou uma unidade
de artilharia pesada para a
sua fronteira com Gaza. E Sharon
já afirmou não tem previstas
mais concessões sem
contrapartidas como a de Gaza
e Abu Mazzen faz o (pouquíssimo)
que pode. Partiu-se um
raio na roda da violência mas
ela continua a girar.
Por falar no Presidente da Autoridade
Palestiniana, este foi em
Outubro aos E.U.A. e, tal como
previsto, regressou a casa com
dois trunfos que são na realidade
uma forma encoberta que a
administração de Bush encontrou
de apoiar a sua reeleição
nas eleições de Janeiro: a recomendação
de que Israel impedisse
a criação de novos colonatos
e, sobretudo, que não se
opusesse à candidatura do Hamas.
Israel manifestou-se
contra a candidatura do Hamas
mas a verdade é que um
simples "fechar de olhos" é irrelevante;
não obstante o risco
para a sua segurança, se Israel
não abrir uma via de Gaza para
Ramallah, como pretende o vice
primeiro-ministro Shimon Peres,
há quem pense que as eleições
não serão verdadeiramente
democráticas.
Em Israel, o Partido Trabalhista
realizará uma convenção em
Novembro para eleger um novo
secretário-geral ou manter Shimon
Peres. Os comentaristas
acusam o partido de ausência
de ideologia e de submissão à
política de Sharon. Será também
principalmente dessa alegação
que Peres terá de se defender
dos outros candidatos.
No seu "um contra todos", o primeiro-
ministro Ariel Sharon sabe
que a maioria dos eleitores o
apoiou na retirada de Gaza mas
os seus grandes opositores, hoje
e nas eleições de 2006 que se
avizinham, não são, curiosamente,
os socialistas, mas sim
grande parte dos seus colegas
de partido e toda a direita. O
primeiro-ministro ganhou em
Setembro numa votação dos
3000 e poucos membros do comité
central do Likud, por apenas
cento e tal votos, contra Uzi
Landau e o ex-ministro das finanças
Benjamin Netaniahu,
que pretendiam antecipar as
eleições internas. Mas o partido
ficou dividido. Hoje, Sharon luta
diária e arduamente nos corredores
do partido e do parlamento
para conseguir aprovar o Orçamento
de Estado e as nomeações
de novos ministros para
substituir os que se demitiram
e, sem sucesso, fazer transparecer
que o Likud ainda é um
partido ideologicamente unido.
Em síntese, esfumou-se a diferença
ideológica dentro e fora
dos dois grandes partidos de Israel
e ganhou suma importância
a personalidade dos líderes. No
entanto, isso não ocorre no que
se refere à extrema direita minoritária,
que inclui alguns religiosos
e ex-colonos de Gaza;
após o choque inicial, uma nova
"ideologia" ganhou forças
acrescidas. Nestes dias em que
lembramos com consternação o
10º aniversário do assassinato
de Isaac Rabin, é também com
tristeza e preocupação verificamos
que palavras como "traidor"
e afins voltam a ser proferidas
por alguns fanáticos, quer
em relação a Arik Sharon, quer
em relação ao falecido Rabin. E
não só: esses elementos pediram
a libertação do assassino
Igal Amir, recusaram-se a dar
boleia a soldados que participaram
no seu despejo de Gaza,
agrediram pelo menos um oficial
superior das forças armadas
e impediram um general
(ele próprio religioso!) de rezar
no Muro das Lamentações.
Foram muitas as mazelas internas
deixadas em Israel pela retirada
de Gaza. Obviamente, há
que distinguir entre a oposição
à política de Ariel Sharon ou de
Shimon Peres, no âmbito de um
"Estado de Israel" democrático,
e as manifestações extremistas
e perigosas daqueles que parecem
querer instaurar dentro dele
um "Estado da Judeia".
Gabriel Steinhardt
8 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 9
O Estado de Israel
e o Estado da Judeia
Oprémio Nobel da Economia
foi atribuído ao Prof. Robert
J. Aumann da Universidade Hebraica
de Jerusalén, conjuntamente
com o Prof. Thomas
Schelling da Universidade de Maryland,
EUA "por haver contribuído
para a compreensão do conflito
e cooperação, através da análise
da Teoría do Jogo."
Segundo a Real Academia Sueca
de Ciências, o Prof. Aumann foi a
primeira pessoa a realizar uma
análise profunda e formal do que
é conhecido como "Jogos Infinitamente
Repetidos." A sua investigação
identificou exactamente
quais são os resultados
que se podem confirmar nas relações
a longo prazo.
A Teoría dos Jogos Repetidos
(Theory of Repeated Games) permite-
nos compreender quais são
os pré-requisitos para a cooperação;
e analisada com maior profundidade,
não só ajuda a explicar
os conflitos económicos como
por exemplo a guerra dos preços,
mas também a compreender por
que algumas comunidades têm
mais êxito que outras ao manejar
uma fonte comum de recursos.
O Prof. Aumann,, que é Professor
Emeritus do Instituto de Matemáticas
e membro do Centro
de Racionalidade e Teoría de Decisão
Interactiva, ambos da Universidad
Hebraica de Jerusalém,
une-se ao grupo de galardoados
com o Prémio Nobel na Universidade
Hebraica nos últimos três
anos, entre os quais se encon-
Odramaturgo britânico Harold
Pinter venceu o Prémio
Nobel da Literatura, tornando-
se o 13o judeu a ganhar
o Nobel nesta categoria,
sucedendo à escritora judia
austríaca Elfriede Jelinek, vencedora
do prémio em 2004.
O prémio Nobel 2005, é um
judeu de 75 anos, nascido no
East End de Londres, numa
família modesta, originária da
Hungria e Polónia. O pai, alfaiate,
e a mãe uma "excelente
cozinheira" sempre apoiaram
o único filho a seguir a
carreira literária.
Em 1939, foi evacuado com 24
rapazes para um castelo em
Cornwall, junto ao mar. Como
explicou mais tarde, nunca viu
mortos, mas a violência da
guerra nunca mais o deixaria
de impressionar.
Mais de 40 anos e dezenas de
peças de teatro depois, Pinter é
hoje considerado "o mais importante
representante da dramaturgia
britânica da segunda
metade do século XX", segundo
a Academia sueca que lhe atribuiu
o prémio. A sua produção
literária é imensa, não só como
dramaturgo (27 peças) que
fundaram o teatro moderno,
mas também como poeta, novelista,
encenador, actor, argumentista
de cinema e televisão
- foi autor dos argumentos de
"O Criado", "Acidente", "A
Amante do Tenente Francês",
"O Mensageiro", "O Grande Magnate",
entre muitos outros - e
activista político. Quando John
Major lhe quis dar título de Sir,
recusou. "Achei que era idiota
ser chamado Sir. Além de que
era um título atribuído pelo Governo,
era um prémio do Governo".
Hoje Pinter afirma
"nestes anos todos não mudei
muito, continuo a ser o mesmo
homem. E não sou sensato,
nunca fui sensato".
Robert Aumann
do Departamento de Economia da Universidade Hebraica de Jerusalém
foi laureado com o Prémio Nobel da Economia 2005
E S P E C I A L
10 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 11
Harold Pinter
Nobel da literatura
tram o Prof. Daniel Kahaneman -
Nobel em Economía 2002, Prof.
Avram Hershko e Prof. Aaron
Ciechanover - Nobel em Química
2004 e Prof. David J. Gross - Nobel
en Física 2004. Previamente
ocupava a Cátedra S.A. Schonbrunn
de Economía Matemática.
Numa conferência de imprensa
em que participaram jornalistas
dos meios internacionais e isaraelitas,
o Presidente da Universidade
Hebraica, Prof. Menachem
Magidor disse "o Prof. Aumann
merecía este prémio há já vários
anos" e o anúncio deste prémio
"é um motivo de orgulho e alegría
para a Universidade, para o Estado
de Israel e para toda a comunidade
académica Israelíta." Por
seu lado, o Prof Aumann enfatizou
que este prémio pela Teoría
do Jogo é uma honra não só para
ele, mas também para todos
aqueles que desempenharam um
papel importante no desenvolvimento
desta área.
Robert J. Aumann nasceu em
Frankfurt, Alemanha em 1930 e
chegou aos Estados Unidos em
1938 com os seus pais e o seu
irmão. Recebeu o seu PhD no Instituto
Tecnológico de Massachussets
(MIT) em 1955, e realizou o
seu trabalho de pós-doutouramento
na Universidade de Princeton,
New Jersey.
Posteriormente emigrou para Israel
em 1957 e desde então tornou-
se catedrático na Universidade
Hebraica de Jerusalém,
chegando ao cargo de Professor
em 1968 e Professor Emeritus
en 2000. Foi Profesor Visitante
em universidades como Princeton,
Yale, Stanford, na Universidade
da Califórnia em Berkeley
e na Universidade de New York,
entre outras. Publicou cerca de
100 artígos científicos e seis livros.
Recebeu o Prémio Israel e
muitas outras honras e é pai de
de 5 filhos, avô de 18 netos e
bisavô de 2.
meras comunidades por todo o
mundo, cujo intuito principal é
vivenciar e comemorar toda a
alegria de um novo ciclo de vida
que chega juntamente com
o novo ano judaico, para além
de ser este, no âmbito religioso,
um sagrado e tradicional
momento de introspecção e
orações. Muita música, dança
de todos os tipos e gostos para
além de um delicioso jantar,
marcaram este evento. Especialmente
marcante foi a primeira
apresentação "oficial"
da Lehakat Hamaccabi - grupo
de danças israelitas do Maccabi
dirigido e coreografado pela
Lilian Prist e que foi homenageado
por Arnaldo Grossman -
Presidente do Maccabi Country
Club. O grupo apresentou 3
belas danças nesta noite que
encantou a todos e deixou certamente
muito orgulhosos vários
papás e mamãs. A festa
seguiu intensamente até de
madrugada e marcou o início
de uma nova e simpática tradição
na nossa CIL.
F oi grande alegria que se
realizou a 1ª edição do
"SHANÁ TOVÁ PARTY", festa
do Ano Judaico da CIL. O evento
foi carinhosamente preparado
e organizado pela CIL e pelo
nosso Maccabi Country Club
que mais uma vez se mostrou
impecável como anfitrião e
realizador de grandes eventos,
o quem tem sido uma constante
desde a sua recente fundação.
Dezenas de pessoas de
todas as idades entre as quais
muito jovens estiveram presentes
a esta festa realizada
também anualmente em inú-
A C O N T E C E U N A C I L
SHANÁ TOVÁ
PARTY 5766
12 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 13
O Director Executivo da CIL -
Marcos Prist - esteve presente
neste tradicional e importante
evento de âmbito mundial
que teve lugar na cidade de Haifa
- Israel entre os dias 19 e 22
de Setembro, com a presença de
cerca de 150 representantes de
vários países e continentes,
entre os quais dirigentes profissionais
e voluntários, e líderes
comunitários. Foi uma importante
oportunidade para intercâmbios
e trocas de experiências
entre os presentes sobre temas
de suma importância para a manutenção
e desenvolvimento das
comunidades judaicas em todo o
mundo. Entre estes temas destacam-
se a actual identidade judaica
na diáspora e a relação
diáspora - Israel; modelos de
Centros Comunitários em Israel
e em vários países, formas de
mobilização e envolvimento dos
jovens em idade universitária e
as dificuldades e caminhos para
o auto-financiamento das Comunidades.
Entre os convidados e
personalidades presentes ao encontro
os destaques ficaram para
o Rabino Michael Malkior (Vice-
Ministro da Sociedade Israelita
e Assuntos da Diáspora), Yona
Yahav (Presidente da Câmara
Municipal de Haifa), Daniel Ben
Simón (Jornalista do Jornal Haaretz
de Israel) e o renomado escritor
Sami Michael.
Chaguei
Tishri
5766
A pós a celebração dos
IAMIM NORAIM (Rosh
Hashaná e Yom Kipur)
que ocorreu mais uma vez
com toda dignidade e com
grande mobilização na
nossa Comunidade, foram
também comemorados
com muita alegria as
outras Festividades do
mês de Tishri, nomeadamente
de Sucot e Simchat
Thorá 5766. Como manda
a tradição todos os dias,
durante o "Chag" as
pessoas participaram
dos serviços religiosos,
visitaram e estiveram
reunidas na nossa Sucá,
mais uma vez carinhosamente
construída neste
ano. Também em Simchat
Thorá dezenas de pessoas
estiveram na nossa
Sinagoga para celebrar
com muita alegria a
realização das "akafot".
O nosso agradecimento
especial e os parabéns ao
Alain Hayat (Coordenador
para assuntos da
Sinagoga), Isaac Assor
(Chazan) e Samuel Levy
(Conselheiro da CIL
para assuntos religiosos)
pela colaboração e
empenho na condução
destes serviços.
Chazak ubaruch !
A C O N T E C E U N A C I L
7ª Conferência Mundial
da Confederação Mundial
de Centros Comunitários Judeus
14 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 15
C a r t a s r e c e b i d a s
A pós ter sido agraciado à já 3 anos, o nosso
amigo Inácio Steinhardt foi finalmente
condecorado pelo embaixador Pedro Nuno Bártolo,
no passado dia 26 de Outubro na residência
do Embaixador em Kfar Shmaryahu - Israel. Na
ocasião foram-lhe impostas as insígnias da Comenda
da Ordem de Mérito. Uma justa homenagem.
Os nossos parabéns!
Inácio Steinhardt
é condecorado
em Israel
16 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 17
O Terramoto de Lisboa
os judeus e a Inquisição
À s 9h20 da manhã de 1 de
Novembro de 1755, há
exactamente 250 anos, Lisboa
era varrida pelo primeiro de
uma série de três violentos abalos
sísmicos. Em breves minutos,
uma das mais belas capitais
europeias ficaria irreconhecível,
irremediavelmente destruída
por um dos mais devastadores
terramotos da História - que,
segundo os geólogos modernos,
terá atingido uma magnitude de
9 na escala de Richter. Entre 60
a 100 mil pessoas perderam a
vida nos escombros (cerca de
metade da população da capital
portuguesa na época). Escassos
quatro meses após o terramoto
de Lisboa, a 11 de Março de
1756, uma quinta-feira (9 de
Adar II de 5516, segundo o calendário
hebraico, cinco dias
antes do festival judaico de Purim),
os governadores da
congregação sefardita portuguesa
e espanhola de Hamburgo
- onde na época residiam cerca
de 350 judeus portugueses - decretam
um dia "jejum geral",
Gravura britânica, publicada em Londres em 1756. O rei português, D. José
I, frente a uma Lisboa em ruínas, pergunta a um padre anglicano quais as
causas do terramoto; o sacerdote protestante mostra-lhe um “auto-da-fé”,
dizendo que “queimar pessoas provoca a ira divina”. (Jan Kozak Collection,
Universidade de Berkeley, Califórnia)
para "orar e suplicar à Divina
majestade". Um panfleto escrito
em espanhol circulou pela cidade,
anunciando um sermão a
cargo do rabino Jacob Bassan
(1704-1769), no qual se lia:
"Horden de Rogativa y Peticion,
para orar y rogar, al Senhor,
para tiempo de teramoto, o
temblor de tierra, y segun se há
oydo, la indignacion de Ds. se
experimentó, em Varios lugares,
y en diferentes partes,
tembló la tierra, por lo que se
ajuntaran los Senhores Parnassim,
y con la aprovacion del Sr.
HH, decretaran um ayuno general,
para jueves, siendo 9 del
mez de Adar segundo deste anho,
para orar e suplicar ala Divina
magestad, por nós y por todo
Israel nuestros Hermanos los
proximos y los remotos, El todo
poderozo apiade sobre nós, y
sobre todos os lugares de nuestras
moradas, y ampare por
nos, Amen.
Composto em Lengua Ebrea, y tradizido
em Lengua Espanhola por el
H.H.R. Jehacob de Abraham Bassan,
rav del K.K. Beth Israel en
Hamburgo. Estampado por orden
de los Senhores Parnassim de dicho
Kahal anno 5516. Estampado
em Hamburgo, em casa de la Viuda
de I.H. [ilegível] Anno 1756."
Rezando pela memória das vítimas
do terramoto de Lisboa, e
pedindo a protecção divina, alguns
dos líderes religiosos dos
judeus portugueses emigrados
em Hamburgo - e também em
Amsterdão - viam na catástrofe
um "castigo divino" que punia
Portugal pelos crimes da Inquisição,
em retribuição pelas suas
inúmeras vítimas (António José
da Silva, dramaturgo conhecido
como O Judeu, por exemplo, fora
executado na fogueira 18 anos
antes do terremoto). A mesma
leitura seria feita na época um
pouco por toda a Europa, onde
teólogos protestantes imputavam
o Grande Terramoto de
Lisboa a uma omnipresente
"mão de Deus" que castigava
os portugueses pela sede sanguinária
e fanática da Inquisição.
Cerca de dois séculos
antes, como testemunhou um
atónito Gil Vicente, um grupo
de frades de Santarém pregava
que o terramoto de 26 de Janeiro
de 1531 fora "um castigo
divino" pela presença dos judeus
em Portugal (que por sinal
estavam no país há mais de
2500 anos…).
Extracto de artigo
de Nuno Guerreio, publicado
no seu Blogue "A Rua da Judiaria"
Esquerda: o panfleto da
sinagoga portuguesa e
espanhola de Hamburgo
anunciando um dia de
jejum e oração em
memória as vítimas do
terramoto de Lisboa
Direita: xilogravura checa
sobre o terramoto de
Lisboa datada de finais
de 1755 (Original do Museu
da Biblioteca Nacional
da República Checa).
C O N T A N D O A N O S S A H I S T Ó R I A
Hoje reside em Jerusalém Oriental.
Foi Landzman quem traduziu as
cartas de Peter para francês, e as
publicou em volume "l'Oiseau n'a
plus d' ailes", que foi também representado
em teatro. O livrinho,
que contem umas 60 cartas, foi
depois traduzido para hebraico em
1978, por Vardi Ben-Yaacov, de
cuja edição me sirvo. Outra boa
fonte de informação é o livro -
"Não foste uma mãe como as outras"
, uma biografia da mãe de
ambos, escrita em alemão pela
meia-irmã, Angelika Schrobsdorff,
O conflito íntimo de Peter começou
já em finais de 1938, quando
tentou saber, pela mãe, notícias
dos avós, e compreendeu que ela
evitava o contacto com eles, com
receio de que isso a comprometesse.
Ela estava casada com um
verdadeiro prussiano e esperava
escapar à sorte dos outros judeus.
Na primeira carta, escrita em Faro,
em 6 de Dezembro de 1938, Peter
manifesta-se muito preocupado
com o que os alemães possam ter
feito à mãe. E aconselha: "Não renegues
o teu judaísmo, nem o judaísmo
dos teus filhos, e não o
condenes. Ele é toda a tua força. Isto
não significa que te devas preparar
para te sacrificar ao martírio,
em nome de Deus. Apenas que
deves amar o que te foi dado como
um título honorífico. Pois é isso que
ele é. Uma dura missão. Não te esqueças
de podes fugir de tudo, mas
nunca poderás fugir de ti própria."
.Informa-se também, em Portugal,
da possibilidade de trazer a
avó para junto dele, uma vez que
o avô, entretanto, faleceu em Berlim.
Disseram-lhe que era impossível.
A avó acabou por ser assassinada
em Terezienstadt em 1943.
Peter não pode suportar o facto da
mãe, que ele adorou sempre, até ao
seu último suspiro, ter abandonado
completamente a avó, pensando
que isso lhe permitiria escapar.
Por isso a sua atitude extrema de
revolta. Dirigiu-se á Comunidade
de Lisboa e pediu para ser circuncidado
e convertido. Fizeramlhe
um inquérito à sua motivação
e acabaram por informa-lo de
que não aceitavam prosélitos.
Foi então que lhe surgiu a ideia
louca do "J" no passaporte. Para
ele, isso torná-lo-ia judeu. Finalmente
acabou por ser chamado
pela PIDE, em meados de Dezembro
de 1939 e esteve preso
em Caxias durante 14 semanas.
Daí escreveu à mãe, que entretanto
se encontrava já, desde Outubro de
1938, em Sofia, na Bulgária, com as
duas filhas. O marido compreendera
que não poderia protege-la
mais, e aconselhou-a a divorciarse
e contrair um casamento fictício
com um cidadão búlgaro, com
quem ele se encontrava em relações
de negócios. Ela chamavase
agora Elizabeth Lingorska.
Peter não revelou à mãe de onde
escrevia, para ela não suspeitar
que ele estava preso.
Ela, porém, foi informada, por casal
judeu, amigo dela, de nome
Wiener. Sem dizer nada ao filho,
mandou dinheiro para Lisboa, e foi
a Dra. Mathilde Bensaude que libertou
o filho e lhe conseguiu,
com o dinheiro da mãe, uma passagem
para Barcelona. Daí seguiu
para Roma e depois para Atenas.
Ainda em Portugal Peter tentara
oferecer-se como voluntário para
o exército inglês. Ele, porém, era
uma alemão, portador apenas de
um passaporte alemão, sem o
"J". Os ingleses não podiam correr
o risco de admitir um espião
nas suas fileiras.
Em Atenas, a comunidade judaica
ajudou-o financeiramente na sua
maior aflição, mas não podiam
ajuda-lo mais, pois ele era, quanto
muito, "meio-judeu".
Conseguiu finalmente alistar-se no
exército francês. Combateu no
norte de África, participou na campanha
da Síria, e as possíveis licenças
ia passa-las em Jerusalém,
na casa de uma senhora judia de
Berlim, de quem eram amigos e
que fora cedo para a Palestina. Foi
ela que manteve a família informada
do que se passava com ele..
Participou do desembarque na Normandia,
e acompanhou as tropas
francesas na libertação do seu país.
O grande desejo dele era entrar em
Berlim com as forças aliadas, saciar
o seu enorme desejo de vingança e
depois abandonar para sempre.
Peter morreu em combate na Alsácia,
a 2 km do Reno, em 7 de Janeiro
de 1945, cinco semanas depois
de ter enviado a última carta.
Inácio Steinhardt
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 19
No dia 15 de Janeiro de 1939,
poucos meses antes de rebentar
a Segunda Grande Guerra,
apresentou-se no Consulado da
Alemanha, em Lisboa, à Rua Joaquim
António de Aguiar, um jovem
alemão, residente em Faro.
Ao funcionário, que o atendeu,
apresentou o seu passaporte
alemão, e com toda a naturalidade,
pediu que lhe apusessem no mesmo
o carimbo com a letra "J", que o
regime nazista tinha mandado apor
nos passaportes de todos os seus
disse cidadãos de religião judaica.
O funcionário do Reich teve dificuldade
em compreender. "O
senhor é judeu?"
Não sou, mas vou me converter
e, por isso, quero que se cumpra
a lei, que me diferencia de todos
os outros alemães.
Disse chamar-se Peter Schwiefert,
de 22 anos, natural de Berlim,
cristão baptizado, a residir em Faro
há poucos meses, sozinho, e trabalhar
numa fábrica de conservas.
"Se nós lhe carimbarmos o "J" no
passaporte, teremos também que
acrescentar-lhe o sobrenome de 'Israel'
e o senhor nunca mais poderá
entrar na Alemanha. Talvez venha
mesmo a perder a nacionalidade".
Perante a insistência do jovem, o
funcionário convenceu-se de que
estava perante um caso de grande
perturbação mental. Tentou afasta-
lo da ideia. Explicou-lhe que ele
teria que fazer um requerimento,
que o mesmo teria que ser enviado
para Berlim, que a resposta poderia
levar algum tempo a chegar...
Sem hesitar, Peter pediu uma folha
de papel, e ali mesmo escreveu
e entregou o requerimento
para ser considerado judeu. Nunca
recebeu resposta.
Dias depois, escreveu ao pai, o
dramaturgo Fritz Schwiefert, prevenindo-
o para que preparasse para
responder a perguntas, que
eventualmente lhe poderiam ser
feitas. Acrescentou que se considerava
desligado de quaisquer obrigações
para com o estado alemão,
incluindo as de serviço militar.
Foi, de facto, uma atitude de
contestação, levada ao extremo
pelo desespero.A história da curta
e dramática vida Peter Schwiefert
daria um apaixonante romance
de muitas páginas. Aqui deixarei
apenas alguns apontamentos,
que alguns leitores do "Tikva" talvez
ainda possam reconhecer.
A mãe de Peter, Else Kirchener,
era judia, filha de comerciantes
com bons meios de fortuna, liberais,
mas muito ligados às tradições
judaicas. Esteve para casar
com um homem de negócios judeu
e rico, quando conheceu o
poeta Fritz Schwiefert, que a encantou
pela sua indiferença pelos
assuntos práticos, pela sua vasta
cultura e pela sua poesia. Abandonou
o homem de negócios, fugiu
de casa e casou com Schwiefert.
Os pais não aceitaram a sua fuga e
o seu casamento com um "goi",
poeta e sem um tostão. Fecharam-
lhe a porta de casa e não a
ajudaram com dinheiro. Com o
nascimento de Peter as coisas mudaram
e fizeram as pazes.
Peter, ainda bebé, começou a passar
algum tempo com os avós e
correspondia com muito amor ao
carinho que eles lhe dispensavam.
As relações entre os pais cedo se
deterioram e eles passaram a fazer
juntos vidas separadas.
Elsa teve uma filha, de outro homem,
Betina. Acabou por se divorciar
e voltou a casar com Erich
Schrobsdorff, filho de uma família
de nobres prussianos, ligados por
interesses financeiros e ideológicos
ao novo regime da Alemanha.
Nunca aceitaram bem o casamento
do filho com uma judia.
Também deste casamento nasceu
uma filha, Angelika.
Peter sempre gostou muito das
irmãs, e tinha uma paixão, quase
freudiana, pela mãe. Mas a vida em
casa dela tornou-se-lhe insuportável.
Em Outubro de 1938 decidiu tornar-
se independente e viajar para
Portugal, na intenção de continuar,
quando pudesse, para a
América do Sul.
Não tinha profissão, nem dinheiro.
O pai e o padrasto recusaram
qualquer apoio financeiro, para o
castigar pelas suas loucuras.
Instalou-se em Faro, numa pensão
familiar, da senhora Rosário, que o
tratava com o carinho e a hospitalidade
que caracteriza o povo português.
Começou por dar lições de alemão,
depois arranjou autorização de trabalho
e um emprego como correspondente
numa fábrica de conservas.
As cartas que Peter escreveu para a
mãe, primeiro do Algarve, e depois
dos vários países, por onde foi forçado
a deambular, foram todo o
espólio que dele ficou, nas mãos da
irmã, Angelika Schrobsdorff, hoje
escritora conhecida, e que em 1960
"descobriu" Israel. Casou, na década
de 70, com o famoso cineasta
judeu francês Claude Lanzman e viveu
com ele em Paris e Munique,
até que se separaram e ela se mudou
em 1983 para Israel..
C O N T A N D O A N O S S A H I S T Ó R I A
18 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
A Letra “J”
" KRISTALLNACHT
- A NOITE DE CRISTAL"
(1938-2005)
Kristallnacht, a Noite de Cristal, ou O Pogrom
de Novembro, marcou o início da
marcha macabra para uma das páginas
mais negras da História da humanidade.
Nas noites de 9 e 10 de Novembro de
1938, numa manobra cuidadosamente orquestrada
por Joseph Goebbels - o chefe
da propaganda nazi -, por toda a Alemanha
e nos recém conquistados territórios da
Áustria e Sudetenland (Checoslováquia),
as populações judaicas foram vítimas de
atentados e ataques continuados nas
ruas, em suas casas e nas sinagogas, naquele
que seria o maior pogrom da história.
Pogromnacht. Pelo menos uma centena
de judeus foram assassinados e largas
centenas ficaram feridos; cerca de duas
mil sinagogas foram incendiadas; perto de
8 mil lojas e escritórios propriedade de judeus
foram pilhados e destruídos; cemitérios
e escolas judaicas foram vandalizados;
mais de 30 mil judeus foram presos e
enviados para campos de concentração.
Para os judeus alemães as restrições haviam
começado muito antes da Kristallnacht
e leis e medidas anti-judaicas eram
já aplicadas há vários meses. Entre as numerosas
directivas, os cidadãos judeus
eram obrigados a declarar todos os seus
bens; as suas empresas e pequenas lojas
tinham de ser registadas e expressamente
sinalizadas; os inquilinos judeus perderam
todos os seus direitos legais; médicos,
advogados e professores judeus foram
proibidos de exercer as suas profissões.
Todos os judeus alemães passaram
também a ser obrigados a possuir um
passaporte especial, marcado com um "J",
e um nome próprio foi acrescentado a cada
judeu: "Israel", para os homens; "Sarah",
para as mulheres. Kristallnacht, fora
"uma bofetada no rosto da Humanidade",
como lhe chamou Elie Wiesel. Mas o mundo
ignorou os sinais e voltou a face. O Holocausto
(shoá) estava à porta.
Em memória desta data publicamos
este texto de Inácio Steinhardt.
L i v r o s
O Mercador Português | David Liss
Editora Saída de emergência
Depois do Sucesso de A
Conspiração de Papel, David
Liss volta a recuar no
tempo para um momento
chave na História: a Amesterdão
de 1659, capital do
comércio europeu, onde a
perfídia impera e até os
melhores amigos têm segredos.
Na primeira bolsa
de valores do mundo, as fortunas são ganhas
e perdidas num instante, e Miguel Lourenço,
um judeu que fugiu de Lisboa devido
à Inquisição, sabe-o melhor que ninguém.
Outrora um dos comerciantes mais invejados
da cidade, Miguel perdeu tudo numa súbita
desvalorização do açúcar. Agora, empobrecido,
humilhado e a viver da caridade de um
irmão mesquinho, precisa urgentemente de
encontrar uma forma de recuperar a fortuna
e reputação. (…)
A última Tribo | Eliette Abécassis
Editora Livros do Brasil
A Última Tribo retoma as
aventuras do jovem judeu
ortodoxo Ary Cohen, que o
leitor já encontrou no romance
anterior de Eliette
Abécassis, O Tesouro do
Templo, recentemente publicado
com grande sucesso
pela Livros do Brasil.
Com uma acção trepidante,
e inúmeros efeitos de surpresa, A Última
Tribo é já considerado um dos melhores romances
de sempre de Eliette Abecassis.
Rousseau e outros cinco
inimigos da liberdade | Isaiah Berlin
Editora Gradiva
É uma das primeiras e mais
convincentes exposições das
ideias de Isaiah Berlin sobre
a liberdade humana e a história
das ideias. Estas encontraram
mais tarde expressão
em obras tão famosas como
Dois Conceitos de Liberdade
e estiveram no cerne do trabalho
que desenvolveu ao longo de toda a sua
vida sobre o Iluminismo e os seus críticos.
Suite Francesa | Iréne Nemirovski
Dom Quixote
Os emigrantes | W. G. Sebald
Teorema
O mundo é plano | Thomas Friedman
Actual Editores
R E L I G I Ã O
20 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 21
“De acordo com a Halakhá (a Lei Judaica), o arrependimento,
a providência e a profecia expressam
a missão de criar. No Talmude, está
escrito que ser judeu é mais uma acção do que
uma crença, é mais fazer pelos outros do que
ter fé. Modelo de homem judeu, de bondade,
de humanidade, de justiça e de tolerância, o rabino
Abraham Assor, sempre dedicado à sua
comunidade, construiu um exemplo.Deus permita
que o saibamos lembrar.”
Joshua Ruah,
ex-presidente da comunidade judaica de Lisboa
Sivan 5760 (Junho de 2000)
Fonte: Blog de Nuno Guerreiro - Rua da Judiaria
Após 2 anos de trabalho na
nossa Comunidade Israelita
de Lisboa, o nosso querido
Rabino Boaz Pash regressou
no final do mês de Setembro
à sua casa no Mitzpe Iericho
em Israel, juntamante
com a sua esposa Sara Pash
e filhos. Desejamos a todos
muito sucesso no seguimento
das vossas vidas!
Toda Rabá! Be atslachá
rabá ! De certeza o nosso
Rabino deixará saudades
por sua alegria, carinho e
humanidade.
Em Saudosa Memória
Rabino
Abraham Assor Z´L
(Tânger, 7 de Setembro de 1920
- Lisboa 15 de Outubro de 1993)
fotografado por Yale Strom.
Rabino Boaz
regressa a Israel
A S N O S S A S S U G E S T Õ E S
REPÚBLICA PORTUGUESA
COMISSÃO DA LIBERDADE RELIGIOSA
I Colóquio
A Religião no Estado Democrático
Lisboa, 25 - 26 Novembro 2005
ORGANIZAÇÃO
Comissão da Liberdade Religiosa
Comissão organizadora
Esther Mucznik
Fernando Soares Loja
Manuel Saturino C. Gomes
Local do Colóquio
Centro Ismaili - Av. Lusíada - Lisboa
Secretariado e Informações
Comissão da Liberdade Religiosa
Rua Augusta, nº 118-3º 1100-054 LISBOA - PORTUGAL
Telefone: 351 21 324 23 43 | Fax: 351 21 324 23 41
Email: clr@clr.mj.pt
ENTRADA LIVRE
com apresença de Stephan Kramer,
Secretário Geral do Conselho Central
das Comunidades Judaicas da Alemanha
A CIL NA TV
RTP 2
30 Novembro - Quarta-feira - 18h00
Fé dos Homens
"O Museu Judaico de Belmonte"
Visita organizada pela APEJ
Eventual mudança no horário da emissão
é de total responsabilidade da emissora.
Participe nos Serviços Religiosos da nossa Comunidade
Venha e traga toda a sua família !
6ªs feiras às 20h00 / Sábados às 9h00
Grupo de Estudos sobre a Parashá da semana
Todas as 6ªs feiras às 19 horas na Sinagoga. Aberto a todos.
Coordenação: Alain Hayat
Prezados Leitores e Assinantes lembramos que desde a edição de nº 52,
o nosso Boletim Tikvá passou a ser publicado com peridiocidade bimestral
U ma casa pertencente à Misericórdia do Porto, e
situada na Rua de S. Miguel n.º 9, poderá ter
sido a sinagoga da judiaria do Olival, a que se referem
os documentos históricos da época.
O prédio foi doado pela Misericórdia ao abade local,
para o estabelecimento de um lar diurno para
a terceira idade.
No decorrer das obras de adaptação, foi desentaipado,
na parede oriental (voltada para Jerusalém), do
andar térreo, um nicho que, segundo os especialistas,
tem todo o aspecto de ter sido um "Ehal", arca
santa onde os judeus guardam os pergaminhos da
Lei, ou Sefer Torah.
A Judiaria do Olival foi estabelecida, em princípios do
século XV, a pedido do rei D. João I, quando o espaço
ocupado pelos judeus em Miragaia se tornou insuficiente
para a sua crescente expansão demográfica.
Segundo Germano Silva, a Câmara designou então
para judiaria o sítio chamado das Courelas, em terreno
do Olival, dentro das portas da cidade, numa
área que abrangia a rua, que então se chamava de
S. Miguel (e na qual viriam a situar-se posteriormente
duas ruas: S. Miguel e da Vitória,Taipas, Belo-
Monte e Escadas da Vitória.
Em 1491, nas vésperas da expulsão dos judeus de
Castela, veio a Portugal o famoso rabino Isaac
Aboab, que ficou conhecido na história como o último
Gaon (sábio) de Castela.
Aboab veio negociar com a coroa portuguesa o estabelecimento
em Portugal daqueles judeus de Castela,
que pretendessem encontrar aqui asilo temporário,
na esperança de que a decisão dos reis
católicos, Fernando e Isabel fosse reversível.
De entre os refugiados autorizados a entrar em Portugal
- mediante o pagamento de um imposto por
cabeça - distinguiram-se 30 famílias, entre as quais
a do rabino Isaac Aboab, a quem foram atribuídas
casas para habitação na judiaria do Olival, no Porto.
O rabino viria a falecer em 1493, e já não testemunhou
a conversão forçada de todos os judeus
de Portugal, em 1497.
Na cidade cabalística de Safed, em Israel, existe uma
sinagoga medieval, que tem o nome de Aboab, e no
qual se conserva um Sefer Torah, cujo pergaminho,
segundo a tradição, foi manuscrito pelo famoso Gaon
de Castela.Foi da Judiaria do Olival que os judeus de
1497 foram levados à força para o "baptismo de pé".
Abraham Aboab, filho do rabino, tomou o nome
cristão de Duarte Dias, e o filho deste, Isaac Aboab
também, chamou-se Henrique Gomes.
O bisneto, Immanuel Aboab, cujo nome de cristão
não é conhecido, nasceu em 1556, no Porto, e faleceu
em 1628, em Veneza, onde regressou ao judaísmo
dos seus antepassados.
Immanuel Aboab deixou uma obra de grande va-
DESCOBERTA ANTIGA
SINAGOGA DO PORTO
22 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 23
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Página Inteira 6 17 x 25 cm 4X0 (colorido) 1.200,00 €
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Anúncio Padrão 6 16 x 4 cm 4X0 (colorido) 400,00 €
lor para a história judaica: "Nomologia
o Discursos Legales",
em espanhol.
Nessa obra, Immanuel Aboab
relata o estabelecimento do seu
bisavô e restantes famílias no
bairro do Olival, no centro do
qual havia uma sinagoga, que
ele ainda se lembrava de ter visto
em criança.
Isto significa que a sinagoga do
Olival, ainda que fechada ao culto
judaico em 1497, continuou a
existir como edifício durante parte
do século XVI, tendo provavelmente
sido sujeito a obras, que
modernizaram o seu estilo.
Foi comum, nessa época da história, as sinagogas
serem adaptadas a igrejas cristãs, como foi o caso
da sinagoga grande de Lisboa, que se tornou
na Igreja da Conceição Velha, destruída pelo terramoto
de 1755. No antigo bairro do Olival foi
contruído em 1598 o Mosteiro de S. Bento da
Vitória, depois igreja do mesmo nome. Mais tarde
criou-se o mito de que a igreja estaria situada
sobre o lugar da sinagoga, e
que o seu nome derivaria da
"vitória" da religião de Cristo
sobre a Lei de Moisés.
Nas traseiras da casa, onde agora
se desentaipou a "Arca Santa"
dos judeus, vem desembocar a
escadaria, a que ainda hoje se
chama "Escadinhas da Esnoga",
a palavra que na época designava
a sinagoga.
A confirmar-se a autenticidade
do achado, ficar-se-à a saber que
a sinagoga não se encontrava onde
foi construído o mosteiro, mas
sim nas suas proximidades.
Na mesma Rua da Vitória, bem perto do suposto lugar
da velha sinagoga, situa-se a casa onde tradicionalmente
nasceu e viveu Gabriel da Costa, o
cristão-novo, que viria a chamar-se, na Holanda,
como judeu, Uriel da Costa (1585-1640).
Sua história foi contada num romance de Agustina
Bessa Luís, "Um Bicho da Terra".
IKS
E S P A Ç O A B E R T O
Actividades Sociais e Culturais
Movimento Juvenil Dor Chadash de Lisboa - Ano IV
A cada semana um novo participante! Mais de 80 jovens já participam. Agora só falta você !!
Actividades todos os domingos, das 15h00 às 18h00 no Maccabi Country Club
Jovens e crianças a partir de 03 anos | Participação: 5 € por semana
Descontos especiais na compra de senhas antecipadas
Coral Etz Chaim - Ano III Coral Musical representativo da CIL
Para adultos entre os 20 e os 60 anos
Encontros semanais - às 3 ª s e 5ªs feiras, das 19:30 às 21:00 - Monte Olivete
Participação: 5€ por encontro | Inscreva-se já!
UPEJ - União Portuguesa de Estudantes Judeus
Super actividades mensais para jovens entre os 18 e 30 anos
MACCABI COUNTRY CLUB FAÇA JÁ A SUA INSCRIÇÃO !
3ª a 6ª Feira - Das 9h00 às 17h00
Tel: 21 9111188 - Tratar com Rosina | macabi@cilisboa.org | www.cilisboa.org/documents/maccabi/FichaMembro
LEHAKAT HAMACCABI GRUPO DE DANÇA ISRAELI
NÃO PERCAM ! TODOS OS DOMINGOS DAS 12H00 ÀS 13H30 - NO MACCABI
JOVENS DOS 12 AOS 15 ANOS
Mais informações e inscrições através da nossa secretaria !!!
Participe nas actividades e eventos da nossa Comunidade, pois a nossa Comunidade é você !!
A S N O S S A S A C T I V I D A D E S
24 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
Grupo Guil Hazaav - Ano III (Idade de Ouro)
Não perca mais tempo ! Venha participar connosco !
Actividades Especiais Permanente (música, ginástica, palestras, passeios ...)
Para adultos a partir dos 60 anos | Encontros semanais às 4ªs feiras, das 15h30 às 17h00 horas
Sede no Monte Olivete | Participação: 5,00 €
Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro 25
O Maccabi
Informa
os sócios
Almoço aos Domingos
Todos os Domingos há almoço
no clube, sempre a partir
das 12h30.
Aula de Dança Israeli
LEHAKAT HAMACCABI
Já iniciaram os ensaios
de Dança Israeli dirigidos
pela Lilian Prist para
os jovens dos 12 aos 25
anos- Todos os Domingos -
das 12 às 13:30 horas.
Não é preciso inscrever-se.
As aulas são gratuitas.
A g e n d a
Domingo, 6 de Novembro
Maccabi Shuk Bazar
Com entrada livre. Artigos para
casa, perfumaria, roupas, relógios
e bijouterias. Produtos de
marca com preços tentadores.
Não perca!
Domingo, 13 de Novembro
Palestra com José
Rodrigues dos Santos
Seguida de uma tarde
de autógrafos do autor do
livro, recorde de vendas,
"O Codex 632".
25, 26 e 27 de Novembro
Grande Encontro Maccabi
Portugal e Maccabi Madrid.
Um super intercâmbio
comunitário cultural, social
e desportivo entre jovens
dos 9 aos 13 anos da nossa
CIL e da Comunidade Judaica
de Madrid !
Informações: 21 911 11 88
O Maccabé a sua cais a!
Shabat especial
O jantar de despedida de Boaz Pash no
Maccabi, no dia 16 de Setembro, foi
marcado por muitas novidades. Pela primeira
vez desde que chegou em Portugal,
o Rabino concordou em realizar o
Shabat no clube. Mais de quarenta pessoas
participaram no serviço religioso.
Em seguida, foi servido um jantar que
reuniu sessenta e cinco membros da nossa comunidade, um número recorde
na história do Maccabi. Sônia Bernfeld entregou uma lembrança ao Rabino
Boaz em nome da direcção do clube e alguns discursos foram proferidos em sua
homenagem. Para não fugir à tradição, o Rabino pediu a ajuda dos presentes e
todos juntos cantaram canções tradicionais de Shabat. Houve também a participação
especial de Guilherme Grossman que explicou a Parashá da semana.
Shaná Tová Party - Festa de Rosh Hashana
A CIL esteve reunida na sede do Maccabi
no passado dia 8 de Outubro para uma
mistura de uma tradicional festa judaica e
a alegria de uma autêntica noite de reveillon,
com direito até a "fogos de artifício
virtuais" no ecrã do salão principal. A grande
quantidade de participantes obrigou a
organização a colocar as mesas espalhadas pela casa, o que tornou o ambiente
ainda mais descontraído. A Lehakat Hamaccabi
(grupo de dança israelita) coordenado
pela Lilian Prist fez a sua primeira apresentação,
com destaque para a bela participação de
todo o grupo que não se intimidou diante do
público. Todos os presentes entraram no ritmo
da festa e dançaram até a madrugada.
(Veja mais fotos desta festa em http://www.cilisboa.org/activities.htm)
Dr. Joshua Ruah aborda tema polémico
Discutir questões como aborto, inseminação artificial e
contracepção assusta muita gente. Há quem prefira
deixar estes assuntos de lado. Não foi o caso do Dr. Joshua
Ruah que esteve no Maccabi no dia 2 de Outubro
para falar sobre estes temas. Entre outras coisas, ele explicou
e surpreendeu uma plateia atenta e curiosa, em
quais casos o judaísmo permite realizar o aborto. O Dr.
Ruah falou também sobre as situações em que os
contraceptivos são proibidos e em
quais são aceites. Muitas dúvidas surgiram entretanto
quando o orador abordou a questão da inseminação artificial.
A complexidade do tema fez com que alguns
dos presentes solicitassem uma segunda oportunidade
para continuar a ouvir as explicações do médico. A sugestão
foi anotada pelos organizadores. Portanto,
aguardem…
Uma regra e dois propósitos
Nos últimos dois domingos de Outubro, sócias do Maccabi
reuniram-se para criar e produzir peças artesanais, que
serão vendidas no shuk (bazar) a ser realizado pelo clube.
Todas as "obras de arte" foram feitas seguindo uma única
regra: as peças deveriam ter motivos judaicos. O "workshop"
serviu para dois propósitos: criar peças (que seriam
vendidas com o intuito de arrecadar fundos para o
clube) e, ao mesmo tempo, reunir as amigas numa
tarde de diversão e criatividade.
3º Encontro de Jovens
CIL - CJM
De 8 a 11 de Dezembro
em Madrid
Para jovens dos 13 aos 18 anos
Não Perca !
GRANDE ENCONTRO
MACCABI MACCABI
LISBOA MADRID
Dias 25,26,27 de Novembro em Lisboa ~ Para crianças dos 9 aos 13 anos
Cabalat Shabat Especial Actividades integrativas Competição Desportiva (Futebol/Hóquei)
N O V E M B R O / D E Z E M B R O
H O M E N A G E N S
Participe nestas homenagens. Actualize os seus registos junto da nossa secretaria através do tel. 21 393 1130
de 2ª a 5ª feira - das 14h00 às 17h00 | administrativo@cilisboa.org
26 Tikvá 55 • Outubro/Novembro/Dezembro
ANIVERSÁRIOS
SETEMBRO
Victor Blumenfeld 04
Maurice Mayper 06
Valerie Brodheim 06
Michel Kopejka 08
Joshua Gabriel Ruah 08
Gal Yarkoni 09
Daniel Beckerman 09
Josée Bollack 11
Emilia Ettner 11
Charles Sammartano 13
Tomás Ayash 20
Charles Arié 20
David Katz 22
Eduardo Ruah 25
David Yarkoni 27
Jens Classen 28
Samuel Ruah 29
Gabriel Pihas 30
Alexandre Arié 30
OUTUBRO
Andrea Classen 02
Henrique Ettner 02
Abraham Sorin Cowl 03
Marcos B. Zagury 05
Inacio Steinhardt 05
Alberto Fresco Marques 06
Sofia Gabriel Khaski 06
Clara Cohen Morão 08
John Blumenfeld 10
Esther Atzmon 11
Daniel Ayash 11
Judith Shap Pinto 13
Eva Mayer Raposo 17
José Salomão Ruah 22
Susana Ruah Arié 23
Monique F.Schwartz Bento 24
Ana Arié 26
NOVEMBRO
Edgar Loewenthal 03
Moriel Levy 07
Salomão Rosenfeld 07
Beila Leia Szary 11
Edith Foerster 14
René Arié 14
Álvaro Leon Cassuto 17
Clara Bensimon Hayat 17
Andréia Fernandes Teruszkin 18
Toni Ruah 19
Alexandre Brodheim 19
Eva Ettner 19
Ester Bekerman N. Carneiro 21
Mark Robertson 21
Vera Goldschmidt Ferreira 21
Vera Broder Koshet 25
Martha Steinhardt 25
Vera Curiel 27
José Salvado 28
Jeremy D. Yarnell Aboab-Leidstar 29
Gabriel Steinhardt 29
Mazal Tov !!
Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos !
BAT - MITZVOT
As nossas queridas Reina Assor e Raquel Arié realizaram
juntas as suas Bat-Mitzvot, na nossa Sinagoga no passado
dia 1 de Outubro / 27 de Elul de 5765 com o Rabino Boaz Pash,
na presença de seus pais, Manuela e Issac Assor e Susana
e Renato Arié, bem como de vários familiares e amigos.
Mazal Tov !!
Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos!
N A H A L O T
ELUL
Sábado 19/11 Mercedes Ayash 17
Henri Sorin Valerio 17
Bella Bensimon Cardona 19
Sofia Muginstein Azancot 19
Isaac Joanes 19
Nadia Spiegel 20
Ester Benoliel 20
Máximo Dário Becker Weinberg 22
Carlos Ergas 22
Abraham Israel 23
Eugénia Weiss 23
Sábado 26/11 Margarete Coenca 24
Max Nahmann 24
Ajzik Katzan 25
Raquel Querub 27
Raquel Jablonski 27
Srul Finkelstein 27
Miriam Levy 28
Ruben Azavey Azancot 29
KISLEV
Goldina Taranto 1
Sábado 03/12 Godoricha Mode Botelho 2
Berthold Singer 3
Magda Buzaglo 4
Vittoria Maissa 4
Anna Roffe Levy 4
Ruben Bak Gordon 5
Fortunata Esaguy Manaças 5
Salomão Levy Jr 7
Sábado 10/12 Moisés Lev 9
Asher Peles 9
Mecia Azriel 10
Micael Uzzan 10
Aló Levy 11
Messoda B.Esaguy 12
Yolande Cohen 12
Mery Tangi Israel 13
Matilde Presente Spieguel 14
Pinhas Segal Levy Bem Haim 14
Ida Helena Aberlé 14
Oswald Levy 14
Sábado 17/12 Joshua Amram 16
Erika Draiblate 17
Simy Azavey Azancot 17
Helena Kaezar 17
Menahem Adrahi 17
Joachim Draiblate 18
Shlomo Bekerman 18
Fraim Adrahi 19
Paulo Cymerman 19
Szindla Goldrajch 20
Simy Benzmien Barreiros 20
Maximiliano Bachman 21
José Tuati 21
Isaac Marques 21
Mazaltob David 22
Sábado 24/12 Alegria Obadia 23
Clementino Benoliel de Carvalho 25
Jacob M. Sequerra 27
Raquel Toledano 27
Myriam Fresco dos Santos 27
Theodor Richheimer 28
Lúcia Terlo 29
Sábado 31/12 Margot Berkowitz 30 Kislev
TEVET
Mordehai Audaj 2
António Monteiro Azancot 2
Raquel Tangi Bitton 3
George Herzfeld 3
Elias Isaac Tuati 5
Branca Azancot Bensimon 5
TEVET
Ilse Maria Friman Loewenthal 6
Sábado 07/01 Moisés Libermann 7
Abrahão Obadia 8
Harry Bendit 9
Branca Araújo 9
Hilda Benatar 9
Samuel Marques 11
Alfonso Cassuto 11
Menasse Bensimon 12
Moisés Cagi Ruah 12
Abraham Bensimon 12
Adolfo Stieglitz 12
Jacob Adrahi 13
Mazal Tov !!
Os nossos parabéns e os votos
de muitas felicidades a todos !
TIKVÁ
Envie os seus textos e sugestões para TIKVÁ até ao dia 30 de cada mês.
Rua do Monte Olivete, 16 r/c. esq. 1200-280 Lisboa | e-mail:tikvá@cilisboa.org
A quem se dirigir
Horário de funcionamento da Secretaria
Segunda a Quinta-feira, das 9h00 às 17h30
Sexta-feira e vésperas de festas judaicas, das 9h00 às 13h00
Horário de almoço
das 13h00 às 14h00
Atendimento ao público
Segunda a Quinta-feira, das 13h00 às 17h30
Os espaços para reuniões devem ser agendados
com aviso prévio, mínimo de 48 horas
Tesouraria
Maria João Geraldes
tesouraria@cilisboa.org
Telf. 213 931 134
Atendimento de Segunda a Quinta-feira, das 10h00 às 13h00
Telf. 213 931 130 | Fax 213 931 139
Director Executivo
Marcos Prist
director@cilisboa.org
Movimento Juvenil Dor Chadash
dorchadash@cilisboa.org
Rabino
Boaz Pash
rabino@cilisboa.org
esnoga@cilisboa.org
Secretária
Estrella Assayag
administrativo@cilisboa.org
Visite o nosso site: www.cilisboa.org
Direcção
Presidente Jose Oulman Carp
Vice-Presidente Esther Mucznik
Vice-Presidente Ronald Brodheim
Tesoureiro José Salomão Ruah
Secretário Eva Ettner
Vogal efectivo Clara K. Cassuto
Vogal efectivo Charles Arie
Vogal efectivo Sonia Hulli Bernfeld
Vogal efectivo Arnaldo Grossman
Vogal Suplente Salomão Kolinski
Vogal Suplente Vera G. Ferreira
Assembleia Geral
Presidente Moisés Bendrao Ayash
Vice-Presidente Mordechai Atsmon
1º Secretário Nuno Wahnon Martins
2º Secretário Diana Ettner
Conselho Fiscal
Presidente Samuel Tuati
Vogal Efectivo David Bentes Ruah
Vogal Suplente Guilherme Grossman
Presidente Honorário
Dr. Samuel Ruah